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Crédito Rural

Novo Plano Safra pode ter recorde de R$ 600 bi em recursos

Só a soma de valores direcionados — que bancos são obrigados a aplicar no crédito rural — aponta para a oferta de ao menos R$ 455,2 bilhões

Rural | 25 de Junho de 2025 as 15h 00min
Fonte: Globo Rural

Foto: Globo Rural

A soma dos recursos direcionados — aqueles que as instituições financeiras são obrigadas a aplicar no crédito rural a partir de exigências definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) — apontam para a oferta de, ao menos, R$ 455,2 bilhões para novos financiamentos no Plano Safra 25/26, segundo projeções do Banco Central e do Ministério da Fazenda com base nos saldos dos agentes financeiros. O valor final, contudo, pode se aproximar dos R$ 600 bilhões e ser novamente recorde, de acordo com fontes em Brasília.

Para compor o montante total do Plano Safra, o governo ainda precisa adicionar a esse somatório os recursos liberados via Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé); os valores operacionalizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), captados via Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), recursos ordinários da instituição e letras de crédito; e a previsão orçamentárias dos Fundos Constitucionais do Centro-Oeste (FCO), Norte (FNO) e Nordeste (FNE).

Os recursos próprios das instituições financeiras aplicados em linhas a juros livres também são contabilizados. Na temporada 2024/25, essa modalidade corresponde a 5% do dinheiro desembolsado até maio. A aplicação desses valores desde julho de 2024, somados à linha de recursos livres do BNDES e de captação externa, foi de R$ 17,9 bilhões.

O orçamento do Funcafé para a safra 2025/26 ficou em R$ 7,1 bilhões. O BNDES não informou os valores que vai ofertar. Na temporada 2024/25, foram R$ 33,5 bilhões. No caso dos fundos constitucionais, cabe ao Ministério da Integração Nacional e Desenvolvimento Regional informar o montante disponível. No ciclo que se encerra em 30 de junho, foram R$ 36,3 bilhões.

Ao espelhar o mesmo montante de recursos dessas origens aplicados no ciclo 2024/25, a soma de recursos previstos para o Plano Safra 25/26 passa de R$ 550 bilhões. Existem ainda fontes como o Fundo de Terras e da Reforma Agrária (FTRA), o crédito fundiário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Tesouro Nacional, que compõem outros R$ 500 milhões desembolsados na temporada em vigor.

Recorde

Pelos montantes já direcionados e as projeções de elevação das demais fontes na comparação com o ciclo que chega ao fim na semana que vem, o valor do novo Plano Safra 25/26 deverá ser recorde em relação aos R$ 584,5 bilhões da temporada atual: R$ 400,5 bilhões da agricultura empresarial, R$ 76 bilhões do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e R$ 108 bilhões das Cédulas de Produto Rural (CPRs) direcionadas — que passou a compor o saldo final do governo. A expectativa inicial dos títulos foi superada e passou de R$ 150 bilhões aplicados até agora.

A expectativa é que o valor final da safra 2025/26 fique próximo de R$ 600 bilhões. A aposta é em aumento no montante dos fundos constitucionais e dos recursos livres equalizados. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tem falado em um Plano Safra “robusto”. O secretário de Política Agrícola, Guilherme Campos, ressaltou que os números devem ser “realistas”.

Os valores e as taxas de juros das linhas serão definidos nesta semana e divulgados nos dias 30 de junho e 1 de julho, datas marcadas para lançamentos do Plano Safra da Agricultura Familiar e da Agricultura Empresarial. O Tesouro Nacional ainda faz os cálculos do custo para equalizar as taxas de parte desses valores. Reuniões foram realizadas na Casa Civil ontem (24/6) com as equipes dos ministérios para debater detalhes .

 

CPRs

Quase metade do valor já computado (R$ 455,2 bilhões) deverá ser desembolsado por meio de CPRs de produtores financiadas pelos bancos a partir de recursos captados pela emissão das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). Nos cálculos do Ministério da Fazenda, o direcionamento dessa fonte será de R$ 200 bilhões para aquisição desses títulos.

A Pasta já informou que vai incluir as CPRs direcionadas no cômputo total do Plano Safra. O montante não inclui títulos emitidos no mercado de capitais ou em favor de revendas ou tradings, na chamada operação de barter.

Além disso, as LCAs vão irrigar as linhas de crédito rural tradicionais com mais R$ 128,7 bilhões, em financiamentos a juros livres.

A partir de julho, 60% dos valores captados pelas instituições financeiras por meio da emissão das LCAs deverão ser direcionados ao financiamento rural. Desse montante, 45% devem ser utilizados nas linhas do Plano Safra e os outros 55% podem ser usados para a aquisição de títulos, como as CPRs, e quotas de fundos garantidores de operações de crédito rural. O movimento foi feito “para reduzir os impactos negativos do aumento do direcionamento da LCA para a remuneração da carteira das instituições financeiras”, segundo o Banco Central.

Até duas safras atrás, o direcionamento das LCAs era de 35% e a maior parte (80%) precisava ser aplicada em linhas de crédito rural, que são mais burocráticas e têm limitação de spread para as instituições financeiras, além da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 0,38%.

As LCAs são a maior fonte de recursos para o agronegócio atualmente. Os valores superam a soma dos recursos provenientes dos direcionamentos dos depósitos à vista e da poupança rural. Foram desembolsados R$ 97,1 bilhões captados por esses títulos via linhas de crédito rural de julho de 2024 a maio de 2025 — além dos valores financiados nas CPRs.

O Plano Safra 2025/26 também terá outros R$ 76,4 bilhões oriundos da exigibilidade da poupança rural, que subiu de 60% para 70%. Já a elevação do direcionamento dos depósitos à vista, de 30% para 31,5%, vai permitir a concessão de novos financiamentos no montante de R$ 43,7 bilhões. Boa parte desses recursos é emprestada a juros controlados aos produtores.

Outra mudança nas regras do crédito rural vai ampliar a oferta de recursos direcionados em R$ 6,4 bilhões a partir de julho. O CMN impôs às cooperativas de crédito o cumprimento de direcionamento gradual de aplicação dos depósitos à vista. Na safra 2025/26, a obrigatoriedade será de 6% dos valores recolhidos. A base atualmente está em mais de R$ 100 bilhões. Em 2028/29, a exigibilidade chegará aos mesmo 31,5% dos bancos.