Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Bom dia, Sexta Feira 02 de Maio de 2025

Menu

Sinop

O fim da rodoviária ‘provisória’ que durou 38 anos

Comerciantes reagem a mudança, insistindo em seus comércios, migrando para o novo terminal ou buscando novos sonhos

Geral | 09 de Setembro de 2022 as 13h 54min
Fonte: João Silvestri Klein

Foto: João Silvestri Klein

Localizada na Avenida Júlio Campos, centro de Sinop, a antiga rodoviária que funcionou durante quase 40 anos, encerrou as operações no último dia 28 de agosto. A cidade tem um novo terminal, localizado na Avenida dos Jacarandás com Avenida das Palmeiras. A mudança foi justificada pelo crescimento da cidade.

O local que até então chamamos de rodoviária, começou como um ponto de ônibus. A estrutura provisória foi sendo remendada conforme a cidade crescia. No fim chegou a contar com 12 empresas em operação, recebendo cerca de 12 mil passageiros por mês.

Assim que a nova rodoviária foi ativada, a velha estrutura começou a ser desmobilizada. Paredes foram erguidas, fechando as áreas onde antes transitavam passageiros. Alguns comerciantes deixaram o local e outros ainda insistem em manter a atividade.

O imóvel da antiga rodoviária não é público. Ele pertence a dois donos. A parte onde está o prédio, onde operou os terminais e demais comércios, pertence a Celso Trierweiller. Já a parte do estacionamento e um pedaço do pátio onde manobravam os ônibus é da Colonizadora Sinop, empresa que fundou a cidade. Durante anos a Colonizadora locou para Trierweiller esse imóvel – com uma certa dificuldade de receber pelo aluguel. Uma ação judicial de cobrança autorizou o despejo de Trierweiller no ano de 2011. Articulações políticas levaram a Colonizadora a ceder a retomada da posse para não inviabilizar o funcionamento da Rodoviária.

Ainda não há uma definição quanto ao aproveitamento desse imóvel a partir de agora. No Prodeurbes – departamento de engenharia da prefeitura de Sinop – nenhum projeto de reforma ou de mudança foi protocolado para este imóvel.

 

Histórias de um terminal

O fim da velha rodoviária marca a história de algumas pessoas que por anos ocuparam aquele local. Nesse espaço onde tudo era passageiro, menos o motorista e o cobrador, Alcemiro Porto passou 17 anos. Ele foi até o fim o responsável pela administração do Terminal. “A mudança era necessária porque a cidade cresceu e o novo espaço é maior e melhor para atender a população”, opina Porto.

Enquanto algumas pessoas ficaram para trás, outras embarcaram para o novo destino. Gabriel Zacharias trabalha em uma empresa de encomendas e passagens. Para ele, a mudança foi benéfica e sua expectativa está alta. “Aqui (na nova rodoviária) terá muitas possibilidades. O novo local é maior e podemos trabalhar com maior qualidade”, avaliou.

Waldemar Frühling é um dos empresários que não embarcou no novo terminal. Ele é proprietário do Hotel Frühling, que operou junto à velha rodoviária por mais de 23 anos. A mudança repentina pegou o empresário de surpresa. “O número de hospedes caiu 70%. Não há muito o que se fazer”, comentou. “Apesar da mudança, nosso Hotel continua funcionando, mesmo que agora com pouco movimento”, completou.

O mais antigo comércio em funcionamento na velha rodoviária era a Rodolanches – uma lanchonete que operava no terminal, bem em frente às plataformas de embarque. O comércio era administrado por Antonio Pauli, hoje com 68 anos. Ele veio de Umuarama (PR), em 1981 e em 1983 junto com seu irmão Ivo Pauli, abriu a lanchonete. “Graças à lanchonete, hoje tenho muitas coisas”. Com orgulho, ele ressalta que junto do irmão manteve uma longa sociedade. “Eu e meu Irmão tivemos a sociedade mais longeva da cidade de Sinop”, reivindica Pauli.

A lanchonete permaneceu ali desde a abertura até o encerramento das operações no local. Pauli relata que não quis ir ao novo terminal, devido à idade e que vai se dedicar a outros planos. “Talvez eu abra uma fábrica de salgados”, comentou.

O que Pauli sente ao ver a entrada do seu primeiro negócio agora sendo lacrada por uma parede de tijolos é singular. “É um impacto muito grande. Passei mais da metade da vida nesse local e muito de minhas realizações devo a isso”, declarou. Ainda assim, reconhece a mudança como necessária. “Uma cidade do tamanho de Sinop merece um lugar melhor”.

Pauli disse que jamais vai esquecer essa parte da sua vida e sempre terá a consciência tranquila de um serviço bem feito. “Durante todo esse tempo tivemos inúmeros desafios, mas conseguimos dar a volta por cima e pudemos oferecer a Sinop, 38 anos de serviços prestados”, finalizou.