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Crise na gestão

Unimed Cuiabá: ano contábil de 14 meses gera polêmica

Geral | 23 de Julho de 2024 as 11h 27min
Fonte: Redação

Foto: Divulgação

Uma análise feita pelo site “Unimed Sem Medo” sobre a Cédula C revela que a gestão da Unimed Cuiabá transformou 2022 em um ano contábil de 14 meses. Essa peculiaridade surge da prática histórica da cooperativa de carregar contas de um ano para o outro devido aos prazos de recebimentos, conferências e reconhecimento contábil.

Desde a fundação da cooperativa, o ano subsequente sempre inclui contas de eventos do ano anterior, criando um ciclo contínuo onde cada ano absorve pendências do anterior. No entanto, ao refazerem o balanço de 2022, a gestão atual devolveu todas as contas que haviam sido transferidas para 2023, sem retirar as contas herdadas de 2021, resultando em um desequilíbrio significativo.

Esse desequilíbrio fez com que 2022 registrasse despesas equivalentes a 14 meses. Em contraste, 2023 – o primeiro ano da gestão Bouret – registrou apenas 10 meses de despesas, uma vez que, atipicamente, não carregou nenhuma conta do ano anterior, mas enviou contas para o ano seguinte. Mesmo com esse cenário, a diretoria ainda conseguiu gerar um prejuízo de 60 milhões de reais.

A explicação oficial da gestão sobre a discrepância entre a Cédula C e a produção relatada foi contestada. Eles atribuíram a diferença a regimes contábeis distintos (caixa e competência), mas essa justificativa foi desmentida, já que a produção considerada para rateio precisa ser a mesma do balanço.

O balanço, que inclui contas a receber, contas a pagar e provisionamentos, não considera toda a competência dos eventos. Relatórios dos últimos balanços mostram cortes em dezembro e há o prazo de anúncio dos eventos a ser considerado, já que procedimentos realizados em meses anteriores podem não ser relatados até o ano seguinte. A ANS exige provisionamento para esses eventos futuros através da PEONA.

Quando a Unimed enviou a Cédula C, o balanço em vigor era o que havia sido rejeitado. No refazimento, a gestão alterou o passado para ajustar o futuro, resultando no ano de 14 meses em 2022. Essa discrepância só ocorreu em 2022, com os anos anteriores mostrando valores equivalentes entre a Cédula C e a produção no balanço.

 

PPSC e Alegações de Fraude

As Provisões para Perdas Sobre Créditos (PPSC) cobrem possíveis inadimplências futuras. A gestão, em sua explicação, admitiu alterar provisões do passado com base no conhecimento futuro, prática considerada fraudulenta.

Alegaram que o aumento de 55 milhões nas provisões se deu por:

  • 27 milhões em adiantamentos a receber;

  • 6 milhões em perdas com intercâmbio;

  • 8 milhões em perdas com medicamentos;

 

Os 27 milhões em adiantamentos estavam em auditoria e, ao cancelarem as contas de adiantamentos e toda a auditoria, não seria necessário incluir isso nas provisões, a menos que tenham favorecido alguns.

As perdas de 6 milhões em intercâmbio ocorreram em 2023 e não poderiam aumentar as provisões de 2022. As perdas com medicamentos aumentam a cada comunicado, necessitando perícia do conselho fiscal.

Reversões de valores no ano seguinte, ao contrário do que alegam, ocorrem sim. A PPSC, por normativa da ANS, tem sua reversão incluída como receita e não demonstrada claramente no balanço.

 

Sobre a Auditoria e ANS

Chamar a PP&C de “uma das maiores” descredibiliza o comunicado da gestão, pois as grandes auditorias são PwC, Deloitte, EY, KPMG. A PP&C é apenas uma parceira.

A ANS fiscaliza a Saúde Suplementar visando o cliente, não os cooperados. Ela verifica erros contra o cliente, não erros que desfavorecem a operadora. Se a Unimed declarar prejuízo de 400 milhões, a ANS não contestará.

 

Outro lado

A redação do MT Notícias fez contato com a assessoria da Unimed por email. Mas não obteve retorno. Segue abaixo o comunicado interno distribuído pela cooperativa sobre o assunto.