Sinop
Após 5 anos, prédio histórico sabotado é uma pilha de entulhos sem culpados
Único prédio histórico de Sinop foi derrubado há 5 anos em um ato criminoso nunca resolvido
Geral | 16 de Novembro de 2018 as 19h 27min
Fonte: Jamerson Miléski

O Brasil vivia um intenso momento da sua história. Jovens desordenados, sem bandeira política ou um grupo específico, saiam pelas ruas do país em protesto. A esmo, alguns eram contra os R$ 0,20 no reajuste da passagem de ônibus. Outros, ainda mais perdidos, assumiam a identidade de “black blocks”, destruindo patrimônios públicos e privados para materializar sua revolta contra o sistema.
Essa onda tomou o país e também chegou a Sinop. Sem uma causa muito clara para ser encampada, a população local organizou uma passeata contra a corrupção, estudantes tomaram algumas sessões da Câmara e, parte desse grupo começou a pedir por mais cultura. O antigo Restaurante Colonial, até então o único prédio histórico de Sinop, acabou se tornando um símbolo dessa busca. Havia um pedido da coletividade para que o prédio fosse restaurado e devolvido para sociedade, seja como um museu ou um ponto de cultura. Com um laudo elaborado por um engenheiro respeitado, os proprietários diziam que o prédio estava com sua estrutura comprometida, com risco eminente de queda. Tapumes foram colocados no entorno do Colonial, impedindo o acesso e a visão.

Era uma tarde de sábado quando os estudantes da UFMT organizavam um ato de protesto em frente ao Colonial. No dia 16 de novembro de 2013, logo após o feriado, o grupo se reuniria no antigo restaurante para continuar a sua pauta. Por volta das 16h, quando os primeiros estudantes chegavam ao local, o prédio veio ao chão.
Hoje, dia 16 de novembro, completam exatamente 5 anos que o Colonial ruiu. Cerca de 45% da estrutura desabou naquele dia. O laudo produzido pela investigação policial apontou que o prédio histórico foi derrubado por ação externa. “A estrutura foi rompida com o uso de um instrumento do tipo serra. Não caiu por excesso de carga. O mecanismo de colapso foram os cortes feitos na tesoura primária, que sustentava a cobertura”, explicou o perito da Politec.
Quando o Colonial foi criminosamente derrubado, o imóvel havia sido tombado pelo patrimônio histórico municipal. Isso implicaria que seus proprietários teriam obrigação de preservá-lo. Uma ação movida pelo Ministério Público determinou que o prédio fosse restaurado, responsabilizando os proprietários e a prefeitura para tal. O prédio caiu antes.
O inquérito policial para apurar os culpados da queda do Colonial nunca foi concluído. O Ministério Público acabou atraindo o assunto. A promotoria firmou com a Colonizadora Sinop – detentora da posse do Colonial e que disputa judicialmente com a Vitalle a propriedade do imóvel – um acordo para que o prédio histórico fosse construído em outro local, indicado pelo município.

Em 5 anos, a situação do Colonial não melhorou. Em abril de 2017 uma segunda parte da estrutura colapsou, provocando mais um dano. Em setembro de 2018, após a queda de algumas árvores, a Colonizadora removeu todas as jaqueiras e demais árvores que integravam o pequeno bosque a frente do restaurante.
Nenhum movimento para reconstrução foi feito. Segundo o advogado da Colonizadora Sinop, Rodrigo Goulart, a empresa já assumiu o ônus da reconstrução. O acordo referendado pela justiça responsabiliza a Colonizadora a reconstruir um prédio idêntico ao derrubado, aproveitando o máximo possível dos materiais originais – considerados elementos históricos. “Para isso a empresa aguarda que a prefeitura de Sinop faça a indicação do terreno”, explicou Goulart.
O processo tramita na 6ª vara, sob a tutela do juiz Mirko Vicenzo Gianotte. A prefeitura já apontou o imóvel que receberá o Novo Colonial. O prédio histórico deve ser construído na esquina da Avenida das Itaúbas com Flamboyants, em uma área que hoje integra o Viveiro de Mudas do município.

Nesse mesmo local existe uma estação de monitoramento das águas do subsolo, implantada no ano de 2010 pelo o Serviço Geológico do Brasil, órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia. O poço de 50 metros de profundidade, combinado com uma estação climatológica, é utilizado para medir o comportamento do aquífero Ronuro, um dos integrantes da bacia do Parecis, que está embaixo da cidade de Sinop.
O interesse da prefeita de Sinop, Rosana Martinelli (PR), em manter esse local para reconstrução do Colonial é que o prédio histórico se integrará com um segundo projeto. Rosana pretende implantar um parque urbano nas reservas permanentes R-1, R-2 e R-3. O Colonial seria uma dessas estruturas e, possivelmente, abrigaria o museu de Sinop.
A Reconstrução
No acordo firmado entre o Ministério Público, Colonizadora Sinop, Vitalle e prefeitura de Sinop, além do antigo restaurante de 625 metros quadrados, a empresa se propôs construir um Centro Cultural. O elemento principal do complexo deve ser a cópia fiel do Colonial. Todos os elementos aproveitáveis da edificação serão empregados na reconstrução. O que não for possível, será refeito respeitando as mesmas características arquitetônicas.

O prédio terá a mesma dimensão do original: 25x25 metros. Além do Colonial, a Colonizadora terá que implantar um coreto e fazer toda a parte de urbanização da área, transformando o terreno em uma praça pública.
Não há uma estimativa de custos mas a reconstrução deve passar de R$ 2 milhões. “Esse prejuízo que recai sobre a empresa é um ponto pacificado. A Colonizadora vai pagar essa conta”, afirma o advogado.
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