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Potência agrícola

Família Maggi & Scheffer concentram mais terras que todo o Líbano — país com 7 milhões de habitantes

Rural | 30 de Setembro de 2025 as 10h 01min
Fonte: Blog do Popo

Foto: Divulgação

A recente divulgação de que apenas cinco grandes grupos controlam 2,42 milhões de hectares no Brasil — sendo SLC Agrícola (830 mil ha), Bom Futuro (650 mil ha), Bom Jesus Agro (365 mil ha), Amaggi (362 mil ha) e Scheffer (220 mil ha) — escancara a altíssima concentração fundiária no agronegócio brasileiro. Segundo a economista e professora universitária ouvida pela reportagem, trata-se de um nível de concentração que distorce a economia regional e reduz o potencial de desenvolvimento equilibrado. “Quando poucos agentes concentram tanta terra e capital produtivo, todo o ecossistema local — do trabalho rural à indústria de transformação — fica dependente de poucas famílias e suas estratégias corporativas”, avalia.

A especialista destaca que três desses grupos — Bom Futuro, Amaggi e Scheffer — têm origem em Mato Grosso e se articulam como conglomerados familiares que dominam cadeias inteiras, do plantio à logística e exportação. Para ela, isso amplia desigualdades históricas: enquanto pequenos e médios produtores enfrentam dificuldade de crédito e infraestrutura, gigantes verticais capturam incentivos fiscais, moldam políticas públicas e ditam preços. “Esse padrão de concentração é um freio para a democratização da terra, o fortalecimento da agricultura familiar e a diversificação econômica do interior do país”, pontua.

A economista faz ainda um paralelo simbólico: as terras sob controle de apenas uma dessas famílias equivalem, em extensão, a países inteiros como o Líbano — que tem cerca de 7 milhões de habitantes e território aproximado de 1 milhão de hectares. “Quando uma única família detém um espaço comparável a um país inteiro, estamos falando de um poder econômico e político capaz de influenciar cadeias produtivas globais, mas que também acirra a desigualdade social e fragiliza o equilíbrio democrático no campo”, conclui.