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Nossos anciões

Como Sinop tem tratados os seus idosos desamparados?

Duas instituições se dedicam ao cuidado de idosos na cidade

Geral | 18 de Setembro de 2023 as 18h 33min
Fonte: João Silvestri Klein

Foto: GC noticias

Sinop está com 196.067 habitantes, segundo o Censo Demográfico 2022. O número apresenta aumento significativo quando comparado com a pesquisa anterior, de 2010, quando a cidade tinha pouco mais de 113 mil habitantes.

Em 2010, Sinop contava com 3.336 idosos, o que representava 3% da população com mais de 60 anos. O GC Notícias buscou a pirâmide etária do censo 2022, para avaliar a evolução da população idosa. Mas o dado ainda não foi divulgado pelo IBGE.

Mantendo a proporção de crescimento de 2010 para 2022, Sinop estaria com 5.882 pessoas na faixa de 60 anos para mais. Um número alto levando em consideração que há apenas duas instituições que abrigam aqueles que precisam.

Em Sinop quem acompanha os idosos é a Assistência Social através do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e do CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social). Os idosos que não estão em situação de violação de direito são atendidos e acompanhados pelo CRAS, participam dos grupos de idosos, das atividades de fortalecimento da terceira idade e outras atividades.

Já no CREAS, os idosos atendidos são aqueles que de alguma forma estão tendo seus direitos violados ou tendo algum risco social por algum tipo de negligência Familiar ou violência.

Segundo a Coordenadora da Proteção Social Especial, Marilene Pereira os casos sempre são analisados e então é feito um fortalecimento do vínculo familiar. “Uma equipe de profissionais acompanha a família do idoso, para que ela mesmo mantenha o cuidado da pessoa idosa”, comenta Marilene.

A equipe é composta por assistentes sociais, psicólogos, advogado social entre outros profissionais que fazem esse acompanhamento. Segundo Marilene, quando há um rompimento do vínculo familiar, ou seja, é constatado pelas equipes auxiliares, que não há mais maneiras do idoso continuar com a família, nesse caso é visualizada a necessidade institucionalização do idoso, ou seja, encaminhado a um lar.

Essa seria a última medida a ser realizada. “Primeiro a gente tenta de todas as maneiras que a família cuide do idoso da melhor forma possível, não havendo essa possibilidade, daí sim vemos a questão de encaminhar os idosos para um lar”, ressalta Marilene.

A coordenadora finaliza explicando que em caso de não haver vagas nas instituições responsáveis, o acompanhamento ao idoso acontece no domicílio pelas equipes responsáveis, até que surja uma vaga.

Segundo dados da Assistência Social, em 2022 foram 96 idosos atendidos pelo CREAS, sendo apenas dois deles encaminhados a lares. 

Em 2023, de janeiro a julho, já foram aproximadamente 88 idosos atendidos; 77 por situação de negligência e abandono familiar e 11 por outras violações de direitos. Três deles foram institucionalizados.

Segundo a Assistência Social, o quantitativo baixo de encaminhamentos às instituições em relação ao número de idosos negligenciados, não representa que poucos deles deveriam ser institucionalizados.

 

Na cidade de Sinop há dois lares que acolhem idosos, o Lar Madre Vanini e o Lar dos Vicentinos.

O Lar Idosos Madre Vanini foi inaugurado em 2018. Com 2,8 mil metros quadrados de área construída, conta com uma equipe de 38 colaboradores que trabalham em turnos. O local tem capacidade para receber 57 idosos, mas segundo a presidente da Associação, Irmã Ana Maria da Silva, o local está lotado e conta com uma fila de espera de 53 pessoas aguardando vaga, sendo a última entrada em 26 de julho.

Contrariando o nome que pode sugerir uma afiliação religiosa exclusiva, o Lar Madre Vanini é aberto a pessoas de todas as crenças.

O lar funciona de acordo com o regulamento do idoso, ou seja, apenas pessoas acima de 60 anos são abrigados no local. Mas podem haver exceções que são impostas pelo Ministério Público. No abrigo cada idoso residente precisa ter um responsável legal para garantir o acompanhamento adequado de sua estadia. Nos casos em que familiares não podem desempenhar esse papel, o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) assume a responsabilidade para assegurar o bem-estar contínuo dos residentes.

