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3 horas depois

Após encontrar desvio na madrugada, pai impedido de passar na 163 consegue levar filho para fazer cirurgia

Criança, que estava em micro-ônibus, perderia procedimento se não chegasse a Cuiabá

Geral | 23 de Novembro de 2022 as 18h 18min
Fonte: Portal Sorriso

Foto: Reprodução

Uma criança, de 9 anos, que sob o risco de perder a visão precisava passar por uma cirurgia oftalmológica em Cuiabá, conseguiu fazer o procedimento nesta tarde após o pai enfrentar momentos de tensão para que chegassem à capital. Impedido de passar pelo bloqueio na BR-163 em Sorriso, o pai precisou achar um desvio às 3 horas da manhã, pois, mesmo explicando a necessidade de seguir viagem, os manifestantes não cederam ao pedido.

Era por volta da meia-noite quando o autônomo Eder Rodrigues Boa Sorte, de 41 anos, chegou ao ponto de bloqueio, que fica a cerca de 10 km à frente do distrito de Primaverinha. Segundo ele, o objetivo foi chegar meia hora antes do micro-ônibus da Secretaria de Saúde onde estavam o filho e a esposa para pedir aos manifestantes que permitissem a passagem.

No entanto, Eder foi recebido com agressividade por três homens, sendo dois armados com facão e um com uma foice. Rapidamente, ele explicou que o filho poderia ficar cego se não fizesse a cirurgia na capital. “Eu mostrei a documentação, mas só falaram que não iríamos passar. Falei que precisava da ajudava e falei que meu filho corria o risco de perder o olho”.

No entanto, os manifestantes gritaram “Vai a pé”, “Pega um avião e vai”. O vídeo com a cena chocante, cuja autoria não foi identificada, viralizou nas redes sociais. Assustado e com medo do pai ser agredido, o filho mais velho de Eder gritou chorando: “Deixa, pai, por favor”, disse o menino de 13 anos. Meia hora depois, o micro-ônibus onde estavam o paciente e a mãe chegou, e o motorista desceu e também tentou convencer os manifestantes para abertura da passagem.

“Mas, eles não aceitaram. Conseguimos sair dali por um desvio. Ensinaram para o motorista de uma ambulância que estava parada um caminho por dentro de uma fazenda. Ele retornou e nos mostrou o trajeto. O motorista com os carros parados nos ajudaram a desfazer um barranco, tirar madeira, e tirar manilha para desobstruir aquele caminho estreito para que o ônibus pudesse passar. Depois, todos nós aproveitamos aquele desvio”, contou Eder.

Somente por volta das 3h, Eder seguiu com o trajeto em seu carro e o micro-ônibus acompanhou o curso e todos chegaram à capital por volta das 7h30min desta terça-feira (22).

“Nos demais bloqueios, fomos, em vez de barrados, orientados a ir por dentro da cidade. Fomos impedidos somente naquele ponto. Aquilo para mim não era manifesto, era vandalismo. Aquele bloqueio era totalmente fora de contexto. Quero crer que não tem nada a ver com aqueles que estão lutando pelo o que os cidadãos de bem defendem. Infelizmente, me exaltei também pelo o que poderia acontecer com o meu filho. E o meu filho mais velho foi a minha consciência, que conseguiu me acalmar”.

O filho de Eder sofreu um acidente em sala de aula e teve o olho ferido após ser atingido por um lápis no dia 27 de setembro. Ele já tinha passado por uma cirurgia de reconstrução ocular, mas precisava com urgência de outro procedimento. Segundo o pai, os laudos indicavam urgência e, por isso, não poderia correr o risco de perder a cirurgia, custeada pelo poder público, agendada para esta semana.

“Devido ao coágulo, havia o risco de perder o globo ocular. Mas, graças a Deus, ontem foi feita a consulta com o especialista e o diretor do hospital confirmou para hoje. Meu filho acabou de ser chamado e vai ser operado”, contou Eder.