Cotação
Alta no preço do milho no Brasil é a pressão da vez na inflação; entenda
Rural | 27 de Março de 2025 as 07h 29min
Fonte: Isto é

As cotações do arroz ao produtor brasileiro acumulam queda de 20% no ano, o que indica que os consumidores devem continuar se beneficiando de um alívio no valor do produto básico nos supermercados, mas a pressão de alta da inflação que deve preocupar o governo Lula vem do milho e do impacto nas carnes, segundo especialistas.
Enquanto o arroz em casca é negociado abaixo de R$ 80 a saca de 50 kg no Rio Grande do Sul pela primeira vez desde outubro de 2022, o milho na praça referencial de Campinas (SP) opera em torno de R$ 90 a saca de 60 kg, no maior valor nominal em cerca de três anos, com alta de mais de 23% em 2025, segundo dados do Cepea, da Esalq/USP.
A queda nos preços do arroz ocorre por um esperado aumento de mais de 15% na produção brasileira, com boa recuperação na colheita gaúcha, além de uma melhora na oferta global. No caso do milho, o Brasil começou o ano com estoques baixos, há demanda firme da indústria de etanol e de carnes, além de preocupações com a segunda safra, a maior do país, que ainda precisa contar com o clima nos próximos meses para confirmar as previsões.
“No caso dos alimentos, um grande ponto de risco (para a inflação) é o milho, principal insumo utilizado na nutrição de aves de corte e postura, além de suínos e bovinos tanto nas criações de corte quanto de leite”, afirmou a consultoria Datagro, em avaliação nesta terça-feira.
A alta do milho está entre os fatores considerados pela consultoria para ver uma inflação acima da meta em 2025 — de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos –, em momento em que os preços dos alimentos têm preocupado integrantes do governo sobre o impacto disso na popularidade do presidente Lula.
A consultoria citou que os preços do milho em Rondonópolis, umas das referências em Mato Grosso, operavam em meados do mês com alta de mais de 40% sobre o mesmo período do ano passado, para cerca de R$ 85 a saca, no maior nível desde o início da invasão russa sobre a Ucrânia, no início de 2022.
Possível impacto no IPCA
A Datagro afirmou também, utilizando estudos econométricos, que a “aceleração vigente” nas cotações do milho pode impactar a inflação brasileira de alimentos em até 1,07 ponto percentual ao longo dos próximos seis meses, enquanto no índice geral o impacto pode chegar a até 0,47 ponto percentual em igual período.
Isso evidencia a “possibilidade de impacto inflacionário sistêmico de médio prazo imprimido pela alta de preços de um dos principais componentes do custo de produção de proteínas animais”, como carnes de aves e suínos, afirmou a Datagro.
O economista do FGV IBRE André Braz, especialista em inflação, afirmou que, se for confirmada a queda dos preços do arroz aos consumidores, isso “vai ser uma boa ajuda” em termos inflacionários.
Mas ele destacou que o arroz –o quinto item alimentício de maior peso no IPCA — já não vem sendo um vilão dos preços, acumulando variação negativa de 3,99% em 12 meses, enquanto frango em pedaços, contrafilé e carne de porco subiram 10,95%, 21,47% e 20,22%, respectivamente.
“Mas a questão toda é que o aumento é generalizado, proteínas, seja carne bovina, suína, de aves, peixe, ovo, essas proteínas pesam mais no índice, os cereais pesam, mas é mais pelo fato de ser alimento típico…”, disse Braz. “O efeito tem que ser generalizado, uma andorinha só não faz verão”, afirmou ele, referindo-se ao arroz.
Pressão baixista nos preços de arroz
Carlos Cogo, sócio-diretor da consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio, disse que a pressão baixista nos preços de arroz “deve persistir nestes meses de colheita no Brasil e só será interrompida se as exportações começarem a ganhar ritmo, o que ainda não aconteceu”.
Essa conjuntura atenua o impacto de alimentos para a inflação, disse ele, citando também o feijão como um fator de baixa importante.
No caso do arroz, avaliou Cogo, a queda permitirá que o governo volte a recompor estoques, por meio dos Contratos de Opção de Venda (COV) oferecidos pela estatal Conab. “A ideia deles (produtores) é aproveitar o afundamento de preços para exercer opções…”, disse Cogo, estimando, contudo, que o volume que vai para estoques públicos será relativamente pequeno, de cerca de 90 mil toneladas.
A Conab tinha orçamento de R$ 1 bilhão para um programa COV de 500 mil toneladas de arroz, mas acabou usando R$ 162 milhões com menor interesse de produtores, segundo dados da estatal, que na semana passada abriu a possibilidade de o produtor antecipar de agosto para abril o exercício das opções.
Cogo também comentou sobre a pressão “altista” do milho, de outro lado, com impacto em “todas cadeias de proteínas”, puxando inflação para cima de produtos como frango, carne suína, leite, ovos e bovinos.
Notícias dos Poderes
Leilão de gado movimenta mais de R$ 90 milhões em Mato Grosso
30 de Abril de 2025 as 08h00MT possui maior volume de crédito aprovado pelo BNDES para o setor agrícola
30 de Abril de 2025 as 07h16Grupo Chinês deve investir US$ 80 milhões em fábrica de caroço de algodão em Mato Grosso
Unidade deve gerar 150 empregos diretos e reforçar a cadeia produtiva do agronegócio no Estado
29 de Abril de 2025 as 08h15MT amplia produção de etanol e se mantém como 2º maior do país
Produção total alcançou 6,577 bilhões de litros, um crescimento de 23,7% em relação à safra anterior
29 de Abril de 2025 as 07h50Plano Safra 2025/2026: CNA pede mais de meio trilhão de reais e fim da venda casada
25 de Abril de 2025 as 09h55Moratória da Soja pode gerar prejuízo de R$ 60 bilhões em MT, alerta Aprosoja
Lucas Costa Beber, afirmou que a medida é “ultrapassada” e “injusta”
25 de Abril de 2025 as 11h50Custo da soja supera R$ 4 mil por hectare no Mato Grosso
Insumos mais caros elevam custo da soja no estado
24 de Abril de 2025 as 15h25Família do agro entra em recuperação judicial com dívida de R$ 241 milhões
Grupo Manso culpa clima, inadimplência e juros pela “quebradeira”
22 de Abril de 2025 as 14h48