Embargo às exportações aumenta diferença de preços do boi entre SP e MT

Segundo relatório do Imea, diferença de preços da arroba do boi aumentou em 2,62 pontos percentuais (p.p.) em fevereiro, chegando a quase 17%

O preço da arroba do boi gordo em Mato Grosso está 16,90% mais barato que em São Paulo, de acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que constam no boletim da bovinocultura desta segunda (6). Além disso, em fevereiro, a cotação da arroba em MT sofreu uma queda de 1,89%, enquanto em SP teve valorização de 1,21%.

As médias de preço registradas no período foram de R$ 243,21 e R$ 292,67, respectivamente, ambas livres do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural).

Segundo o economista Vitor Galesso, a diferença de preço entre os dois estados é histórica e está relacionada a questões logísticas. Enquanto a mercadoria produzida em São Paulo é vendida tanto para o mercado interno quanto para a exportação, em MT ele é voltado principalmente para exportação, visto que o mercado interno é pequeno.

Ademais, o produto que sai de Mato Grosso precisa ser transportado até chegar ao mercado consumidor ou nos portos de exportação, o que gera um custo logístico que acaba impactando no valor da arroba.

Além disso, o mercado interno em São Paulo é muito maior do que em Mato Grosso, o que significa que a demanda pelo produto é mais forte. Mesmo com a suspensão das exportações para a China, devido à confirmação de um caso atípico de vaca louca no Pará, os abates destinados ao mercado interno em São Paulo continuaram e sustentaram o preço da arroba.

“Isso quer dizer que os abates não foram suspensos totalmente. Aqueles destinados ao mercado interno continuaram trabalhando, pois, o mercado interno lá é forte. E, nesse sentido, aqui o mercado interno é muito pequeno e, aquele produto destinado a outros estados, acaba recebendo menos por conta da logística”, reforça o economista.

Ainda de acordo com o Imea, o comportamento do diferencial de base entre São Paulo e Mato Grosso em março dependerá da duração do período de embargo das exportações para a China e do consumo da proteína bovina no mercado interno. O Imea destaca também que houve o alongamento de 2,62 p.p. no diferencial de base entre os dois estados em fevereiro.

 

VACA LOUCA NO PARÁ

O embarque de carne brasileira para a China está suspenso desde o dia 23 de fevereiro deste ano, após o governo do Pará informar sobre um caso atípico de doença da vaca louca em uma propriedade de Marabá. O caso já é tratado como ‘resolvido’ pela Organização Mundial de Sanidade Animal (OMSA).

Na noite dessa terça-feira (7), integrantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se reuniram com as autoridades sanitárias chinesas. Ainda de acordo com o Mapa, não há mais empecilhos que impeçam o embarque da carne bovina. Além da China, Jordânia, Irã e Tailândia também embargaram a carne brasileira. Já a Rússia, embargou apenas a carne que tem origem no Estado do Pará.

A expectativa é que as negociações voltem a ocorrer normalmente nos próximos dias.