Além da sinalização de que haverá aumento nos preços da arroba e da carne bovina no segundo semestre, as intenções de confinamento são positivas porque o valor do milho usado na ração do boi encontra-se em um patamar favorável para o pecuarista.
“Passamos por um momento de menor oferta de gado no mundo inteiro e quando olhamos para o lado da demanda, é uma demanda tomadora de preços. Por isso, o mercado como um todo vê força para aumento de preços em todos os elos da cadeia pecuária”, disse Walter Patrizi, gerente de Confinamento para a América Latina da dsm-firmenich.
Thiago Bernardino, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ressaltou que a demanda internacional tem ajudado a elevar os preços da carne exportada pelo Brasil e, ao mesmo tempo, reduz a disponibilidade da proteína no mercado interno.
“O preço da carne exportada chegou a US$ 5,4 mil dólares por tonelada, valor que tínhamos há dois anos atrás. Isso mostra um olhar do mundo pela nossa carne, seja da China, dos Estados Unidos ou de outros compradores”, afirmou o especialista.
“Por si só, a oferta mundial enxuta ajuda a precificar nossa carne no mercado doméstico e o boi gordo. No cenário interno, se nós exportamos 10% a mais, isso enxuga a oferta e o preço (da carne) sobe”, acrescentou.
A questão que fica pendente é até que ponto o poder de compra do consumidor conseguirá absorver o patamar de preços da carne no varejo. No entanto, Bernardino diz que o nível de renda da população costuma ser maior no segundo semestre e o ritmo do consumo doméstico não deve atrapalhar as altas previstas para os preços do boi gordo.
A expectativa do Cepea é de que a arroba bovina pode avançar para o intervalo entre R$ 340 e R$ 360. Atualmente, o gado gordo está cotado em torno de R$ 314,40 por arroba, segundo o indicador do Cepea.
Neste cenário, o pecuarista tem incentivos para ampliar o nível de confinamento e obter retorno sobre o investimento na terminação intensiva.
De acordo com o censo, Mato Grosso lidera com o maior volume de animais confinados e deve atingir 2,1 milhões de cabeças, 23,5% a mais que em 2024. Em segundo lugar vem São Paulo, com 1,34 milhão de cabeças, aumento de 3,8% no comparativo anual.
Goiás aparece na terceira posição das intenções de confinamento, com 1,1 milhão de cabeças, mas um recuo de 1,5%. Já Mato Grosso do Sul indica 957 mil cabeças, com um incremento de 6,7%; e Minas Gerais vem em seguida com 740 mil, redução de 7,2%.
Juntos, os cinco maiores Estados confinadores representam mais da metade do total nacional.
Antonio José De Gois