‘‘Não sou vaca de presépio. Vou brigar pelas minhas convicções até o final’’, diz candidato

Ex-secretário de Saúde diz que quer ser deputado para garantir a continuidade dos projetos da gestão

Nesta segunda-feira (8), o ex-secretário de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo, esteve em Sinop, onde promoveu um encontro com apoiadores e simpatizantes. O evento faz parte de uma caminhada pelo interior que Gilberto fará a fim de dialogar com os eleitores, buscando viabilizar a sua candidatura a deputado estadual.

Horas antes da reunião, Gilberto esteve na redação do GC Notícias, onde falou sobre seu projeto, suas aspirações e motivações para se lançar deputado. Membro do União Brasil – um dos maiores partidos do Estado, que trabalha com a expectativa de eleger 7 deputados – Gilberto tem sua base política em Cuiabá, onde já se elegeu como vereador. Para alcançar a Assembleia, o candidato precisa expandir essa base. “Nenhum deputado vai se eleger apenas com os votos de sua cidade. É preciso abraçar uma porção maior de eleitores. Além disso, quem quiser ser um deputado estadual de fato, precisa ter contato com a população de todo Estado”, justificou.

Gilberto aposta na sua gestão como secretário de saúde como seu “cartão de visita” para se apresentar ao eleitor e pedir seu voto. Durante o tempo que conduziu a pasta – enfrentando uma pandemia – Gilberto acabou fazendo contato com gestores em todo o Estado. Desse trabalho, resultaram alguns dividendos políticos. O candidato disse que tem apoiadores em pelo menos 50 cidades de Mato Grosso. São pessoas que endossam sua candidatura e que devem atuar como cabos eleitorais durante a campanha. Uma parte significativa desse grupo são pessoas ligadas à saúde.

Integrante do núcleo político de Mauro Mendes, Gilberto não apenas defende a reeleição do governador, como acredita que a gestão foi exemplar. Ele cita como exemplo a recuperação fiscal do Estado, que deixou de ser um acumulado de dívidas em aberto, para ter saúde financeira e fazer investimentos nos 141 municípios. “Somente na Saúde, além de pagar as contas, pagar os salários em dia e gerenciar a pandemia tratando os municípios de forma igual, ainda repassamos mais de R$ 1,5 bilhões para os municípios. Apenas na saúde”, afirma.

Gilberto também enaltece a postura do governo. “Fizemos um pacto, no começo da gestão, com o governador e todo o secretariado, de que não prometeríamos nada que não fossemos cumprir. Tomamos medidas duras, mas foram decisões técnicas, elegendo prioridades e trabalhando para que os programas públicos fossem executados”, argumenta Gilberto.

Para o candidato, as eleições são uma oportunidade dos eleitores escolherem pessoas capacitadas para ocupar o serviço público. “Esse é o momento em que nós vamos contratar os nossos gerentes. Não estamos escolhendo um noivo para nossa filha. Estamos escolhendo as pessoas que vão administrar o nosso dinheiro, que é muito. São R$ 32 bilhões”, declarou Gilberto, referindo-se ao orçamento de Mato Grosso. “Na hora de votar pergunte, se você contrataria essa pessoa como seu gerente”, completou.

Mas na prática, quem “gasta” esse dinheiro é o Executivo e Gilberto concorre a uma vaga ao Legislativo – a quem cabe aprovar os projetos de lei e fiscalizar o governo. Questionado se ele, uma vez eleito, será capaz fiscalizar com rigor o governador que é do seu grupo político, Gilberto retrucou. “Não sou uma vaca de presépio. Tenho vontade e opinião própria. Eu reconheço que o governo também tem falhas, que precisam ser corrigidas... Eu apoio o governo do qual fiz parte e acho que Mauro merece a reeleição, para dar continuidade nesse trabalho que está fazendo bem para o Mato Grosso. Eu vou atuar como deputado para que esses projetos sejam respeitados, para que os programas que fizemos sejam seguidos. Eu tenho as minhas convicções e vou brigar por elas até o final”, respondeu.

Para Gilberto é crucial que a estrutura de saúde de Cuiabá seja ampliada. Ele está discursando sobre isso no interior porque acredita que a capital ainda é o grande gargalo e, da forma como está, acaba impactando o sistema de saúde de todo Estado. O candidato também defende o fortalecimento das estruturas hospitalares municipais, passando para os prefeitos a responsabilidade que lhes cabe. “O Estado é quem socorre os municípios. A falta de estrutura para média e baixa complexidade faz com que os Hospitais Regionais se sobrecarreguem. A função dos hospitais regionais é a Alta Complexidade. O que precisamos é ajudar os municípios a conseguirem realizar as suas atribuições, da média e baixa complexidade”, justificou.

Candidato a secretário?

Se por um lado Gilberto tem vantagem frente aos outros candidatos a deputado estadual por ter sido secretário e ter credenciais no serviço público para mostrar, por outro ele precisa vencer a desconfiança do eleitorado que acha que vai votar em um deputado que vai entregar o cargo para trabalhar no Executivo.

O GC Notícias questionou Gilberto sobre isso. “Eu já era político quando me tornei secretário. Na vida, você tem pretensões. Não estou sendo candidato apenas para fazer figuração. Nesse tempo como secretário e também como funcionário público eu adquiri conhecimento que vai me permitir atuar bem como deputado”, respondeu. “Eu não trabalhei para concorrer como deputado e depois virar secretário”, completou.

Mas e se Mauro Mendes se reeleger e chamar Gilberto para seu time de “técnicos”? “Se depender de mim quero ser deputado. Eu acredito que já tenha dado minha contribuição como secretário e que agora possa ser útil no legislativo”, terminou Gilberto.