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Alerta

Estoques de soro antiofídico do Estado estão em “no limite”

Medicamento para tratar picadas de cobra está em falta no Mato Grosso

Geral | 10 de Março de 2016 as 18h 18min
Fonte: Jamerson Miléski

De 2013 há janeiro de 2016, o Mato Grosso registrou 1.972 casos de acidentes com animais peçonhentos. Destes, 1.168 casos foram referentes a picadas de cobras. É praticamente 35% de todos os acidentes envolvendo serpentes venenosas em todo o país.

O estado que mais registra acidentes com esse tipo de animal venenoso está desabastecido do “antidoto”. A maioria dos municípios de Mato Grosso estão com seus estoques de soro antiofídico abaixo do necessário e algumas cidades estão sem.

Em fevereiro, um menino de 7 anos socorrido em Rondonópolis, no Sul do Estado, esperou um dia pela medicação. Não havia soro em estoque. O problema não atinge só a região sul, mas também todo o estado.

Segundo o secretário de Saúde de Sinop, Manoelito Rodrigues, a falta de soro antiofídico tem preocupado os gestores de vários municípios. Sinop, afirma o secretário, ainda tem o medicamento, mas o estoque está abaixo do que deveria. “Estamos trabalhando com um reserva que é metade do que deveríamos ter”, afirma o secretário. “Já fizemos vários pedidos, mas não existe nenhuma previsão de quando iremos receber mais uma remessa do medicamento”, revelou.

A falha no abastecimento está diretamente relacionada a produção do soro antiofídico. O antidoto para picadas de cobras é elaborado pela Fiocruz, que abastece toda a rede pública de saúde do país. “Desde o ano passado a instituição tem registrado problemas na produção”, revela Manoelito.

O secretário disse que até existem outras fabricantes do soro, mas que não há um selo de qualidade, exigido pela Anvisa. “Por enquanto Sinop possui o soro em estoque, mas diversos municípios já estão sem. Seria muito bom se não tivéssemos mais acidentes com serpentes nesse ano”, comentou o secretário.

 

O soro

O medicamento é obtido a partir de anticorpos do sangue do cavalo, principalmente. Foi descoberto por Albert Calmette, um bacteriologista francês. Sua descoberta serviu de base para os estudos de Vital Brazil, médico, cientista e imunologista brasileiro, que desenvolveu o soro usado hoje em todo o mundo. Vital Brazil descobriu a especificidade do soro, percebendo que cada veneno produzia um soro específico, isto é, o soro obtido a partir do veneno do animal que causa o acidente só neutraliza a ação desse veneno.

O processo de produção do soro antiofídico consiste na aplicação de pequenas doses de veneno no animal. Neste período, o organismo do cavalo produz anticorpos contra o veneno. Depois de um determinado período, o sangue é extraído do cavalo. Os anticorpos são separados por centrifugação do sangue. Em seguida ele sofre liofilização (remoção de água) e é armazenado. É esse líquido que se injeta em uma pessoa que sofreu uma picada de cobra.

No Brasil são produzidos 6 diferentes tipos de soros, considerando as serpentes venenosas nativas do país.