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Segundo pesquisa

Bioinsumo pode trazer economia de até R$ 15,7 bilhões por safra de soja, diz estudo

Pesquisa do Ipea analisa o uso de microorganismos liberadores de fosfatos no solo para diminuir o uso de fertilizantes

Rural | 01 de Dezembro de 2025 as 10h 57min
Fonte: Globo Rural

Foto: Reprodução

O setor agrícola tem potencial de economizar até R$ 15,7 bilhões por safra de soja com mais um bioinsumo: a Solubilização Biológica de Fosfato (SBF). É o que aponta a pesquisa publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A ideia é utilizar microrganismos, como fungos e bactérias dos gêneros Pseudomonas, Bacillus e Aspergillus, para liberar o fosfato preso no solo ou na matéria orgânica em formas que as plantas possam absorver.

Assim, a adoção em larga escala da tecnologia poderia poupar entre R$ 3,8 bilhões e R$ 15,7 bilhões devido à diminuição do uso de fertilizantes fosfatados (SSP, TSP, MAP ou DAP).

O cálculo considera uma redução entre 30% e 50% dessa adubação química e já inclui o custo estimado da aplicação da SBF, de R$ 2,8 bilhões, em toda a área plantada de soja no Brasil (46,1 milhões de hectares na safra 2023-2024).

As análises foram desenvolvidas pelos pesquisadores do Ipea Bruno Caligaris e José Eustáquio Filho, e pela pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empraba) Milho e Sorgo Christiane Paiva.

Outro ponto é que a solução demonstra um significativo potencial de aumentar a produtividade no cultivo de soja, entre 5,9% a 10,5%. O ganho máximo seria de 15,5 milhões de toneladas a mais por ano. Em valores, ficaria entre R$ 14,9 bilhões a R$ 28,5 bilhões.

Conforme um dos participantes do estudo, José Eustáquio Filho, estima-se que 70% do fosfato aplicado por meio de fertilizante tenha sido fixado na terra, impedindo a absorção adequada pela planta.

“Então existe um estoque que foi colocado pelo homem ou mesmo natural. E ele está insolúvel. Então esses micro-organismos tornariam o fosfato solúvel. Aí o objetivo é reduzir a dependência das nossas importações desses insumos.”

Também explica que a SBF é um processo semelhante à Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), mas atua como um complemento que aumenta a eficiência do fosfato já disponível, enquanto a FBN é um substituto para a adubação química de nitrogênio. Esta última já é utilizada em larga escala na agricultura, segundo o pesquisador.

Descarbonização

Além disso, José Eustáquio Filho ressalta a importância do bioinsumo para a descarbonização do setor agrícola brasileiro.

O impacto ambiental da SBF está intrinsecamente ligado à sua capacidade de aumentar a eficiência do uso do fosfato, o que, por sua vez, permite a redução da necessidade de aplicar fertilizantes químicos.

A análise dos resultados indica que a SBF pode contribuir com a redução de 1,3 milhão a 4,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Em termos monetários, o ganho potencial seria entre R$ 600 milhões a R$ 2 bilhões.

“Embora seja um valor menor comparado ao aumento de produtividade, ainda é significativo. Dois bilhões de reais representam uma contribuição importante para a redução das mudanças climáticas”, destaca o pesquisador.

Para ele, a tecnologia ainda reforça o chamado “efeito poupa floresta”, conceito que indica aumento de produtividade na mesma área cultivada e reduz a pressão por desmatamento. “Se eu consigo produzir mais na mesma unidade de área, eu não preciso desmatar para aumentar a produção”, diz.