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Radar do fogo

Projeto de Sinop desperta interesse de pesquisador da NASA

Físico nuclear que desenvolve modelos para NASA é o novo colaborador do projeto de prevenção as queimadas

Geral | 30 de Abril de 2021 as 11h 42min
Fonte: Jamerson Miléski

Hélio Takai, pós-doutor em Física Nuclear e Reitor da Pratt Institute

O projeto concebido em Sinop para propor uma forma eficaz de prevenir os incêndios florestais no Pantanal acaba de receber a atenção da mais famosa agência espacial de pesquisas. Hélio Takai, físico nuclear e reitor da Pratt Institute – instituição que desenvolve projetos em colaboração com a NASA – declarou interesse em participar da pesquisa e desenvolvimento do “Radar do Fogo”.

O projeto é desenvolvido pela AMEA (Associação Mato-Grossense de Educação Ambiental), que tem sua sede em Sinop. A proposta se resume a instalação de dispositivos de monitoramento capazes de detectar focos de incêndio. Esses aparelhos criariam uma rede de informações capaz de mapear as alterações climáticas e apontar, em tempo real, princípios de incêndio, mesmo nas regiões mais longínquas do Pantanal Mato-grossense.

A adesão de Hélio Takai e da Pratt Institute ao projeto foi concretizada na madrugada desta quinta-feira (29). Em resposta ao ofício da presidente da AMEA, Agnéia Lopes de Siqueira, Takai declarou apoio formal à iniciativa da AMEA. “Como um indivíduo com mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de pesquisas científicas e desenvolvimento de tecnologia para física nuclear e de alta energia cósmica, detecção de raios e detecção de relâmpagos, minha contribuição poderia ser auxiliando os investigadores na concepção e implementação da instrumentação necessária para atingir os objetivos científicos e tecnológicos. Estou ansioso para uma discussão mais aprofundada sobre este projeto e feliz por estar envolvido”, declarou o reitor do Instituto.

Como muitos “sinopenses”, Takai nasceu em Maringá, no interior do Paraná. Atualmente é considerado uma das mentes mais importantes na pesquisa científica, no que tange a física nuclear. O pós-doutor participou da descoberta do Bóson de Higgs – uma partícula elementar, essencial para explicar a origem da massa nos eventos que remontam o surgimento do universo.

Já o Pratt Institute, reitorado por Takai, é uma escola de arte e design reconhecida internacionalmente. A instituição desenvolve projetos de habitats para o ambiente espacial em colaboração com a NASA. A escola é dedicada a produzi modelos que respeitem o meio ambiente e sustentabilidade. “Este projeto [da AMEA] certamente trará novos horizontes para nossos alunos explorarem e compreenderem a interação entre a natureza e seu uso sustentável”, comentou Takai.

Essa não é a primeira colaboração internacional que o projeto da AMEA recebe. A Universidade de Pepperdine (Califórnia-Estados Unidos), incluiu a iniciativa entre seus interesses de pesquisa. O “Radar do Fogo” também teve o apoio do México, Namíbia e Quênia, através da IC4 (Comunidade Internacional para a Criação de Conteúdo Colaborativo).

Apoio político

Enquanto cientistas de diferentes nações se empolgam com a proposta nascida em solo sinopense para cuidar do Pantanal, dentro da sua casa a AMEA enfrenta obstáculos. A classe política – e por consequência o setor público, financiador natural desse tipo de projeto – não aderiu ao Radar do Fogo como mesmo entusiasmo.

Até o momento, o apoio da prefeitura à AMEA se resume a cedência de um funcionário, que trabalha no projeto.

O segundo apoio político vem do deputado estadual, Dilmar Dalbosco. O parlamentar encaminhou o projeto da AMEA para Assembleia Legislativa de Mato Grosso, obtendo a aprovação no dia 14 de abril. A matéria foi encaminhada ao Governador do Estado, Mauro Mendes, para viabilização de recursos para que o projeto seja realmente implantado. A entidade aguarda uma posição.

“Para que o projeto seja implantado ainda este ano, é necessário que o valor para implantação seja disponibilizado, em curto espaço de tempo. Os dispositivos levam um certo prazo para serem produzidos e, considerando o período de estiagem, os dispositivos precisam estar instalados já no mês de julho do corrente ano”, explicou a presidente da AMEA, Agnéia Siqueira.

Para viabilizar o projeto a associação busca um aporte de R$ 3 milhões. A maior parte desse dinheiro financiaria a instalação das torres e dos equipamentos de monitoramento.

O equipamento desenvolvido pela AMEA coleta informações e imagens em tempo real. O aparelho monitora a temperatura do ar, umidade, ocorrência de chuva, pressão atmosférica, detecção de chamas, velocidade do vento e direção do vento. Dessa forma, o “radar” consegue gerar informações para traçar um padrão climático, podendo inclusive antecipar grandes sinistros.

De forma genérica, esse radar do fogo é munido de diversos sensores que fazem a captura e transmitem as informações através de uma conexão de rede sem fio, de alta velocidade, que usa torres de tamanhos variados. A informação chegaria em tempo real para bombeiros, brigadas de combate a incêndio e demais autoridades ambientais sobre focos de incêndio logo no começo.

 

Sinop não tem Pantanal

Alguns membros da equipe multidisciplinar que integra a AMEA

A 4ª maior cidade do Estado está longe do Pantanal. O bioma local é uma transição do cerrado para floresta Amazônica. Embora a pesquisa científica e a tecnologia não tenham fronteiras, existe uma razão personalista para uma entidade de Sinop se preocupar com o Pantanal.

No último ano cerca de 30% do Pantanal Mato-grossense foi atingido pelo fogo. Foram mais de 2,3 milhões de hectares consumidos pelas chamas. As imagens correram o mundo e as legendas tinham um único CEP: Mato Grosso. “Nosso Estado é uma potência agrícola. Exportamos para o mundo aquilo que produzimos na terra. Se não dermos respostas aos sinistros ambientais que ocorrem, em breve sofreremos também sansões econômicas. Não importa se o fogo consome o Pantanal ou o Norte do Estado. Ao olhar desapercebido do público estrangeiro, tudo é Mato Grosso”, argumentou Agnéia.

Clique aqui para saber mais sobre o Radar do Fogo.