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Erro

Certidão de óbito por engano trava vida de jovem em MT

Morto a um ano

Geral | 06 de Dezembro de 2025 as 08h 12min
Fonte: Power Mix

Foto: Reprodução

O jovem Pablo da Silva Pereira, de 21 anos, morador de Rondonópolis (MT), vive há mais de um ano um drama surreal: foi dado como morto pelo cartório de Primavera do Leste (MT) e, desde então, tenta provar à Justiça e aos órgãos públicos que está vivo. Enquanto isso, sua vida segue completamente paralisada — ele não pode trabalhar, estudar, acessar dinheiro no banco e nem tirar a tão sonhada CNH.

A mãe dele, Isabel Cristina, relata o desgaste emocional que a família enfrenta desde que o erro foi descoberto.

“Estou vivendo algo que nunca imaginei. Meu filho não pode trabalhar, não pode assinar carteira, tem dinheiro no banco que não consegue sacar. Tudo que ele tenta acessar com o CPF aparece como se estivesse morto. A vida do meu filho está travada”, contou ao Primeira Página.

No dia 6 de novembro, a juíza da 4ª Vara Cível, Lidiane de Almeida Anastácio Pampado, determinou que o cartório do 2º Ofício de Primavera do Leste anulasse a certidão de óbito emitida no nome de Pablo. O cartório informou ao Tribunal de Justiça que cumpriu a ordem, mas Isabel afirma que, na prática, nada mudou: o filho continua aparecendo como falecido nos sistemas oficiais.

Como o erro começou

A família começou a perceber algo errado quando Pablo passou a ter dificuldades para realizar serviços básicos, como atualizar cadastros ou transferir o número de telefone. Sem entender o motivo, seguiu tentando até que, no final de 2024, após deixar o emprego em uma empresa ferroviária, o problema veio à tona.

Ao tentar solicitar o seguro-desemprego e movimentar sua conta, Pablo descobriu que o sistema o registrava como morto desde 22 de novembro de 2024, segundo a Caixa Econômica Federal. A Receita Federal orientou a atualizar documentos, mas só no cartório de Primavera do Leste veio a explicação: a certidão de óbito havia sido emitida com base em um homônimo falecido. Um erro de vinculação de dados fez com que informações verdadeiras de Pablo fossem usadas indevidamente — possivelmente por criminosos que já vinham aplicando golpes com seus dados.

Na Delegacia de Rondonópolis, a mãe recebeu outra informação preocupante: uma pessoa havia utilizado o CPF de Pablo em diferentes situações ao longo dos anos, inclusive em crimes. Isso pode ter contribuído para a confusão que culminou no registro incorreto de óbito.

“Quando entendemos o que havia acontecido, vimos que os dados do meu filho foram parar no registro de óbito por um erro de sistema. Isso travou tudo: documentos, conta bancária e até atendimento em hospital”, lamentou Isabel.

Um ano de angústia

Dona Isabel diz que a situação destruiu a paz da família e agravou ainda mais as dificuldades de Pablo, que é tímido e tem problemas de socialização.

“Eu fecho os olhos e fico imaginando o que meu filho está passando. Ele já é calado, reservado. Agora está sendo tratado como bandido. Isso está acabando com ele. Dizem que é culpa do sistema, mas quem mexe no sistema é ser humano. Tinha que conferir os dados”, desabafou.

Apesar da decisão favorável da Justiça, o futuro de Pablo ainda é incerto. Segundo o advogado da família, Adriano César, uma nova intimação foi emitida nesta quinta-feira (4) para obrigar o cartório a cumprir a determinação judicial e corrigir definitivamente o erro.