Em Sinop
Cirurgias para reabilitação de aves amazônicas resultam em vida e morte
Araçari operado em Sinop já consegue se alimentar sozinho, já a arara não resistiu a cirurgia
Geral | 25 de Abril de 2016 as 16h 36min
Fonte: Jamerson Miléski

O grupo conhecido como “Vingadores” realizou na última semana a primeira intervenção cirúrgica em animais fora do Estado de São Paulo. Composto por cientistas de diferentes especialidades, os Vingadores se dedicam de forma voluntária a desenvolver e instalar próteses em animais silvestres e domésticos que perderam alguma parte do seu corpo.
Pela primeira vez o grupo realizou um procedimento fora do Estado de São Paulo. A intervenção foi na cidade de Sinop, entre os dias 14 e 18 de abril. Os especialistas voluntários viajaram até o município do interior de Mato Grosso para tentar reabilitar duas aves amazônicas: um araçari e uma arara-canindé. O resultado conferiu duas experiências inéditas para o grupo.
Segundo o designer 3D, Cícero Moraes (que mora em Sinop e atraiu os demais colegas Vingadores para a empreita), a estrutura existente no município mostrou ser mais do que suficiente para esse tipo de intervenção. “A equipe foi composta majoritariamente por profissionais da UFMT, como a Dra. Elaine Dione. Os moldes dos bicos foram feitos aqui em Sinop, por cirurgiões dentista da cidade. A impressão 3D também foi feita aqui. Foi a primeira vez que um procedimento de nossa equipe foi feito fora do estado de São Paulo. É um marco científico e histórico, não apenas para a cidade, mas para o estado e o país”, comentou Cícero.
A única dificuldade da equipe foi justamente trazer os especialistas. Um dos cirurgiões veio a Sinop participar de um outro evento e acabou ficando para fazer a cirurgia, o segundo teve sua vinda patrocinada pelo próprio Cícero e o terceiro veio por conta própria.
Um desses especialistas foi o colega de pesquisa de Cícero, doutor em odontologia legal, Paulo Miamoto (SP). Coube a ele o levantamento dos animais e a geração dos dados utilizados na modelagem das próteses em 3D. Também esteve em Sinop o médico veterinário Rodrigo Rabello (DF) e o cirurgião dentista Everton da Rosa (DF), que fizeram o diagnóstico das aves. A instalação da prótese foi feita por outro veterinário, Sergio Camargo (SP), especialista nesse tipo de cirurgia. A impressão foi feita pelo sinopense Cristhian Sagin. Ele contou com o apoio de Cláudio Luís Marques Sampaio, de Campinas, especialista em impressão em 3 dimensões.
A equipe obteve êxito completo na operação do araçari. “Tuc Tuc”, como foi batizado, havia perdido a maior parte inferior do bico. Não conseguia se alimentar sozinho desde o incidente. O grupo fez o mapeamento do animal, tomando as medidas de referência do bico para a construção de uma prótese personalizada, desenhada em 3 dimensões e impressa em plástico de alta resistência. “Tecnicamente, foi superior as outras cirurgias que realizamos até agora. Os bicos se encaixaram com grande precisão e graças a esse encontro in loco do grupo, pudemos desenvolver ainda mais a técnica, o que nos anima a pensar que as próximas serão melhores ainda. Foi a primeira prótese do mundo colocada em um araçari. É uma grande proeza”, avaliou Cícero. Os veterinários do grupo já costuraram projetos futuros com a UFMT.
Nem tudo pode ser reconstruído
A segunda experiência que os “Vingadores” tiveram na cirurgia em Sinop foi um óbito durante a operação. A arara-canindé, que ficava no Parque Florestal do município, não resistiu a cirurgia e acabou morrendo. Segundo Cícero, a condição de saúde da ave foi avaliada antes de iniciar a operação. O animal apresentava um quadro saudável, necessário à realização do procedimento.
Quando a equipe rumava para a parte final da cirurgia, ela não resistiu e foi a óbito. “É triste, mas óbitos acontecem. A gente precisa estar preparado para isso. A cirurgia estava indo muito bem, mas nós lidamos com seres vivos, cheios de variáveis incontroláveis”, lembrou Cícero. Nem tudo pode ser reconstruído.
O grupo reagiu ao óbito da arara não como uma falha absoluta, mas como mais uma experiência que irá colaborar na construção dessa técnica que tem melhorado a vida de muitos animais. “A vida da Gisele [a arara] não foi em vão. Ela é um marco na história da Medicina Veterinária e muito animais serão beneficiados pelo que ela nos ensinou”, comenta Cícero.
O sucesso do bico do araçari e a experiência da perda da arara-canindé na mesa de cirurgia em Sinop irão ilustrar uma reportagem que será transmitida em uma emissora de TV da Europa. Uma equipe de jornalismo de uma agência de notícias da França esteve no município especialmente para acompanhar as cirurgias. O que foi documentado apresentará para o velho continente que dentro da Amazônia Legal existe ciência independente sendo feita para prolongar a vida dessa rica biodiversidade da maior floresta tropical do mundo.
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