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Inquérito aberto

'Nenhum jovem sai para se divertir e não retornar', diz comandante-geral sobre jovem morto em abordagem da PM

Em uma carta aberta, o comandante afirmou que a investigação deve apontar se os policiais agiram de forma correta na abordagem ou não

Polícia | 06 de Fevereiro de 2023 as 10h 06min
Fonte: Amanda Divina - Redação olhardireto

Foto: Amanda Divina

"Nenhum jovem sai para se divertir para não retornar". Esta é a frase do Comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alexandre Côrrea Mendes, que lamentou a morte de  Diego Kaliniski, de 26 anos, em uma confusão envolvendo policiais militares em Vera (374 km de Cuiabá). Inquérito policial foi aberto para apurar a conduta dos agentes no fato que ocorreu no domingo (5).

Em uma carta aberta, o comandante afirmou que a investigação deve apontar se os policiais agiram de forma correta na abordagem ou não. Entretanto, Mendes pontuou que é necessário uma discussão na sociedade sobre a crise de autoridade "que permite um jovem esmurrar um policial".

Diego morreu ao ser atingido com três tiros. Antes de ser baleado, ele desferiu socos em um dos policiais e tentou agredi-los com cassetete.

"Perante a realidade policial soam frágeis todas as opiniões, especialmente as passionais, ditas a quente. Convocar a técnica policial para provar que uma vida humana pode ser ceifada, legalmente, não justifica o tamanho da perda, e como pais e mães nessas horas, resta-nos a dor pelos familiares e o pasmo da comunidade ordeira e pacífica de Vera.  Precisamos falar sobre a ação policial sim, e para tal um inquérito está em andamento. Mas precisamos falar também sobre a crise de autoridade que permite um jovem esmurrar um policial a fim de evitar ser conduzido. Precisamos falar também sobre o excesso de álcool, da regulação das festas e da boa educação que precede e previne o comportamento delituoso", diz parte da carta.

Mendes ainda afirmou que o uso de bebidas alcóolicas em locais públicos serve como combustível para que algum incidente aconteça e que é necessário uma fiscalização nos principais pontos de eventos.

"Perdemos todos com a perda de uma vida. Nenhum policial sai de casa com esse propósito, embora consciente dessa possibilidade quando técnica. Nenhum jovem sai para se divertir para não retornar. Todas as providências foram e estão sendo tomadas para que familiares e a tropa em questão não tenham ainda mais traumas a digerir, refletir e, por fim, lhes sobreviver, porque assim a vida pede", finalizou.

 

Confira a carta na íntegra:

Precisamos falar sobre a ação policial sim, e para tal um inquérito está em andamento. Mas precisamos falar também sobre a crise de autoridade que permite um jovem esmurrar um policial a fim de evitar ser conduzido. Precisamos falar também sobre o excesso de álcool, da regulação das festas e da boa educação que precede e previne o comportamento delituoso.

Precisamos falar ainda, com relevo neste caso, sobre a ausência de fiscalização e proibição de eventos regados a álcool em locais públicos; verdadeiro combustível para a quebra da ordem.

Poucos sabem mas não é apenas a PM a deter o "poder de polícia" para evitar males como esse. Regulação; fiscalização; notificação e embargo, são palavras que antecedem o trabalho policial ali --- e evitam tragédias.

Pois, diante de fatos complexos não podemos dar respostas simples, do tipo "certo" ou "errado", colocando em xeque quem chega para resolver.

Perdemos todos com a perda de uma vida. Nenhum policial sai de casa com esse propósito, embora consciente dessa possibilidade quando técnica. Nenhum jovem sai para se divertir para não retornar.

Todas as providências foram e estão sendo tomadas para que familiares e a tropa em questão não tenham ainda mais traumas a digerir, refletir e, por fim, lhes sobreviver --- porque assim a vida pede.

A sabedoria veda o juízo precipitado, eximindo de responsabilidade ou culpando quem quer que seja. Para isso já temos o inflamado tribunal mídiatico.

Respeitemos, contudo, a gravidade dos fatos com ações enérgicas de modo que situações trágicas como a ocorrida em Vera jamais se repitam em nosso Estado. Sobretudo que todos os nuances sejam esclarecidos em respeito à sociedade verense que tão bem acolhe o trabalho policial.