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Estudo

Influencers são um dos principais perigos à sobrevivência de tribos isoladas, diz entidade

Geral | 28 de Outubro de 2025 as 15h 23min
Fonte: Extra Globo

Foto: Reprodução

A ideia é viralizar. Geralmente, eles atingem o objetivo. Mas também a sua irresponsabilidade "viraliza" de outra forma.

Influencers de viagem em busca de cliques estão colocando em risco a sobrevivência de tribos isolados em várias regiões do planeta. Uma entidade alertou que criadores de conteúdo que viajam pelo mundo representam uma ameaça terrível para essa populações, expondo-as a doenças desconhecidas, com potencial para exterminar a maioria delas em uma década.

"Os resultados do contato são catastróficos: as mortes devastadoras e previsíveis de crianças, pais, irmãos e amigos em escala genocida", declarou a defensora dos direitos indígenas Survival International em relatório publicado pelo jornal "The Times", de Londres (Inglaterra).

No artigo, intitulado "Povos Indígenas Isolados: no Limite da Sobrevivência", o grupo destacou que existem 196 grupos indígenas isolados em todo o mundo. Impressionantes 95% estão concentrados na Floresta Amazônica, enquanto o restante está espalhado pela Ásia e Pacífico.

Cerca de 90 dessas tribos antigas estão sob ameaça de turistas, missionários e "um número crescente de influenciadores que entram em territórios e buscam deliberadamente interagir" com essas tribos — apesar de o contato ser expressamente proibido em muitas regiões. Essa invasão crescente é potencialmente catastrófica, pois "apenas um indivíduo forçando o contato poderia matá-los a todos por meio da exposição a patógenos desconhecidos", assim como aconteceu com os colonos europeus com os nativos americanos, segundo o relatório.

A Ilha Sentinela do Norte — "uma ilha proibida no Oceano Índico que abriga o povo indígena mais isolado do mundo, os sentineleses" — tem sido um destino favorito para muitos desses caçadores cliques.

O relatório afirma que Miles Routledge, um aventureiro britânico com mais de 177 mil seguidores no YouTube, teria se gabado de "planos detalhados para visitar a ilha".

O britânico havia "afirmado que dados de satélite mostram que as autoridades indianas não estão monitorando a ilha adequadamente, facilitando sua chegada ilegal". Ele até planejava mudar o nome em seu passaporte para poder entrar na Índia sem ser notado.

Mykhailo Viktorovych Polyakov — Foto: Reprodução/YouTube
Mykhailo Viktorovych Polyakov — Foto: Reprodução/YouTube

Enquanto isso, o influenciador americano Mykhailo Viktorovych Polyakov, de 24 anos, em busca de aventura, foi preso na Índia em abril, após viajar nove horas em um pequeno bote inflável com motor de popa para chegar à ilha isolada, onde tentou chamar a atenção dos nativos assobiando e deixando uma Coca-Cola Diet e um coco.

O jornal observou que turistas ou influenciadores "em busca de aventura" são particularmente comuns na Ásia e no Pacífico. O seu "sucesso", com muitos views e muitas curtidas, e as suas hashtags acabam incentivando outros a se aventurarem por essas terras isoladas.

Influencers não são a única ameaça aos povos isolados. A Survival International também alertou sobre "pescadores ilegais que roubam a sua comida" e missionários que buscam evangelizar os isolados. Foi o caso de John Allen Chau, que foi morto pelos sentineleses em 2018 durante uma viagem missionária cristã.

Missionário americano John Allen Chau foi morto por sentineleses em 2018 — Foto: Reprodução
Missionário americano John Allen Chau foi morto por sentineleses em 2018 — Foto: Reprodução

"Esses esforços estão longe de ser inofensivos", escreveram os autores do relatórioi. "Todo contato mata. O contato expõe povos isolados a doenças e é quase invariavelmente acompanhado pelo roubo e destruição de terras das quais esses povos dependem para obter alimento, água, abrigo e medicamentos", acrescentou.