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SOS RS

Facções furtam casas e transportam drogas em barcos em enchentes no RS: 'Tem criminosos com jet ski'

Diante do clima de insegurança, a Polícia Federal também assumiu a função de força ostensiva

Geral | 14 de Maio de 2024 as 14h 36min
Fonte: O Globo

Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

Quem sai de barco para dentro do bairro alagado de Mathias Velho, em Canoas (RS), recebe o alerta da população de que bandidos podem fazer barreiras perto dos trilhos do trem. Antes das enchentes históricas, o bairro já era considerado um dos mais perigosos da região metropolitana de Porto Alegre. Com as ruas inundadas e a falta de energia elétrica, a situação não mudou.

Por conta dessa situação, órgãos de segurança estadual e federal monitoram a ação de facções criminosas em meio às enchentes.

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul passou a receber informações de que bandidos estavam roubando barcos, combustível e jets skis com o objetivo de transportar drogas das áreas alagadas, além de promover furtos nas casas abandonadas. As suspeitas se confirmaram quando agentes apreenderam onze quilos de cocaína guardados em uma caixa térmica em uma zona alagada de Canoas, na última quinta-feira.

— Diante dessas informações, fizemos uma grande operação de patrulhamento de barco no Mathias Velho — disse o chefe da Polícia Civil do RS, delegado Fernando Sodré. — Num primeiro momento, nós focamos no salvamento das vítimas. Quando isso se estabilizou, nos concentramos no patrulhamento para impedir o aumento da criminalidade e evitar a sensação de anomia social — acrescentou o delegado.

Na zona norte de Porto Alegre, a Polícia Civil também localizou uma espécie de “centro de armazenamento” de objetos roubados das casas e comércios alagados. No local, havia eletrônicos, eletrodomésticos, perfumes e roupas. Também houve o registro de dois saques (quando envolve muitas pessoas) em um supermercado e uma fábrica de eletrônicos, em Eldorado do Sul — município que foi devastado pela enchente, na Região Metropolitana.

Diante do clima de insegurança, a Polícia Federal também assumiu a função de força ostensiva. Em um bloqueio na rodovia BR-116, em Eldorado do Sul, os agentes da PF interceptaram uma carga de 124 quilos de skunk (uma espécie de maconha turbinada) que estava dentro de um carro. Trata-se do maior carregamento desse tipo de droga confiscado no estado — geralmente, as apreensões de skunk giram em torno de 10 e 20 quilos.

Segundo as investigações, os criminosos viram nas enchentes uma “oportunidade” para escoar a droga pelo Estado, enquanto as autoridades estão ocupadas nas missões de resgate.

— Acredito que eles acharam que a Polícia Federal estava voltada só para o assunto dos salvamentos, mas a droga foi interceptada. A nossa estratégia é fazer o poder público retomar os espaços inundados — disse o superintendente da PF do Rio Grande do Sul, Aldrone Rodrigues.

 

Patrulhamento pelo bairro

A reportagem acompanhou uma expedição de reconhecimento feita por militares do Exército no bairro Mathias Velho na última sexta-feira. Durante o trajeto, o veterinário Fernando Silva relatou que havia presenciado uma troca de tiros na região.

— Estão roubando direto aqui e tem uns (criminosos) que estão com jets ski. Ontem, uma policial que estava com a gente precisou fazer uns disparos para assustar esses bandidos — disse ele, que havia retornado à clínica veterinária para pegar medicamentos e anestésicos para os animais resgatados.

Uma semana antes das enchentes, a Polícia Civil do RS havia descoberto uma casa usada como "depósito" para carregamentos de maconha e cocaína, em Mathias Velho. Os investigadores encontraram no local equipamentos para pesar, misturar e acondicionar a droga, que saía dali para ser distribuída em toda a Região Metropolitana de Porto Alegre.