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Boa tarde, Segunda Feira 24 de Novembro de 2025

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Mudança de mentalidade

Nova geração promete reformular o futebol de Mato Grosso

Dirigentes de diferentes regiões do estado se organizam em torno da chapa “Unidos pelo Avanço do Futebol de MT”, encabeçada por Diogo Pécora

Esporte | 24 de Novembro de 2025 as 12h 05min
Fonte: Metrópoles

Foto: Divulgação

Dirigentes de diferentes regiões do estado se organizam em torno da chapa Unidos pelo Avanço do Futebol de MT, encabeçada por Diogo Pécora, na disputa pela presidência da Federação Mato-grossense de Futebol.

Em Cuiabá, nesse domingo (23/11), presidentes de clubes e dirigentes de ligas se reuniram. Na pauta, pouco se falou de escalações ou tabela: o assunto dominante era política esportiva e o futuro da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF).

O grupo, formado majoritariamente por dirigentes de perfil mais jovem e de todas as regiões do estado, trabalha para consolidar a eleição do advogado Diogo Fernando Pécora de Amorim, atual presidente do Tribunal de Justiça Desportiva de Mato Grosso (TJD-MT), para comandar a FMF no quadriênio 2025–2029.

Integrantes da chapa destacam os elementos que, segundo eles, são o diferencial: a juventude e a ambição de melhorar o futebol estadual. O grupo se apresenta como uma mudança de mentalidade na condução da Federação Mato-grossense de Futebol, com discurso voltado à profissionalização da gestão, transparência e fortalecimento das competições.

A candidatura de Diogo Pécora foi registrada no próprio domingo e conta, de acordo com eles, com o apoio de 19 das 27 entidades (clubes e ligas) que estão habilitadas a participar da eleição da FMF.

No mesmo dia, o empresário João Dorileo Leal, presidente da SAF Novo Mixto, também oficializou sua chapa. A eleição está marcada para 2 de dezembro, na sede da federação, e definirá presidente, quatro vice-presidentes e membros do Conselho Fiscal.

Nova geração articula maioria

O núcleo que sustenta a candidatura de Pécora é identificado como uma “nova geração” na política do futebol mato-grossense, ancorada em apoios de peso: o atual campeão estadual, o Primavera, e o maior clube do estado, o Cuiabá.

A dupla lidera um grupo mais amplo de presidentes de clubes e ligas do interior, que vê na chapa Unidos pelo Avanço do Futebol de MT a chance de consolidar um novo ciclo de gestão na FMF, mais profissional, transparente e conectado às demandas do futebol moderno.

Em comum, esse grupo afirma defender uma FMF mais profissionalizada, menos personalista e com maior foco no fortalecimento de clubes e ligas do interior. A proposta contrasta com gestões anteriores, marcadas por disputas judiciais, questionamentos sobre o processo eleitoral e a percepção de que interesses externos à federação pesavam mais do que um projeto de desenvolvimento de longo prazo para o futebol local.

Cristiano Dresch, dirigente do Cuiabá e um dos principais apoiadores da chapa, resume o sentimento de mudança em discussão nos bastidores: “O Mato Grosso hoje tem condições de colocar diversos clube nas principais competições nacionais, com equipes fortes na capital e no interior, com uma base que cresce ano a ano. A federação precisa acompanhar essa evolução, ser parceira dos clubes e não um obstáculo. Vemos no Diogo alguém preparado para coordenar essa virada de chave”.

Bruno Manfio, campeão estadual recente com o Primavera, destaca a identificação geracional com o candidato. “Somos de uma geração que vive o dia a dia de gestão de clube, estádio, comissão técnica, liga, redes sociais, tudo ao mesmo tempo. A federação precisa entender essa realidade e falar a mesma língua. O Pécora conhece os bastidores jurídicos e, ao mesmo tempo, dialoga com quem está na ponta”.

Waldisnei, presidente do Uirapuru, vê na eleição a chance de consolidar uma transição aguardada há anos: “O futebol brasileiro vive um ciclo de transformação, e Mato Grosso não pode ficar apenas observando. Entre os dirigentes, comentamos há muito tempo que o momento de uma nova geração assumir ia chegar. Esta eleição, com o Pécora na cabeça de chapa, é uma oportunidade concreta de mudar o modelo de gestão da FMF, tornando-a mais ágil e conectada ao que o futebol exige hoje”.

Márcio Lacerda, que preside o Cáceres, reforça o papel do interior na presença dos clubes apoiando a chapa: “Os clubes do interior carregam o futebol de base, formam jogador, movimentam estádio e economia local. A federação precisa ir além da capital. O compromisso que escutamos do Diogo é de uma FMF mais presente nas cidades, com calendário organizado e apoio real para quem está longe dos grandes centros”.

