Entrevista
‘Juara é um gigante adormecido que está despertando’
A afirmação é do prefeito, Carlos Sirena, sobre o momento de transição econômica que a cidade vive
Geral | 11 de Outubro de 2022 as 19h 20min
Fonte: Jamerson Miléski

Mais de 2,2 milhões de hectares. Esse é o tamanho de Juara, município no Noroeste de Mato Grosso. Para ter uma ideia do que essa dimensão representa, o Estado de Sergipe inteiro caberia dentro de Juara e ainda sobraria espaço para construir 72 mil campos de futebol. “É um gigante adormecido que está despertando”, comentou o prefeito de Juara, Carlos Sirena, durante a entrevista concedida ao GC Notícias.
A dormência do gigante tem causa conhecida. Assim como muitos municípios localizados na região da Amazônia Legal, Juara está distante dos grandes centros urbanos. Farta em áreas de terra, mas pobre em infraestrutura. Fora do eixo da BR-163, principal corredor logístico de Mato Grosso, Juara acabou ficando isolada ao longo da sua história. “Por muitos anos fomos considerados fim de linha”, declarou Sirena.
Atualmente com pouco mais de 35 mil habitantes, Juara tem uma economia “modesta”. O PIB (Produto Interno Bruto) – que é a soma das riquezas produzidas na cidade – registrado em 2019, foi de R$ 877 milhões. A maior parte vem do setor de serviços, 36%. O setor público, como prefeitura, câmara e outros órgãos, representam 25% do PIB. O setor agropecuário acrescenta 17% e a indústria 14%.
No panorama geral, o que mais se destaca na economia sempre foi a pecuária. Desde o começo dos anos 2000 o município conta com um rebanho bovino com mais de 900 mil cabeças de gado, oscilando até próximo de 1 milhão nos momentos de pico.
O “despertar” de Juara, pré-anunciado por Sirena, começa com a inversão do eixo logístico de Mato Grosso. Quando toda a produção agrícola do Estado rumava para o Sul, nos portos de Paranaguá, Santos e São Francisco do Sul, Juara não tinha competitividade para produzir grãos. O custo do frete em razão da distância geográfica inviabilizava a atividade.
Com a conclusão da BR-163 até Miritituba (PA), e a ampliação dos portos no chamado Arco Norte, cidade que eram “fim de linha” como Juara passaram a estar no começo da linha. A inversão do caminho feito pela soja reduziu o custo do frete e tornou as lavouras viáveis no Norte de Mato Grosso.
O histórico mostra essa virada de chave. De acordo com os dados do IBGE, há uma década, em 2012, Juara plantava míseros 300 hectares de milho e 530 hectares de soja. Na safra 2021 foram 20,6 mil hectares de milho e 60 mil hectares de soja. “Hoje Juara deve ter perto de 150 mil hectares de lavoura. A projeção é dobrar esse volume em 3 anos”, estima o prefeito.
Para Sirena, a transição do modelo de econômica, da pecuária extensiva para agricultura de commodities, é irrefreável. A rodovia estadual, MT-220, será, em breve, completamente pavimentada, conectando Juara à BR-163. Essa rota também será usufruída para os municípios ainda mais para o Oeste. O vale do Juruena vai passar por Juara, na MT-220, para acessar a BR-163. “Com logística e infraestrutura, a nossa dimensão territorial, que era uma desvantagem, passa a ser uma vantagem. Principalmente com o agronegócio em um bom momento”, argumentou Sirena.
Os efeitos dessa expansão das lavouras já estão sendo percebidos na cidade. Grandes grupos da produção de grãos estão comprando e arrendando terras em Juara. As empresas de insumos, maquinários e implementos também seguiram a marcha para Noroeste. Acompanhando ou tentando acompanhar a nova fase, empresários locais estão fazendo investimentos, ampliando seus comércios para atender uma demanda que até então não existia. “Juara tem 7 bancos, que não estão lá por acaso. Recentemente, 7 empresas do agro – insumos, peças e máquinas agrícolas – se instalaram em Juara. A transição da pecuária para agricultura está em curso e vai empurrar toda a economia”, analisou o prefeito.
A pecuária deve continuar importante na economia de Juara. Uma parte considerável das terras do município tem relevo acidentado, inapropriado para agricultura mecanizada. Sirena acredita que o rebanho acabará sendo direcionado para essas áreas e nas planícies, o pasto será convertido em lavoura.
E Juara está preparada?
Caso a previsão de Sirena se concretize e Juara triplique sua área plantada em 3 anos, a cidade terá 450 mil hectares produtivos – Sorriso tem 600 mil hectares de lavouras de soja. Juara está preparada para suportar esse “boom”?
A cidade tem alguns pontos a seu favor. Segundo Sirena, Juara está reformulando o seu Plano Diretor – conjunto de leis e normas que orienta a ocupação urbana. A previsão é de que o novo Plano Diretor seja aprovado até o final de 2022.
Sobre saneamento urbano, a cidade conta com coleta de lixo própria e até dezembro estará destinando seus resíduos para um aterro sanitário licenciado, fechando assim o “Lixão”. Os serviços de água e esgoto são feitos pela iniciativa privada através de concessão – como na maioria dos municípios do Norte. Sirena afirmou que os termos do contrato foram recentemente renegociados e que a obrigação é de que haja 100% de cobertura até 2025. Atualmente a cidade tem uma cobertura de 40% na rede de esgoto.
O trânsito está sendo modernizado, com dispositivos eletrônicos de controle de velocidade sendo instalados. Em sua cidade, Sirena é conhecido por “tirar Juara do buraco” – uma referência a precariedade das ruas do município antes da gestão. O fator é que Juara tem 4,5 mil km de estradas não pavimentadas. Desse total, 727 km de malha viária são estradas estaduais. Na parte urbana, 65% das vias são pavimentadas. Pelo menos 20% das vias foram asfaltadas na atual gestão.
O prefeito também leva crédito por ter retomado obras que se arrastavam por décadas. É o caso da pavimentação da pista do aeroporto local – cobrada há mais de 30 anos. Empresários patrocinaram o projeto e a prefeitura buscou um convênio com o Estado, que aplicou R$ 6,1 milhões na pavimentação da pista. “A obra está pronta e será importante para logística de Juara. Agora a busca será pela operação de voos comerciais”, explicou Sirena.
O atual prefeito também é responsável por recuperar convênios juto ao Governo Federal que estavam parados há 10 anos. É o caso da construção de escola uma escola técnica, e um centro esportivo e alguns projetos de pavimentação.
Na retaguarda da saúde, a principal estrutura é um hospital municipal, que passa por ampliação, oferecendo 42 leitos. A gestão é feita em parceria com o Estado. Na atenção básica a cobertura é de 90%. “Eu acredito que a política é uma ferramenta para promover avanço e que é importante promover a pacificação social. Não podemos esquecer dos prejuízos que as rixas políticas trouxeram para Juara. Esse tipo de visão não cabe mais nessa nova fase que o município vai atravessar”, concluiu Sirena.
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