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Investigação

Juiz afastado afirma que gastou R$ 750 mil com pais de santo e terreiro

Ivan Lúcio Amarante atuava na comarca de Vila Rica e foi afastado por suspeita de envolvimento em venda de sentenças

Polícia | 02 de Junho de 2025 as 15h 31min
Fonte: Repórter MT

Foto: Divulgação

O juiz Ivan Lúcio Amarante, de Vila Rica (1.152 km de Cuiabá), alegou, em uma Reclamação Disciplinar que tramita no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra ele, que a suposta propina recebida através de sua esposa Mara Patrícia Nunes Amarante, em torno de R$ 750 mil, teria sido usada para o seu desenvolvimento espiritual e religioso com pais de santo e terreiros.

Ivan está afastado do cargo desde outubro de 2024, por suspeita de participar de um esquema de vendas de sentenças no Poder Judiciário e Superior Tribunal de Justiça (STJ), que foi descoberto após a morte do advogado Roberto Zampieri, assassinato em dezembro de 2023, em Cuiabá.

Segundo as investigações da Polícia Civil de Mato Grosso, Ivan mantinha uma amizade íntima com Zampieri e recebia vantagens indevidas do advogado através de empresas de transporte e logística de fachadas, constituídas em nome de sua atual esposa Mara Patrícia Nunes Amarante, e sua ex-esposa, Jucimara de Souza Amarante.

Os valores seriam repassados por elas para a conta do juiz. Conforme o ministro Mauro Campbell, relator da Reclamação Disciplinar, entre setembro de 2023 e julho de 2024, Ivan Amarante recebeu 43 transferências de Mara Patrícia, totalizando R$ 750,9 mil. Já entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023, o magistrado também recebeu 10 transferências de Jucimara, totalizando R$ 208 mil.

“Ainda segundo defesa, os valores repassados por Mara ao Reclamado foram para o seu desenvolvimento espiritual e religioso”, citou o ministro ao ler os argumentos da defesa de Ivan.

A investigação identificou as seguintes transferências para terceiros, dentre eles dois pais de santo e uma pessoa ligada a um terceiro pai de santo: Fernando César Parada R$ 250,5 mil, Diego Cerqueira Oliveira R$ 74,9 mil, Marcionei Dias Ferreira R$ 217 mil, Aline Melo R$ 235 mil.

Ivan explicou que enviou R$ 250,5 mil para Fernando César Parada, pai de Santo e dirigente de Centro Espírita Terreiro Nossa Senhora do Rosário, localizado em São Paulo.

Ele disse ainda que Marcionei também é pai de santo e dirigente, há mais de 30 anos, de um terreiro localizado em Cuiabá.

Ainda segundo o juiz, Silvio Fernandes é outro pai de santo que recebeu transferência dele. O homem é dirigente da Igreja da Alta Magia Sociedade Religiosa Zé Pelintra Do Cotimbó, que tem como nome fantasia Templo de Lúcifer e fica localizada em Gravataí (RS). Já Aline Melo é esposa de Silvio e presidente da referida organização religiosa.

Outros gastos

Além disso, Ivan teria gasto ainda mais de R$ 200 mil em joias, quase R$ 100 mil em armas e pelo menos R$ 1 milhão com imóveis não declarados.

O juiz disse ainda na Reclamação que enviou dinheiro para uma mulher com quem iniciou um relacionamento extraconjugal, que mora na fronteira entre o Brasil e o Uruguai. Ela queria comprar um carro Jeep Renegade e o juiz emprestou o valor a ela.

 

Subordinado a Zampieri

O processo contra o juiz revelou ainda que Zampieri pautava as condutas do magistrado e indicava os pedidos que deveriam ser ou não acolhidos e as teses jurídicas que deveriam ser adotadas pelo juiz. Por outro lado, o juiz orientava Zampieri em relação às teses jurídicas que deveriam ser adotadas pelo advogado nas ações dele. 

No dia 29 de maio, Ivan Lúcio Amarante foi alvo de busca e apreensão na 8ª fase da Operação Sisamnes, deflagrada pela Polícia Civil. Por determinação do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF). O juiz continua afastado do cargo e teve R$30 milhões bloqueados.