Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Boa noite, Quarta Feira 18 de Junho de 2025

Menu

Endividamento

Produtores de soja e milho de MT enfrentam crise financeira grave com dívidas de R$ 706 bilhões

A Aprosoja MT também está preocupada com o aumento das recuperações judiciais no setor

Rural | 18 de Junho de 2025 as 16h 32min
Fonte: InfoVerus

Foto: Divulgação

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) está alertando para uma crise financeira que se agrava para os produtores rurais de todo o Brasil. Com o aumento dos custos de produção e a queda nos preços da soja e do milho, muitos produtores estão se endividando cada vez mais. A situação é ainda pior devido aos juros altos, à dificuldade de conseguir crédito e à falta de políticas públicas eficazes para o setor. O endividamento rural no Brasil já chegou a R$ 706,8 bilhões em maio de 2024, um dado preocupante do Banco Central que mostra a seriedade do problema.

Em Mato Grosso, o chamado "Efeito Tesoura" — quando as receitas caem, mas os custos permanecem altos — está ainda mais acentuado. O preço de uma saca de soja, que em 2022 custava R$ 191,50, agora está abaixo de R$ 110 em muitas regiões do estado. Ao mesmo tempo, o custo médio para produzir em um hectare ultrapassa R$ 7.118,00, exigindo que o produtor colha pelo menos 62 sacas só para cobrir os gastos. Os fertilizantes, por exemplo, representam 43,32% dos custos, e a relação de troca piorou muito: são necessárias até 45 sacas de soja para comprar uma tonelada de MAP (fertilizante) em 2025, contra 33 a 35 sacas há apenas dois anos.

A Aprosoja MT também está preocupada com o aumento das recuperações judiciais no setor. Muitos produtores estão virando credores sem garantia, ou seja, entregam a produção ou pagam por produtos que nunca chegam, gerando um efeito cascata de inadimplência. Esse cenário é agravado por medidas do Governo Federal que dificultam o acesso ao crédito, como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a taxação das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). Enquanto o volume nacional de crédito caiu 14%, em Mato Grosso a redução foi ainda maior, de 27,6%. A alta taxa Selic (14,75%) torna até o crédito subsidiado inviável para muitos agricultores, especialmente os pequenos, e o Serasa registrou um aumento de 27% na inadimplência rural em 2023.

Diante dessa situação alarmante, o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Lucas Costa Beber, defendeu medidas urgentes para evitar que mais produtores abandonem a atividade. Ele descreveu a situação como uma "crise silenciosa" e ressaltou que a combinação de preços baixos, custos altíssimos, juros abusivos e a pior relação de troca da década está levando milhares de produtores ao endividamento e, em alguns casos, à falência. A entidade propõe cinco ações prioritárias: securitização urgente das dívidas rurais, linhas de crédito emergenciais com juros justos, revisão dos modelos de "barter" (troca de insumos por produção) e proteção contra desigualdades no mercado, um programa de sustentação de preços ou garantia de receita mínima para grãos, e a suspensão ou revisão de encargos financeiros sobre operações de crédito agrícola. A Aprosoja MT reforça que os produtores querem pagar suas dívidas e continuar produzindo, mas precisam de condições justas para sobreviver e gerar empregos.