Grito do Ipiranga completa uma década

Há 10 anos produtores rurais do Norte de MT paralisaram o país reivindicando melhorias

Nesta quinta-feira (21) a cidade de Ipiranga do Norte, no norte de Mato Grosso, realiza um evento em memória dos 10 anos do “Grito do Ipiranga” – uma mobilização do setor produtivo que ganhou proporção nacional. A festividade inicia às 09h no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) do município.

O movimento surgiu em 2006, diante da maior crise enfrentada pelo setor produtivo. A data simboliza o dia em que os produtores mato-grossenses mostraram ao Brasil a sua importância e o peso do setor produtivo na balança comercial e no saldo de geração de empregos. “Foi por conta de toda a dificuldade que o nosso setor passava naquele momento que resolvemos nos unir e nos manifestar. Mas o Grito do Ipiranga me ensinou mais. Que não é queimando pneu que vamos conseguir melhorias, que apenas reclamar do governo não resolveria, mas se organizando por meio de associações e entidades”, disse o vice-governador Carlos Fávaro, que estará no evento.

Após o Grito do Ipiranga, Fávaro passou a ser delegado da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja). “Foi no Grito Ipiranga que decidi que não seria um cidadão que ficaria reclamando das minhas insatisfações e trabalharia de forma associativa, buscando políticas públicas para a classe e, consequentemente, para Mato Grosso e para o Brasil”.

Carlos Fávaro foi delegado coordenador, diretor administrativo/vice-presidente da entidade e em 2012 foi eleito presidente da Aprosoja, sendo reeleito para o biênio 2014/2015, se licenciando em junho de 2014 para concorrer a vice-governador de Mato Grosso.

Grito Ipiranga

Na programação está previsto a leitura oficial da “Carta de Ipiranga”, que traz as dez principais reivindicações da época. Será feita uma retrospectiva e uma avaliação sobre esses pedidos. Naquele momento o segmento vivia o ápice e uma crise de renda, iniciada em 2004/05, quando o dólar atingiu recordes e desequilibrou receita e despesa. Além disso, na safra anterior, os sojicultores investiram em fungicidas com a eclosão da ferrugem asiática nas lavouras.

Os agricultores protestaram bloqueando a BR-163 por vários dias, entre Sinop e Sorrido. Eles pediram a negociação das dívidas rurais, políticas de sustentação com preços mínimos, conservação das BRs, fiscalização, mais infraestrutura de transportes para Mato Grosso e outros. O manifesto foi um marco na história da região e ficou conhecido nacionalmente. No mesmo ano foi realizado um “tratoraço”, que levou mais de 20 mil produtores e centenas de tratores para Brasília.