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Na tempestade, não se troca o capitão

Notícias dos Poderes | 14 de Março de 2023 as 17h 48min

A comissão de permanente de saúde da Câmara de vereadores de Sinop pediu, formalmente, ao prefeito Roberto Dorner, para que afaste a secretária de Saúde do município, Daniela Galhardo, das funções. O documento enviado na manhã desta quarta-feira (14), é assinado pelos vereadores Hedvaldo Costa, Moisés do Jardim do Ouro e Luis Paulo da Gleba. Embora sejam os titulares da comissão de saúde no poder legislativo, não conhecem a fundo o setor: Hedvaldo é professor, Moisés comerciante e Luis Paulo, zootecnista.

O pleito dos vereadores tem motivação popular. O documento cita a morte da pequena Manuelle Tecchio, de apenas 3 anos de idade, obtido que ocorreu dentro da UPA 24h. Os vereadores afirmam que a trágica morte não é a única razão do pedido de afastamento e que outros pontos relacionados à gestão da UPA devem ser averiguados – e por isso a necessidade de afastar a secretária.

A dor, o medo que um caso desses desperta e o clamor popular não podem ser os únicos balizadores de um vereador. É preciso saber equilibrar razão e emoção, sem deixar o desejo de ser aplaudido pelo seu eleitorado tomar a frente.

A saúde pública é um assunto complexo. Mesmo quando a gestão está azeitada, podem ocorrem fatalidades. A saúde de Sinop, especificamente, tem um histórico de insuficiência. Desde a fundação da cidade tenta-se corrigir o déficit entre a demanda existente e a estrutura disponível. As coisas podem não estar indo bem na UPA de Sinop – no geral, quase nunca estão. Mas a resposta para o problema é trabalhar com um funcionário a menos?

Nos momentos de tempestade não se troca o capitão. Há muitas críticas à saúde pública que se oferece em Sinop, mas nenhuma relacionada à inação da secretária. Daniela é enfermeira de formação, vive na cidade há mais de 23 anos e conhece a gestão da saúde pública por dentro. Antes de ser a titular da pasta, foi adjunta ainda na gestão da ex-prefeita Rosana Martinelli, se manteve no cargo com a troca de prefeito e, em setembro de 2021, quando Valério Gobatto foi exonerado, ela assumiu a bronca interinamente. Por falta de um nome melhor, Dorner a nomeou titular dois meses depois.

À frente da Saúde, Daniela trocou a gestão da UPA, rompendo o antigo contrato. Cingiu – em caráter emergencial, é verdade – um novo contrato, maior, mais caro, para tentar atender o que de fato é o serviço da UPA. Não conseguiu lançar uma licitação descente nesse tempo, mas estabeleceu um novo contrato, emergencial novamente, mas que também cresceu em tamanho e atribuições. Enquanto os vereadores pedem seu afastamento, Daniela prepara enfim a licitação para que uma nova gestão seja contratada para UPA. Ou seja, ela não está parada.

No caso específico da Manuelle, sua resposta foi imediata. Afastou o profissional médico envolvido e abriu uma sindicância. Alguns diriam que o simples afastamento da médica já foi uma medida aguda demais, fruto da comoção popular. O regular é abrir a sindicância e determinar depois.

Não se trata de defender a secretária ou dizer que a saúde de Sinop é majestosa. O caso é saber que temos problemas e não agir para piorá-los.