Os que assumem esse papel, são responsáveis por todas as medicações que os idosos necessitam, deixando o abrigo responsável, pela alimentação, higienização e acomodação.

Os residentes podem sair do local e visitar suas antigas casas, parentes, passar finais de semanas com as famílias e fazerem atividades, voltando no local para dormir e passar a semana. De acordo com a presidente, os idosos são bem ambientados e tem o local como sua casa principal. “Quando eles vão fazer passeios, eles até mesmo comentam com a família que quando chega uma certa hora, está na hora de voltar para a ‘casa’ – no caso para o abrigo”.

Irmã Ana, comenta que a grande maioria dos abrigados são idosos, em que a família trabalha o dia inteiro e não conseguem dar a atenção necessária e então tentam abriga-los.

Uma das características do lar é que os idosos residentes contribuem com 70% de suas aposentadorias para custear os serviços e as instalações, o que equivale a R$ 924,00 deixando R$ 396,00 para suas despesas pessoais.

A presidente ressalta que isso não apenas ajuda a manter a sustentabilidade financeira do lar, mas também proporciona um senso de responsabilidade e participação ativa aos idosos.

Além desse valor, segundo a gestora, a sociedade ajuda em peso a instituição. “Ainda bem que a sociedade sempre está envolvida com a causa, ajudando financeiramente e com doações de produtos”, comenta a Irmã.

O valor ainda é agregado com ajuda do poder público para conseguir manter tudo em ordem, funcionando da melhor forma possível.

 

Lar dos Vicentinos

O Lar dos Vicentinos, uma das instituições de assistência a idosos mais respeitadas da região, enfrenta desafios enquanto busca manter seus serviços essenciais para os idosos desfavorecidos da comunidade. O abrigo é uma organização sem fins lucrativos que, apesar do apoio da prefeitura, ainda luta para cobrir todas as despesas operacionais.

A coordenadora do Lar, destaca que a instituição deve sua sobrevivência à colaboração da comunidade local, que demonstra um compromisso constante em oferecer auxílio sempre que necessário.

Atualmente, o Lar dos Vicentinos abriga 15 idosos. Embora sua capacidade máxima seja de 20 residentes, no passado, já chegou a acomodar 38 idosos.

Uma das principais diferenças de um lar para outra, é que enquanto um lugar, o idoso possui uma pessoa responsável, o Lar dos Vicentinos recebe apenas idosos que foram completamente abandonados por suas famílias, sendo o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) responsável pelo acompanhamento desses indivíduos. Os idosos no Lar dos Vicentinos não podem sair do local para visitar suas famílias, a menos em casos excepcionais, como consultas médicas e hospitalização.

A maioria dos moradores é encaminhada ao Lar dos Vicentinos pelo Ministério Público, que analisa os casos recebidos do CRAS e decide sobre a institucionalização, levando em consideração as circunstâncias individuais de cada situação.

Segundo a coordenadora, o processo para que isso aconteça, desde a necessidade da institucionalização até o encaminhamento, demora de 30 a 60 dias.

Além de seguir rigorosamente o Estatuto do Idoso, admitindo apenas residentes com mais de 60 anos, o Lar dos Vicentinos também retém 70% do valor da aposentadoria de seus residentes para custear suas despesas operacionais. No entanto, Francielle ressalta que nem todos os moradores conseguem esse direito à aposentadoria.

A instituição conta com 19 colaboradores dedicados que desempenham as funções para o seu funcionamento. Dentre eles, apenas dois atuam como plantonistas. Além disso, a instituição recebe ajuda de voluntários (psicólogos, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros) tudo de forma voluntaria que buscam ajudar. A presença não é constante e sua contribuição dependa de disponibilidade dos mesmos.

Quando questionada sobre a capacidade de expandir o número de residentes para alcançar a quantidade anterior de 38, a coordenadora foi direta: "Sem condições, não há espaço para abrigar todos esses idosos juntos". Ela enfatiza que, diante dos desafios, a colaboração da comunidade é crucial para manter os serviços essenciais para os idosos que dependem do Lar dos Vicentinos.