Zampieri ofereceu relógio de R$ 250 mil como 'suborno' para desembargador de MT, diz investigação

Entre os diálogos analisados pela Polícia Federal (PF) do desembargador afastado João Ferreira Filho com o advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023, uma conversa levanta a suspeita dos investigadores quanto a possibilidade de suborno. Na conversa, Zampieri oferece um relógio da marca Patek Phillipe, avaliado em R$ 250 mil, para que o desembargador analisasse um caso. A informação consta em decisão do Supremo Tribunal Federal, assinada pelo ministro Cristiano Zanin no último dia 21 de novembro. 

A proposta teria sido feita por Zampieri no dia 8 de novembro de 2023, mas o desembargador respondeu que só retornaria para Cuiabá no dia 14 daquele mês.

Dias depois, Zampieri voltou a falar do relógio com um homem chamado Valdoir Slapak, apontado como interlocutor e empresário. Na conversa, o advogado cobrou de Valdoir o valor do relógio, para presentear o desembargador. Em resposta, Valdoir ofereceu duas caminhonetes para quitar uma conta de R$ 400 mil que tinha com o advogado.

O desembargador foi alvo da Operação Sisamnes, deflagrada na manhã desta terça-feira, 26 de novembro, pela Polícia Federal. Durante a ação, o magistrado teve materiais eletrônicos apreendidos em seu escritório e em seu gabinete no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).

As investigações sobre o esquema de venda de sentenças foram viabilizadas a partir da perícia no celular do advogado Roberto Zampieri, que foi assassinado em dezembro do ano passado. A quebra de sigilo telefônico revelou laços de proximidade entre o jurista e membros do Poder Judiciário.

Além de João Ferreira Filho, o desembargador afastado Sebastião Moraes, e outras 13 pessoas, também foram alvos da operação.