Ataque cibernético
Ataque hacker levou R$ 670 milhões, mais do que o estimado
Foi o segundo episódio em dois meses contra o meio de pagamento do Banco Central. PF investiga o caso. Para analistas, é preciso reforçar supervisão
Notícias dos Poderes | 01 de Setembro de 2025 as 08h 19min
Fonte: O Globo

A Sinqia, empresa que conecta os bancos ao sistema Pix, foi alvo de um ataque hacker na tarde de sexta-feira, que resultou no desvio de R$ 670 milhões, segundo fontes, um montante maior do que o estimado inicialmente. Deste total, R$ 630 milhões eram do HSBC e R$ 40 milhões da Sociedade de Crédito Direto Artta. Os criminosos tentaram desviar mais recursos, em montante superior a R$ 1 bilhão, mas foram barrados pela ação do Banco Central (BC).
O episódio ocorre exatamente dois meses após a fraude na C&M Software, outra empresa responsável por fazer a ligação entre bancos e fintechs ao sistema de meio de pagamento do BC. Na avaliação de especialistas, o novo caso movido a problemas com empresas de tecnologia expõe brechas que apontam a necessidade de aprimorar regras e supervisão do sistema.
R$ 366 milhões bloqueados
Do total de recursos desviados, R$ 366 milhões já foram bloqueados. As equipes envolvidas seguem mobilizadas para recuperar o restante do valor roubado, e a Polícia Federal investiga o caso. A Sinqia está sem acesso ao ambiente Pix.
Em nota, a empresa afirmou que investiga o caso e trabalha para reconstruir os sistemas afetados em um novo ambiente com monitoramento e controles aprimorados. “Depois que o ambiente for reconstruído e estivermos confiantes de que está pronto para ser colocado de volta em funcionamento, o Banco Central irá revisá-lo e aprová-lo antes de colocá-lo novamente on-line.”
Contas não foram afetadas, diz HSBC
O HSBC afirmou que identificou transações financeiras via Pix em uma conta de um provedor do banco. E acrescentou que a operação não afetou contas de clientes ou fundos, pois o impacto teria ocorrido exclusivamente no sistema do provedor.
“O banco esclarece ainda que medidas foram tomadas para bloquear essas transações no ambiente do provedor. O HSBC reafirma o compromisso com a segurança de dados e está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações", afirmou.
A Artta confirmou, em nota, o ataque e disse que o incidente atingiu contas que mantém diretamente no BC para liquidação interbancária, sem impacto para os clientes. "Não houve ataque ao ambiente da Artta nem às contas de nossos clientes”, afirmou.
Foco em regulação e supervisão
No começo de julho, um ataque à C&M foi facilitado, segundo os investigadores, por um funcionário da empresa que repassou credenciais aos criminosos. Naquele caso, foram desviados mais de R$ 800 milhões. Dois meses depois do desvio, o trabalho para rever a totalidade dos recursos ainda continua.
Embora o sistema do BC não tenha sido invadido em nenhum dos dois episódios, técnicos ouvidos sob reserva avaliam que os ataques colocam os problemas de regulação e supervisão do órgão em evidência, sobretudo devido à redução crônica de pessoal e às limitações financeiras.
O quadro de funcionários do BC vem passando por redução drástica nos últimos anos, com aposentadorias e perda de talentos para outros órgãos ou para o setor privado. Mas as atribuições do regulador aumentam devido ao crescimento e diversificação das instituições reguladas e dos modelos de negócios.
Provedores de serviço de tecnologia
O advogado Aylton Gonçalves, especialista em regulação financeira, avalia que o novo ataque mostra que pessoas envolvidas em atividades ilícitas parecem ter compreendido dois elementos importantes quanto ao mercado de provedores de serviços de tecnologia: a concentração, com apenas sete empresas ativas, e a a dependência operacional de instituições reguladas pelo BC, considerando que várias precisam dessas empresas para seus negócios. Ele reforça que é importante o BC avançar na supervisão e regulação dessas empresas:
— É muito importante que a supervisão dessas empresas seja mais robusta. Além disso, é possível pensar na necessidade de que a regulação avance quanto à prevenção a fraudes e segurança cibernética — disse.
Algumas limitações da carreira no BC, porém, podem ser um entrave. O Pix funciona 24h por dia e sete dias por semana, mas não há previsão para pagamento de adicional noturno ou de horas trabalhadas aos fins de semana para o monitoramento. Interlocutores ainda avaliam que é necessário rever regras relativas a instituições reguladas e a empresas de tecnologia — algo que, da mesma forma, demanda recursos e pessoal.
Pessoas com conhecimento no assunto afirmam que, do ponto de vista de segurança, o ideal seria que cada instituição tivesse seu próprio acesso ao sistema do BC, mas reconhecem que seria inviável para as empresas menores devido ao custo. O regulador tem uma rede específica para a comunicação com as instituições financeiras, com criptografia forte e baseadas em certificados digitais.
Os participantes que se conectam diretamente a esta rede por meio de links privados na sede da instituição. Além disso, cada operação tem uma chave única, verificada pelas duas partes (BC e instituição).
Notícias dos Poderes
Homem é condenado a 456 anos por abusar da filha e transmitir crimes pela internet no AM
Abusos ocorreram entre julho e setembro de 2024 e foram exibidos por meio de um aplicativo da darkweb voltado para transmissões ao vivo.
01 de Setembro de 2025 as 09h23Homem é executado a tiros na frente da mãe em Juara
Criminosos encapuzados invadiram a residência e dispararam três vezes contra a vítima; mãe de 70 anos presenciou o crime
31 de Agosto de 2025 as 18h23Empresa investigada pela PF pagou R$ 300 mil a filha de ministro do STJ
Fource é de Cuiabá, é investigada e está sob suspeita da compra de decisões do Tribunal de Justiça e do STJ
01 de Setembro de 2025 as 07h34Lobista de MT acumulou frota de 396 veículos e 4 aeronaves
Investigação suspeita que empresas de Andreson Gonçalves, que têm poucos funcionários, serviam para lavagem de dinheiro
01 de Setembro de 2025 as 07h31Própria mãe de estuprador em série e assassino entregou localização à Polícia Civil
29 de Agosto de 2025 as 23h27Homem que estuprou e matou na UFMT é responsável por pelo menos outros 3 crimes semelhantes
29 de Agosto de 2025 as 17h07Servidora pública de 28 anos é morta a facadas pelo ex-marido
Homem invadiu a casa e esfaqueou a vítima diversas vezes; mãe e filha da mulher estavam no local
29 de Agosto de 2025 as 14h37Laudo revela 18 facadas e golpe fatal no coração de fonoaudióloga
O crime ocorreu no último domingo (24), em Sinop, e o marido da vítima, Lucas França, foi preso
28 de Agosto de 2025 as 21h43