Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Boa tarde, Quinta Feira 07 de Dezembro de 2023

Menu

Negócios do Agro

Indústria de fertilizantes inicia operação em Sinop

Com um investimento de R$ 230 milhões, fábrica vai produzir fertilizantes para cobrir 1,5 milhão de hectares

Rural | 10 de Maio de 2023 as 16h 20min
Fonte: Jamerson Miléski

Uma nova indústria de fertilizantes foi inaugurada na manhã desta quarta-feira (10), na cidade de Sinop. É a quarta fábrica do tipo a iniciar a sua operação no município, marcando Sinop como um centro logístico para o agronegócio no Norte de Mato Grosso.

Para a cidade é mais uma indústria. Para a Cibra, empresa responsável pela implantação, é um feito. Embora o grupo possua 12 fábricas de fertilizantes no país, a unidade de Sinop é a primeira que foi construída do zero. É também a maior e mais moderna planta industrial da Cibra. “Ao longo da sua história, a Cibra foi adquirindo empresas que tinham suas fábricas. A unidade de Sinop é a primeira que construímos de acordo com o nosso perfil. Então é um momento marcante na história da empresa”, afirmou o CEO da Cibra, Santiago Franco.

A nova fábrica da Cibra fica na Rodovia MT-220, entroncamento com a Rodovia BR 163. Na construção da unidade de Sinop foram investidos cerca de R$ 230 milhões. A planta tem uma área total de 150 mil metros quadrados e está preparada para expedir 750 mil toneladas de fertilizantes por ano – o suficiente para atender uma área plantada de 1,5 milhão de hectares. No dia da inauguração, 96% das obras estavam concluídas, faltando apenas finalizar os blocos administrativos. Mas a estrutura já estava pronta para ensacar seu produto. Conforme o gerente de operações da Cibra Sinop, Péricles Godas, cerca de 100 mil toneladas de insumos para fabricação de fertilizantes estão lotados no estoque da unidade.

A fábrica de Sinop está com 110 colaboradores, entre próprios e terceiros, com previsão de chegar a 150 profissionais até o final do ano e um plano de expansão para chegar a 300 pessoas até 2026.

Para honrar o seu lema de “foco no cliente”, a Cibra não economizou com maquinário e com a gestão dos processos. Segundo Santiago, o fertilizante produzido na unidade resguarda a qualidade físico-química do insumo. Ou seja, o processo de mistura não degrada os grãos de nitrogênio, fósforo e potássio, principais componentes do fertilizante químico. “Misturar fertilizantes é um processo complexo. Parece ser tudo a mesma coisa, mas não é. Tem muita diferença”, explicou Santiago.

A preocupação segue com quem vem buscar o produto. O pátio da indústria, todo pavimentado e iluminado, tem capacidade para receber 100 caminhões simultaneamente. A balança é 100 automatizada. Assim que o caminhão chega é pesado e identificado pelas câmeras, que fazem a leitura da placa. O veículo ingressa então na parte de carregamento e a expedição é concluída de forma rápida. “Além disso, para otimizar suas viagens, o caminhoneiro poderá chegar carregado de matéria-prima e sair carregado de produto acabado”, comenta Celso Rocha, COO da Cibra.

O descarregamento de matéria prima é feito através de dois tombadores mecânicos que abastecem a moega. Elevadores levam os insumos até os boxes de estoque. São 15 no total. Carrinhos automáticos fazem o transporte de fertilizantes dentro da fábrica.

Todos os itens do portfólio da Cibra, desde os elementos simples até os fertilizantes diferenciados, serão produzidos na fábrica de Sinop. A unidade conta com uma nova tecnologia de aplicação de micros que eleva a qualidade das misturas, proporcionando uma eficiência agronômica superior. Esta será a primeira unidade da Cibra a realizar o processo.

Porque Sinop?

A Cibra começou como Cibrafértil, uma indústria de fertilizantes fundada no ano de 1994, no município de Camaçari, Bahia. Passou seus primeiros 18 anos em crescimento “vegetativo” e ao invés da maioridade, quebrou. Em 2012 o Grupo Omimex compra a Cibrafertil e dá início a vida adulta dessa companhia, com o colombiano Santiago Franco no comando.

Nessa janela de 10 anos a Cibra mudou de nome, adquiriu duas empresas de fertilizantes, soldou uma parceria com a Aglo América, começou a vender pela internet e até fundou sua própria cripto moeda: a Cibracoin. O último ato, até aqui, foi a virada na chave para ligar a fábrica de Sinop. “Com fertilizantes é muito difícil ganhar um pouco e muito fácil perder muito”, comenta o CEO.

Para Santiago, a escolha pela cidade de Sinop pesou questões mercadológicas e operacionais – especialmente a logística. Enquanto no Brasil o consumo de fertilizantes cresce de forma linear na casa dos 15% ao ano, no Norte de Mato Grosso esse incremento passa de 20%. A região representa cerca de 25% da indústria de fertilizantes. Aumento da área plantada e aumento da tecnologia depositada no solo são características do agronegócio do Norte de MT – que agora não é mais fim de linha.

Com a viabilização da BR-163 levando até os portos do arco norte, no Pará, a cidade deixou de ser o ponto mais longe de Paranaguá para estar no meio de uma trama logística. Segundo Santiago, um dos pontos fortes para a operação da Cibra em Sinop foi a possibilidade de operar com uma logística “multiplica”. O CEO explica que a matéria prima para a indústria, essencialmente importada, chega pelos portos de Miritituba (PA), mas também pode vir de Itaqui (MA), de Vila do Conde (PA), Santarém (PA), ou mesmo dos portos do Sul. “Dessa forma conseguimos optar pelo mais competitivo”, sinalizou. “A Cibra tem como estratégia a diversificação dos fornecedores e com múltiplas opções de portos podemos adequar as compras de acordo com as vantagens logísticas”, completou.

A indústria não recebeu qualquer tipo de política de incentivo, seja do Estado ou do município. Santiago também disse não ter enfrentado dificuldades com o aparato burocrático. “Os processos de licenciamento ambiental foram feitos e apresentados, correndo dentro da normalidade”, conta.

O único percalço foi a mão de obra. A indústria teve dificuldade de fechar seus quadrados de trabalho recrutando a população local. Cerca de 30% das vagas acabaram sendo preenchidas com pessoas de outros Estados.

Santiago classificou a experiência de erguer uma indústria do zero como “bem sucedida”. Tanto que já trabalha na próxima planta, em São Luiz (MA), que será inaugurada dentro de um ano. O plano de expansão da companhia prevê R$ 1,5 bilhão em investimentos até 2026.

Em 2022, a Cibra faturou R$ 7,8 bilhões, entregando 2,15 milhões de toneladas de fertilizantes em todo o País. Para este ano, a empresa já projeta um crescimento de 40%, saltando para um volume de 3 milhões de toneladas.

Confira abaixo as fotos da inauguração da indústria.