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Sinop

O curioso caso do idoso recluso que matou o vizinho

Homem de 72 anos saiu de casa e assassinou seu vizinho que havia acabado de chegar

Polícia | 15 de Dezembro de 2021 as 15h 21min
Fonte: Jamerson Miléski

Uma casa pequena, com a fachada toda recoberta por chapas de zinco grosseiramente fixadas, localizada na Rua das Azaleias, no Jardim das Palmeiras, em Sinop. Essa é a morada de Valdemar Ventura Lima, um homem de 72 anos, descrito pelos seus vizinhos como uma pessoa reclusa, violenta e “estranha”. Alguns se referiam a ele como “Raul”, embora não fosse esse seu nome. Por 20 anos Valdemar morou nesse casebre improvisado.

Ontem, terça-feira (14), Valdemar saiu para rua e começou a provocar a vizinhança, batendo nos portões. Na casa que fica do lado direito da sua, o idoso colocou na entrada do portão um vaso de planta, desses feitos com uma lata ou balde reaproveitado. Ao sair de casa com o carro, o vizinho, Thiery Mohylski, notou o vaso, pegou-o e colocou de volta na frente do casebre de Valdemar. “Eu não quero esse lixo aqui”, disse o vizinho.

Mas a provocação continuou. Assim que o veículo se afastou, o idoso voltou a colocar o vaso em frente a residência vizinha. Dessa vez, com um televisor velho, que estava jogado no passeio público. Um terceiro vizinho, que viu a cena e o potencial daquilo acabar em confusão, esperou Valdemar se afastar, recolheu o vaso e o televisor e jogou ambos dentro do contêiner da coleta de lixo.

Thiery estava com seu pai, Rogério Aparecido Mohylski, de 47 anos. Ambos moravam há cerca de 2 anos naquela residência. Já era noite quando pai e filho voltaram para casa. Pouco depois de chegarem, Valdemar começou a fazer barulho no portão da residência, esbravejando e fazendo ameaças.

Rogério decidiu ir até o portão e assim que chegou foi baleado por Valdemar. O idoso estava com um revolver velho, calibre 38 e algumas munições. Ferido, Rogério caiu e foi arrastado pelo seu filho para garagem. Na sequência o filho, que tem 22 anos, foi para cima de Valdemar, tomou sua arma e começou a agredir o idoso com um pedaço de pau. O jovem acabou tomando um tiro de raspão na cabeça.

Valdemar acabou sendo socorrido pelo Corpo de Bombeiros e está internado no Hospital Regional em Estado grave. Rogério morreu e seu filho não corre risco de morte.

Hoje, quarta-feira (15), a polícia foi até a casa de Valdemar. O idoso morava sozinho. Sua residência era precária, com um grande fogão de lenha, latas cobertas de fuligem sobre ele e as paredes recobertas de anotações feitas com giz escolar. Números de telefones, nomes e datas de pessoas mortas, palavras e termos aleatórios como a variante Omicron da Covid-19, recobriam as paredes do lado de dentro da casa. As anotações também estavam nos móveis, em uma lona e em um caderno cuidadosamente guardado em uma gaveta. Valdemar mantinha também dois cachorros amarrados em uma corrente curta, sem água e sem comida, além de um gato preto, preso em uma gaiola, com visíveis sinais de maus tratos.

As imagens do interior da residência foram mostradas pela repórter Joyce Mohr, no programa de meio dia da Real TV Sinop (Record). As cenas começaram a despertar curiosidade da população local.

Cinco dias antes de ser assassinado, Rogério voltou de uma viagem ao Paraná. Lá ele adquiriu uma máquina de fabricação de blocos de cimento, para construção civil. Seu sócio, Derli Leidens, disse que Rogério estava muito feliz e animado com a nova empresa. "Rogério era um amigo de todos, apaziguador, nunca o vi discutindo com ninguém", comentou Leidens.

O corpo de Rogério foi transladado para Umuarama, no Paraná, onde foi sepultado.