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Boa noite, Segunda Feira 20 de Outubro de 2025

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Suspeitas no judiciário

PF aponta 41 vínculos de empresário e rede para manipular ações

Grupo é suspeito de usar a Fource como fachada para burlar credores e interferir em decisões do STJ

Geral | 20 de Outubro de 2025 as 14h 46min
Fonte: Mídia News

Foto: Divulgação

Um relatório parcial da Polícia Federal detalha a estrutura de um suposto esquema de corrupção, por meio de compra de sentenças, operado por meio da empresa Fource Consultoria, sob o comando dos empresários Valdoir Slapak e Haroldo Augusto Filho.

O documento, com 374 páginas, aponta que o grupo criou uma rede de empresas e intermediários para burlar credores, simular litígios e influenciar decisões judiciais, inclusive no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Segundo a PF, Valdoir Slapak mantém 41 vínculos formais registrados em seu CPF, sendo 22 como sócio e 19 como ex-sócio de diferentes empresas, espalhadas em diversos ramos de atividade.

Já Haroldo Augusto Filho possui participação societária em 13 empresas, algumas delas utilizadas como instrumentos de transferência e ocultação de ativos.

O relatório afirma que essa estrutura empresarial serviria como mecanismo de blindagem patrimonial, permitindo que ativos financeiros fossem transferidos para fora do alcance de processos de falência e recuperação judicial.

A operação, segundo a PF, era sustentada por contratos simulados, emissão de notas fiscais falsas e cessões de crédito artificiais, criando uma aparência contábil e legal para transações ilícitas.

Esvaziamento da massa e aparência de legalidade

O documento descreve que o expediente, típico em fraudes falimentares, produzia dois efeitos principais: 1) Esvaziava a massa falida, frustrando credores e comprometendo a efetividade dos processos de recuperação; e 2) Criava um lastro documental fictício, legitimando a circulação de valores no sistema financeiro com aparência de legalidade.

A PF conclui que o grupo estruturou um modus operandi sofisticado, combinando ferramentas jurídicas, influência política e acesso privilegiado a instâncias do Judiciário.

As investigações indicam que Haroldo Augusto Filho, em conjunto com Valdoir Slapak, gerenciava as atividades da Fource, sendo responsáveis pela seleção de casos estratégicos e análise de demandas com potencial econômico.

Ao advogado Roberto Zampieri cabia a função de intermediador, organizando ações, ajustando encaminhamentos e articulando contatos externos. O lobista Andreson, por sua vez, tinha atuação concentrada em Brasília, com foco especial no STJ.

O relatório afirma que ele se valia de acesso privilegiado a servidores e gabinetes para manejar prazos, minutas e pautas de julgamento, favorecendo interesses da Fource e de seus clientes.

Fraudes ligadas ao agro

Um dos capítulos do relatório aborda a conexão entre as fraudes e o setor do agronegócio, afirmando que grande parte das falências e recuperações judiciais sob suspeita envolvia empresas do ramo agrícola e de insumos rurais.

Segundo os investigadores, o grupo aproveitava a flexibilidade da Lei nº 11.101/2005 (Lei de Recuperação e Falência) e o desequilíbrio de informações entre credores e devedores para distorcer decisões judiciais e preservar patrimônio.

A PF ressalta que a Fource Consultoria apresentava-se como especialista em reestruturação de empresas, mas, na prática, operava como centro de manipulação de processos e canal de lavagem de dinheiro proveniente de acordos judiciais simulados.

Acesso ao Judiciário e corrupção

Trechos do relatório destacam comunicações interceptadas entre os investigados, incluindo mensagens de WhatsApp trocadas entre Haroldo, Zampieri e Andreson, nas quais discutiam estratégias para influenciar decisões e acelerar julgamentos.

As conversas indicam que demandas eram direcionadas a magistrados específicos, e que pautas e votos eram monitorados com antecedência.

O relatório parcial indica ainda a existência de transações bancárias reiteradas entre CNPJs ligados à Fource e contas controladas por Zampieri, somando R$ 14,5 milhões em transferências.

A Polícia Federal aponta que parte dos valores correspondia a pagamentos de propina e honorários disfarçados.

Conclusão da investigação parcial

Na conclusão, o relatório afirma que a Fource Consultoria foi o pilar de impulsionamento do esquema criminoso, atuando na burlagem de credores, simulação de litígios e homologação de acordos artificiais.

Os investigadores apontam indícios de corrupção judicial envolvendo três gabinetes do STJ, o que levou à abertura de procedimentos específicos em Brasília.