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Mercado

Com produção recorde e queda de preço, consumo de carne bovina volta a crescer no Brasil

Número de abates em 2024 deve ser o maior da história

Geral | 22 de Julho de 2024 as 23h 09min
Fonte: Dinheiro rural

Foto: Embrapa

Projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que o Brasileiro vai comer mais carne em 2024. A produção de carne bovina no país vai superar as 10 milhões de toneladas pela primeira vez desde 2007 e pode ser a maior da história.

Depois de uma forte redução de carne bovina disponível no mercado interno entre 2020 e 2022, o aumento acontece pelo segundo ano consecutivo. O consumo per capita do brasileiro, de acordo com a Conab, deve se manter em 32 kg por ano em 2024, mesmo patamar de 2023. Os números mostram que o consumo de carne vai se recuperando da queda nos anos da pandemia. Em 2020 (29,9 kg), 2021 (29,3 kg) e 2022 (28,2 kg) o consumo ficou abaixo dos 30 kg por pessoa. O número de 2024, no entanto, ainda não voltou ao patamar de 2018, quando atingiu a média de 35,5 kg por pessoa.

Com isso, o preço da carne bovina também caiu em 2024. O IPCA-15, medido pelo IBGE, registrou em junho que a carne bovina ficou 0,15% mais barata em média. A variação em 2024 foi de – 2,46%. Em 12 meses a carne ficou 7,27% mais barata de acordo com o IBGE.

Já pelo lado dos produtores, o cenário tende a ser mais otimista. O diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária Maurício Palma Nogueira comemora o momento da pecuária no país, já que o número de exportação de carne bovina deve aumentar junto com a disponibilidade do produto no mercado interno.

“Nós estamos vivendo um cenário extremamente estimulante porque aumentamos a exportação em 26,5% e a disponibilidade de carne no mercado interno em 27,4% ao mesmo tempo neste ano de 2024. Estamos trabalhando com uma produção de mais de 11 milhões de toneladas para 2024”, explicou. Com isso, a expectativa é que o consumo per capita de carne no país deve aumentar entre 4 kg e 5 kg em 2024, diferente da estabilidade prevista pela Conab. Nogueira também aponta que o aumento de carne para o mercado interno na comparação com 2023 será de 16%.

A conta se explica pelo aumento de abatimento de bovinos no primeiro trimestre de 2024. De acordo com o IBGE, foram 9,24 milhões de abates bovinos no período, um aumento de 0,9% em relação ao último trimestre de 2023. Se trata do maior número de abates legalizados da história.

 

Produção deve seguir alta

O especialista comemora o momento e acredita que a produção nos próximos anos deve se manter em um patamar semelhante, com variações pontuais. Ele acredita que só um cenário de crise sanitária ou de crise política mais aguda pode interferir no cenário.

“Quando você melhora a qualidade de vida de uma população ela vai comer cada vez mais carne e quando a gente analisa os concorrentes, ninguém tem uma posição tão favorável quanto o Brasil para suprir essa demanda. Somente um cenário de canetada polícia absurda, como aconteceu na Argentina, onde conseguiram baixar o acesso do argentino de 63 kg para 45 kg de carne por ano, ou de febre aftosa que pode ameaçar esse cenário”, encerrou.

Vivendo um cenário de dificuldade econômica por conta das reformas realizadas pelo presidente Javier Milei, a Argentina deve viver sua menor média de consumo de carne por pessoa em 2024. O consumo deverá totalizar cerca de 44,8 kg per capita, o menor valor desde que os registros começaram a ser feitos em 1914, informou a Bolsa de Comércio de Rosário, que publica atualizações de mercado para grãos e gado. A média histórica é de quase 73 kg.