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Meio Ambiente

Mundo só tem 3 anos antes de ultrapassar limite de 1,5ºC – e consequências são graves

Na última década, 53 bilhões de toneladas de CO2 foram liberadas por ano na atmosfera. E agora resta muito pouco até que o planeta ultrapasse limite estabelecido pelo Acordo de Paris

Saúde | 23 de Junho de 2025 as 23h 29min

A partir deste ano de 2025, o mundo tem menos de 130 bilhões de toneladas de CO₂ restantes antes de ultrapassar um limite crítico de 1,5 °C de aquecimento, previsto pelo Acordo de Paris. Mantido o ritmo atual de emissões, esse orçamento será consumido em pouco mais de três anos.

Isso é o que mostra o estudo "Indicadores de Mudanças Climáticas Globais", publicado na revista Earth System Science Data na última quinta-feira (19). Conforme prevê a pesquisa, em apenas nove anos, o planeta pode atingir 1,6 °C ou até 1,7 °C de aquecimento acima dos níveis pré-industriais, agravando ainda mais os impactos da crise climática.

Em 2024, a estimativa mais branda de aumento da temperatura da superfície global acima desses níveis foi de 1,52 °C, sendo que 1,36 °C são atribuídos à atividade humana. Essas altas temperaturas, de acordo com o estudo, são “alarmantemente nada excepcionais”.

"A continuidade das emissões recordes de gases de efeito estufa significa que cada vez mais pessoas estão enfrentando níveis inseguros de impactos climáticos", disse Piers Forster, diretor do Priestley Centre for Climate Futures, da Universidade de Leeds, na Inglaterra, em comunicado.

"As temperaturas aumentaram ano a ano desde o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em 2021, destacando como as políticas climáticas e o ritmo das ações climáticas não estão acompanhando o que é necessário para lidar com os impactos cada vez maiores", acrescentou.

 

Consequências graves

Para que ocorra uma violação do Acordo de Paris, é preciso que as temperaturas médias globais excedam o aumento de 1,5ºC ao longo de várias décadas. Esse ainda não é o caso, mas a humanidade caminha cada vez mais perto dessa realidade catastrófica.

Na última década, a cada ano, foram cerca de 53 bilhões de toneladas de CO2 liberadas na atmosfera pela ação humana, especialmente devido à queima de combustíveis fósseis e ao desmatamento. Agora, só restam serem liberadas 130 bilhões de toneladas de CO₂ antes de ultrapassarmos o limite de aquecimento de 1,5ºC.

O sistema climático da Terra já tem sido afetado pelo excesso de calor provocado pelas emissões. “O oceano está armazenando aproximadamente 91% desse excesso de calor gerado pelas emissões de gases de efeito estufa, o que leva ao aquecimento do oceano", explica Karina Von Schuckmann, assessora de Ciência Oceânica para Políticas da Mercator Ocean International. "Águas mais quentes levam ao aumento do nível do mar e à intensificação de extremos climáticos, podendo causar impactos devastadores nos ecossistemas marinhos e nas comunidades que dependem deles."

Desde a virada do século 20, a taxa de longo prazo de aumento do nível médio global do mar era de 1,8 mm por ano. Entre 2019 e 2024, esse nível aumentou em cerca de 26 mm.

Além disso, o nível médio global do mar já subiu 228 mm desde 1900. O número parece pequeno, mas tem impacto nas áreas costeiras baixas, ocasionando maior erosão costeira.

Assim, a janela para ficar dentro do limite de 1,5ºC está se fechando rapidamente, segundo alerta Joeri Rogelj, Professor de Ciência e Política Climática no Imperial College London, na Inglaterra. "Cada pequeno aumento no aquecimento é importante, levando a extremos climáticos mais frequentes e mais intensos. As emissões da próxima década determinarão quando e com que rapidez o aquecimento de 1,5 °C será atingido", afirma.