Ciro Campos, do Santa Cruz, enfatiza sobretudo a realidade dos clubes menores, que contam com pouco investimento e estrutura limitada. Segundo ele, sem previsibilidade e regras claras, fica quase impossível planejar uma temporada inteira: “Para um clube com orçamento apertado, cada real precisa ser bem aplicado. Investir em elenco, em categoria de base ou até em uma estrutura mínima depende de saber, com antecedência, datas, fórmulas das competições e critérios de acesso e descenso”.

Denilson Lima, diretor do Sport Sinop, chama atenção para o impacto regional: “No Norte do estado, todo mundo sente quando o calendário atrasa ou muda em cima da hora. O que os clubes pedem não é favor, é organização. A ideia é ter uma federação que ouça, que vá até as regiões e ajude a construir soluções viáveis para cada realidade”.

Já Alex Melo, do Campo Novo, resume o que considera o ponto central da eleição: “Mais do que nomes, o que está em jogo é o tipo de futebol que queremos para Mato Grosso. Queremos uma federação que represente todos os filiados, e não apenas um grupo específico. O projeto do Diogo foi o que mais dialogou com essa visão”.

Preparo técnico e gestão moderna

Advogado com atuação em diversas áreas e presidente do TJD-MT, Diogo Pécora construiu sua trajetória ligado ao direito desportivo e a causas do futebol mato-grossense. Seus aliados destacam o conhecimento do regulamento das competições, dos processos disciplinares e da realidade dos clubes como um diferencial para o comando da entidade.

“Não se trata apenas de ser jovem, mas de ter bagagem, equilíbrio e capacidade de diálogo. O Diogo alia formação jurídica sólida, experiência em gestão pública e vivência no futebol. Isso dá segurança na hora de enfrentar temas complexos, como licenciamento de clubes, calendário e relação com as federações nacionais”, avaliou Cristiano Dresch.

O movimento em torno da chapa “Unidos pelo Avanço do Futebol de MT” também se encaixa em uma tendência mais ampla do futebol brasileiro, em que dirigentes de perfil mais jovem e de estados fora do eixo tradicional buscam ocupar espaços de decisão nas entidades de cúpula.

Para os aliados de Pécora, a agenda do grupo passa por pilares como transparência na gestão, fortalecimento financeiro da federação, ampliação de receitas e investimentos em estrutura para clubes e competições. A promessa é de uma administração mais profissionalizada, com metas e resultados mensuráveis.

Interior, base e futuro do futebol mato-grossense

Na visão dos articuladores da chapa, um dos focos centrais de uma eventual gestão de Diogo Pécora será o desenvolvimento do futebol em todas as regiões do estado. Isso envolve desde a organização de calendários regionais até programas de apoio à base e à estrutura dos clubes menores.

“Se a FMF quer ser realmente estadual, precisa estar presente do Araguaia ao Norte, do Centro-Sul ao Vale do Guaporé. Não adianta ter uma federação forte na capital e clubes fragilizados no interior. O projeto que está sendo discutido prevê ações específicas para cada região”, explica Márcio Lacerda.

Outro ponto citado pelos dirigentes é a necessidade de modernizar a relação com atletas, treinadores e profissionais do esporte, com cursos de capacitação, programas de formação e maior integração com iniciativas nacionais de qualificação.

“A federação tem condições de ser o motor da formação no futebol mato-grossense, não só um órgão que organiza campeonato. Se conseguirmos trazer cursos, parcerias e projetos para dentro da FMF, todo o ecossistema do futebol mato-grossense sobe de patamar”, avalia Bruno Manfio.

Um pleito após meses de impasse

A votação ocorre depois de um período de intervenção e incerteza na FMF. O primeiro processo eleitoral, previsto para maio, foi suspenso por decisão judicial e denúncias de irregularidades, o que levou à nomeação do presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Luciano Hocsman, como interventor e à criação de uma comissão eleitoral independente com participação do Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA).

Com a retomada do calendário, a nova Assembleia Geral Eleitoral foi marcada para 2 de dezembro, em Cuiabá, com votação presencial e voto secreto. O colégio eleitoral é composto por 27 entidades — clubes profissionais, agremiações amadoras e ligas filiadas em situação regular.

Para os presidentes alinhados ao projeto, a eleição de 2 de dezembro será um teste sobre qual modelo de gestão o futebol de Mato Grosso pretende adotar nos próximos anos: o de continuidade de práticas que levaram a embates judiciais e intervenção, ou o de uma tentativa de reorganização com base em diálogo e planejamento.