Positivo para circovírus
Ararinhas-azuis que estavam na natureza testam positivo para vírus letal, diz ICMbio
Animais foram soltos em Curaçá (BA) em 2022 por meio de um programa de criação e conservação da espécie que está ameaçada de extinção
Geral | 27 de Novembro de 2025 as 13h 04min
Fonte: O Globo

As 11 ararinhas-azuis que foram recapturadas no início deste mês testaram positivo para circovírus, divulgou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) nesta quarta-feira. O vírus pode ser letal para a maior parte dos casos encontrados nos psitacídeos (grupo de aves que inclui araras, papagaios e periquitos).
As aves repatriadas da Europa e mantidas no Criadouro para Fins Conservacionistas do Programa de Reintrodução da Ararinha-Azul, anteriormente identificado como BlueSky, em Curaçá (BA), foram posteriormente soltas na região em 2022. A iniciativa faz parte dos esforços de conservação da espécie (Cyanopsitta spixii), hoje, ameaçada de extinção. Os 11 indivíduos foram recapturados e retirados da natureza após suspeita da infecção pelo vírus, em maio deste ano.
O ICMBio, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), afirma, em nota, que "no momento, investigações vêm sendo realizadas para conhecer a origem do vírus nas ararinhas". Entre as ações previstas está ainda "a separação segura entre animais positivos e negativos, para garantir que as medidas de biossegurança sejam incorporadas à rotina de manejo dessas aves".
O Criadouro Ararinha-Azul discorda dos diagnósticos. Em nota, a instituição afirma que foram coletadas amostras biológicas e realizados três testes para cada ave recapturada. Segundo o criadouro, "dois dos testes utilizaram a metodologia recomendada internacionalmente indicaram resultado positivo para apenas 2 aves. Uma terceira apareceu positiva para apenas um desses dois testes. O terceiro teste usando uma técnica nova com maior risco de erro que apontou resultado para as 11 aves".
Oriundo da Austrália, o circovírus dos psitacídeos é o principal causador da doença do bico e das penas em psitacídeos. O ICMBio destaca que não há cura e que o vírus mata a ave infectada na maior parte dos casos. Os sintomas incluem a alteração na coloração das penas, falhas no empenamento e deformidades no bico. O circovírus não infecta humanos nem aves de produção, como galinhas e patos, destaca o órgão.
Considerando que não há população viável de ararinhas-azuis na natureza, uma vez que os indivíduos encontrados estão sob cuidados humanos, a espécie recebeu a classificação de "Criticamente em Perigo (Possivelmente Extinta)" pelo ICMBio no Processo de Avaliação do Risco de Extinção da Fauna Brasileira publicado neste ano.
Empresa multada
A investigação sobre a saúde das ararinhas-azuis que estavam de volta à natureza tiveram início em maio deste ano, quando foi detectado o circovírus em um dos indivíduos. O Instituto Chico Mendes instaurou o Sistema de Comando de Incidente para gerenciar a Emergência Circovírus, com medidas para impedir a proliferação do vírus. Em parceria com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) e a Polícia Federal foram realizadas visitas técnicas às instalações do Criadouro para fins Científico do Programa de Reintrodução da Ararinha-Azul, onde foi constatado que os protocolos de biossegurança não estavam sendo seguidos, segundo o instituto. Assim, foi aplicada uma multa no valor aproximado de R$ 1,8 milhão em desfavor do criadouro e de seu diretor.
O criadouro confirma que foi autuado, porém, "não foi apresentado nenhum laudo que ampare o auto de infração", tendo sido solicitado o acesso para que seja possível "recorrer e mesmo corrigir caso haja algo que seja necessário", disse, em nota.
Entre as exigências estão limpeza e desinfecção diária das instalações e dos utensílios, incluindo os comedouros onde era fornecida alimentação diária às aves de vida livre. De acordo com o ICMBio, esses locais "se encontravam extremamente sujos, com acúmulo de fezes ressecadas". Ainda foi determinada a obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) pelos funcionários. Durante as vistorias, a equipe era "reiteradamente" flagrada "utilizando chinelos, bermuda e camiseta durante o manejo dos animais".
“Se as medidas de biossegurança tivessem sido atendidas com o rigor necessário e implementadas da forma correta, talvez a gente não tivesse saído de apenas um animal positivo para 11 indivíduos positivos para circovírus”, relatou Cláudia Sacramento, coordenadora da Coordenação de Emergências Climáticas e Epizootias do ICMBio, que está à frente da emergência.
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Segundo o criadouro, "hoje essas aves estão isoladas das demais ararinhas em recinto específico", tendo sido adotadas "medidas para que não haja nenhum intercâmbio de material com os outros animais", afirmou, em nota.
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Alvo de operação pelo Inema, o criadouro foi autuado em cerca de R$ 300 mil. O espaço é parceiro da organização alemã Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP, na sigla em inglês), que detém 75% das ararinhas registradas em todo o mundo. Esta organização que foi a responsável pela transferência dos 93 indivíduos, viabilizada pelo Acordo de Cooperação Técnica (ACT) nº 8/2019. Cinco anos depois, o acordo foi encerrado, tendo entre os principais fatores para esta decisão a venda e transferência de 26 (vinte e seis) ararinhas-azuis da Alemanha para a Índia, realizadas pela ACTP sem o conhecimento ou consentimento do ICMBio, afirmou o órgão. O instituto viu a ação como um descumprimento em medidas que auxiliem no projeto de reintrodução em ambiente natural das aves.
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Histórico de casos
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No final de julho, o ICMBio definiu medidas urgentes com o aumento no número de diagnósticos, como reforço nas medidas de biossegurança; triagem dos animais do criadouro, com isolamento, em áreas internas, dos animais com resultado positivo para o vírus; e descontaminação dos recintos do criadouro e dos comedouros e ninhos utilizados pela população de vida livre.
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Em 2022, foi solto um grupo de 20 indivíduos, e, atualmente, 11 vivam livres, dos quais alguns nascidos na natureza. Estava previsto o retorno de um novo grupo para a natureza, porém, com os casos de circovírus em investigação, a ação foi suspensa "assim que a situação sanitária estiver controlada", explicou o órgão na época.
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O recolhimento das ararinhas-azuis, após o primeiro caso em maio, teve como finalidade submetê-las a uma bateria de testes, a fim de confirmar ou descartar o diagnóstico de contaminação e para preservar outros animais que correm o risco de também serem infectados.
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O Criadouro Ararinha-Azul afirma que os animais introduzidos na natureza em 2022 "passaram por longo processo de adaptação e testagem, assegurando que não tinham nenhum vírus ou outro patógeno. Todos os exames foram conduzidos com acompanhamento do ICMBio e atestam a saúde das aves".
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Em comunicado divulgado no início de setembro, o instituto destacou que o "circovírus dos psitacídeos é um patógeno potencialmente perigoso para estas aves e cuja ocorrência em populações de natureza do Brasil – embora investigada em diversos locais - nunca foi relatada ou comprovada até este evento".
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