Pegou Mal!
Notícias dos Poderes | 21 de Novembro de 2023 as 13h 19min
Tem uma foto jornalisticamente muito boa, mas politicamente desastrosa, do presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Eduardo Botelho, circulando pelos sites de notícia. A imagem foi usada pelo site Veja Bem MT algumas vezes para ilustrar diferentes notícias sobre o presidente.
Nossa redação não conseguiu o nome do autor da foto – nas publicações não há crédito. Então não há como precisar qual era o contexto em que a imagem foi registrada. O fato é que a obra superou a cena. A mensagem semiótica que a foto transmite foi resignificada.
Nessa fatídica imagem congelada, Botelho aparece cercado de repórteres, com microfones, gravadores e celulares apontados em sua direção. Todos estão em riste, nas mãos dos jornalistas, como lanças direcionadas para o político. Todos menos um! O mais poderoso microfone está na mão do presidente. Nas suas duas mãos, concentrando o total controle de quando vai começar falar nele e quando vai decidir parar.
Jornalisticamente a foto é boa porque é inusitada. Pelo menos no passado, já foi protocolo da maior emissora do país jamais deixar alguém, que não fosse o repórter, segurar o microfone da Globo. Além do que, é o presidente da Assembleia Legislativa fazendo isso.
Politicamente a imagem é um desastre porque pode ser aplicada em um contexto que deixa Botelho em uma situação sensível. Muitos veículos de comunicação, principalmente do interior do Estado, mas também na capital, tem reclamado da forma como o presidente vem distribuindo os recursos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso destinado a publicidade e divulgação. A Casa de Leis tem um orçamento, que não é pouco, especificamente separado para comprar espaço em veículos de comunicação afim de comunicar-se com a população. É importante que se diga o óbvio: esse dinheiro é para a ASSEMBLEIA do Estado ter espaço, não para o Botelho.
O presidente pode afirmar que quem direciona os recursos de publicidade da Assembleia são as agências devidamente contratadas e que para tal seguem critérios técnicos. O fato é que desde que Botelho começou a se postular como candidato a prefeito de Cuiabá, por acaso, os investimentos em propaganda nos veículos do interior começaram a “minguar”, enquanto as duas grandes emissoras da capital passaram a receber mais. É uma coincidência “técnica” favorável demais para Botelho.
Por fim, a foto evoca a gafe histórica de relação entre Político x Imprensa, protagonizada pelo ex-governador Pedro Taques, quando ordenou o seu assessor para que alguém o questionasse se havia obra do seu adversário político naquela cidade. Instantes depois, um repórter solta a tal pergunta. O áudio vazado de Taques só não foi melhor do que sua falsa cara de surpresa com a pergunta.
Com o microfone na mão, Botelho nem precisa mandar um assessor pedir para um repórter fazer tal questão. Ele mesmo pode se perguntar.
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