Levantamento
'Epidemia silenciosa': Brasil tem uma vítima de trânsito nas emergências do SUS a cada 2 minutos
Estudo mostrou que as internações por acidentes custaram R$ 3,8 bilhões ao SUS em despesas diretas nos últimos 10 anos
Saúde | 08 de Maio de 2025 as 12h 30min
Fonte: O tempo

Os acidentes de trânsito estão entre as principais causas de sobrecarga no Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Levantamento com dados do Ministério da Saúde revela que, apenas em 2024, foram registradas 227.656 internações hospitalares por sinistros de trânsito — o equivalente a uma vítima recebendo atendimento de emergência a cada dois minutos. Em Belo Horizonte (MG), a rede pública enfrentou superlotações graves pelo menos duas vezes neste ano, em janeiro e abril, com destaque para as cirurgias de urgência em trauma-ortopedia, típicas de acidentes.
O dado faz parte de um estudo das Associações Brasileiras de Medicina do Tráfego (Abramet) e Medicina de Emergência (Abramede), realizado no contexto da campanha Maio Amarelo 2025 — campanha de conscientização pela saúde e segurança no trânsito. Na avaliação do presidente da Abramet, Antonio Meira Júnior, o país enfrenta uma epidemia silenciosa. “O trânsito brasileiro é uma epidemia. As emergências estão lotadas de vítimas de circunstâncias evitáveis, com um custo humano, social e econômico altíssimo”, pondera.
De fato, o estudo aponta um impacto sobre o SUS: nos últimos dez anos, a rede pública registrou 1,8 milhão de internações por sinistros de trânsito, conforme dados oficiais do Ministério da Saúde. As despesas hospitalares diretas com esses atendimentos totalizaram R$ 3,8 bilhões. Esse montante seria suficiente, por exemplo, para construir até 64 hospitais de médio porte, duplicar cerca de 505 quilômetros de rodovias federais ou abrir quase 13 mil novos leitos de UTI, segundo o levantamento.
“Como médicos, estamos profundamente preocupados com a preservação da vida e da saúde dos brasileiros. Ver tantos recursos sendo consumidos por tragédias evitáveis no trânsito é frustrante, porque sabemos que esse valor poderia estar sendo investido em melhorias que beneficiariam todo o sistema de saúde e salvariam ainda mais vidas”, afirma Meira Júnior.
Os especialistas alertam que essa "epidemia silenciosa" pressiona cada vez mais os leitos de UTI e prolonga as internações, gerando custos adicionais com múltiplos procedimentos e reabilitação — com reflexos também sobre a previdência e a assistência social. "Atuamos diariamente nas emergências e vemos o peso dessa tragédia nos hospitais. Isso exige uma resposta do Estado, da sociedade e de todos os atores do sistema de mobilidade", afirma a presidente da Abramede, Camila Lunardi.
Hospitalizações por acidentes de trânsito crescem 44%
Entre 2015 e 2024, o número de internações por sinistros de trânsito cresceu de forma contínua, com um aumento de 44% no período — de 157.602 registros em 2015 para 227.656 em 2024. O Sudeste lidera com folga em números absolutos, somando 747.757 hospitalizações, o que representa mais de 40% do total nacional.
O Estado de São Paulo, sozinho, responde por 387.991 dessas internações, liderando o ranking nacional. Minas Gerais também se destaca, com 218.402 casos no período, seguido pelo Rio de Janeiro, com 94.895. Em 2024, a região Sudeste alcançou seu pico, com 92.754 registros.
Motocicletas são 60% das internações
Conforme o levantamento, motociclistas concentraram mais de 60% das internações por acidentes de trânsito nos últimos dez anos. Em 2024, o número chegou a 150 mil hospitalizações — mais do que a soma de pedestres e ciclistas no mesmo período.
Os pedestres formam o segundo maior grupo de vítimas atendidas nas emergências, com 16% dos casos entre 2015 e 2024. Em seguida, vêm os ciclistas e os ocupantes de automóveis, ambos com 7% do total de sinistros registrados no período.
Qual o perfil traçado das vítimas?
Do total de internações entre 2015 e 2024:
- 78% foram de homens e 22%, de mulheres.
- Jovens de 20 a 29 anos representaram cerca de 28% dos casos. Em seguida, vêm os adultos de 30 a 39 anos e de 40 a 49 anos. Juntas, essas três faixas etárias respondem por mais de 65% de todas as hospitalizações.
- Embora representem uma fatia menor em números absolutos (9%), os idosos são mais vulneráveis à gravidade das lesões e à evolução desfavorável dos traumas.
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