Tensão crescente
O que está por trás da onda de ataques de tigres e ursos na Rússia e no Japão
Falta de alimento tem feito os animais se aventurarem fora de seus habitats e provocado confrontos com humanos
Geral | 10 de Novembro de 2025 as 15h 05min
Fonte: Revista Um só planeta

Este ano, o leste da Rússia se transformou em palco de uma tensão crescente entre humanos e o tigre-de-amur (ou tigre-siberiano). Os animais começaram atacando cães e gado e, depois, pessoas. Os ataques estão se multiplicando, deixando comunidades inteiras em alerta.
Em janeiro, um pescador foi arrastado por um felino. Algumas semanas depois, um guarda florestal foi morto. Em março, outro homem foi parcialmente devorado.
A razão para isso, segundo especialistas, é a fome. Uma epidemia de peste suína africana varreu a região. A doença matou um grande número de javalis, principal fonte de alimento para os tigres e particularmente apreciado pelas fêmeas com filhotes.
Além disso, a caça de cervos e o aumento da exploração madeireira nas áreas de habitat dos tigres contribuíram para que os predadores saíssem dos locais onde vivem em busca de alimento.
Segundo o jornal The Guardian, algumas regiões registraram um aumento de 1.000% nos incidentes de conflito entre humanos e os animais. Em um ano normal, ocorrem poucas mortes e capturas. Mas entre outubro de 2024 e setembro deste ano, pelo menos 17 tigres-de-amur foram mortos e 27 capturados.
“Os tigres estão com fome. É por isso que estamos vendo esses incidentes”, disse um especialista que não teve o nome divulgado.
Governo x ambientalistas
Em 2008, o presidente russo, Vladimir Putin, apoiou os esforços de conservação do tigre-de-amur. As autoridades afirmam que existem agora cerca de 750 indivíduos na natureza, um aumento significativo em relação à década de 1940, quando o número era de apenas 40.
Contudo, de acordo com a reportagem, poucos confiam na precisão desses números. E muitos também suspeitam que os grandes felinos estejam em situação muito mais crítica do que as autoridades reconhecem.
Até porque o Centro do Tigre-de-Amur, principal órgão responsável pela conservação da espécie, foi criado por Putin. O conselho para a sua conservação é supervisionado pelo ministro da Justiça, Konstantin Chuychenko, e a ex-ministra das Relações Exteriores da Áustria, Karin Kneissl, aliada do presidente russo, é embaixadora internacional para a proteção dos tigres.
Especialistas dizem que poucos pesquisadores independentes e grupos de conservação têm permissão para trabalhar na proteção do animal.
Recentemente, Sergey Aramilev, diretor-geral do Centro do Tigre-de-Amur, minimizou a situação. “Mortes humanas em ataques de tigres-de-amur são extremamente raras. De 2010 a 2024, foram registrados 20 ataques a humanos, resultando em 13 feridos e sete mortes. Desses 20, 18 foram provocados por humanos”, pontuou.
E acrescentou: “Dois casos recentes em 2025 foram consistentes com as estatísticas gerais. Ambos os tigres apresentavam múltiplos ferimentos por arma de fogo. Portanto, a alegação de agressão não provocada de um tigre contra um humano é inverossímil e existe apenas em publicações online não confiáveis”.
Ambientalistas enfatizam que é preciso fazer mais para proteger as florestas que abrigam os tigres. “Se preservarmos o ecossistema, preservamos os tigres. A peste suína africana não seria um problema tão grande se a floresta estivesse em boas condições”, afirmou um deles, que também não teve o nome revelado.
No Japão, os conflitos são com ursos
Enquanto isso, no Japão, tem aumentado os confrontos entre ursos e humanos. Um dos casos mais recente aconteceu na última quinta-feira (6) na província de Fukushima, aponta o The Independent. Um homem de cerca de 50 anos foi cortado na nuca enquanto caminhava pela cidade de Aizubange. Ele foi levado ao hospital, mas não corre risco de morte.
Desde abril, pelo menos 100 pessoas foram atacadas por ursos no país, resultando em 13 óbitos, um recorde. Dois terços deles ocorreram nas prefeituras de Akita e Iwate.
Assim como no caso dos tigres, a falta de alimento também é a principal razão para isso. Os responsáveis pela área florestal afirmam que jardins tomados pelo mato e casas abandonadas deram aos ursos mais lugares para se esconderem e procurarem comida perto de comunidades.
O Ministério do Meio Ambiente do Japão disse estar revisando medidas para controlar a população de ursos e pediu que as pessoas em áreas de alto risco colham frutos de árvores, evitem deixar restos de comida ao ar livre e carreguem consigo sinos ou instrumentos sonoros ao caminhar perto de florestas.
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