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Boa tarde, Sábado 13 de Setembro de 2025

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Especial Aniversário de Sinop

De 2010 até agora, o que aconteceu com Sinop?

Na história recente Sinop se consolida com um exemplo nacional de desenvolvimento e faz as pazes com o passado, reencontrando sua vocação para produzir combustível

Educação | 13 de Setembro de 2025 as 00h 15min
Fonte: Jamerson Miléski

Foto: Arquivo

São nos mais recentes 15 anos da história de Sinop que o projeto concebido na década de 70 atinge seu auge e seu propósito. Quando o traçado da BR-163 foi desviado, tirando Vera e Santa Carmem do curso da rodovia, a Colonizadora Sinop tratou de projetar outra cidade que ficasse sobre a pista da estrada federal. A visão que motivou tal ação era de que as demais localidades abertas no Norte de Mato Grosso precisariam de uma espécie de “sede central”, que desse o suporte logístico. Sinop, em sua fase contemporânea, atinge o patamar inquestionável de polo regional – ou para os mais entusiasmados, o posto de “Capital do Nortão”.

Há um conjunto de fatores que fazem uma cidade ser o centro de referência – ou cumprir com o papel de uma capital. O desenrolar dos acontecimentos entre 2010 e 2024 são quase um checklist dessas condições.

Começando pelo tamanho. O Censo do IBGE do ano de 2010 estabelece que Sinop tem uma população de 113.099 habitantes, dado que para muitos moradores locais foi subestimado. O número posiciona Sinop como a 4ª cidade mais populosa do Estado, ficando atrás apenas da capital Cuiabá, a vizinha Várzea Grande e Rondonópolis; todas no Sul de Mato Grosso.

A maior do Norte é percebida como tal não apenas pelos seus. No ano de 2010 o empresário e articulador de investimentos, Roberto Martins, chega ao município convencido que irá abrir um Shopping Center. Ele traz na sua mala um amplo estudo mercadológico, digno do porte do investimento, que ajuda inclusive as lideranças locais a compreender a potencialidade de Sinop na época. A fundadora da cidade, Colonizadora Sinop, se torna sócia do empreendimento que viabilizaria a implantação do primeiro shopping no Norte do Estado.

Enquanto isso, no mesmo ano, pousava no Aeroporto de Sinop o primeiro avião a jato de uma empresa aérea. No emblemático voo inaugural feito pela Trip, um dos passageiros foi o primeiro prefeito eleito de Sinop, Geraldino Dal Maso, que voltou para sua casa com a velocidade da turbina. Por terra, uma Missão Estradeiro, liderada pelo diretor geral do DNIT, Luiz Antônio Pagot, e pelo governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, partia de Sinop com destino a Santarém (PA), afim de acompanhar a execução das obras de pavimentação da BR-163. Naquele momento, 3 frentes de trabalho do Exército Nacional e outras 10 empreiteiras trabalhavam na construção do asfalto nos mais de 1.000 quilômetros que separam Sinop do Porto no Rio Tapajós. Naquele momento, a única pendência era o licenciamento ambiental de um pequeno trecho, com 180 km.

Dentro de Sinop, a gestão do prefeito Juarez Costa lançou em 2010 um novo distrito industrial, o LIC-Norte. A última e primeira vez que a administração municipal havia aberto espaços destinados especificamente para instalação de novas empresas foi no começo da década de 90. Os 196 lotes do LIC-Norte foram distribuídos para 101 empresas e boa parte delas de fato se instalaram no local. Destaque para a fábrica de vidros temperados que detém a marca Blindex.

Na área urbana a gestão avançava com sua proposta de campanha de pavimentar 100% de Sinop. Foi nesse período que importantes avenidas estruturantes de Sinop foram asfaltadas. Para valorizar os espaços públicos, a administração implementou academias ao ar livre, pistas de caminhada e áreas de lazer, imprimindo uma sensação de qualidade de vida na emergente cidade. No final de 2010 é inaugurado o Memorial Rogério Ceni, em homenagem ao ídolo do São Paulo que começou sua carreira no Sinop F.C. Construído em frente ao Estágio Gigante do Norte, a galeria conta com um acervo pessoal doado pelo goleiro, que inclui a Bola de Prata da revista Placar, a camisa do gol número 63, dos 618 jogos pelo São Paulo, a camisa que vestiu quando jogou na Seleção Brasileira na Copa de 2002 e a chuteira que marcou o gol de número 90. Quem fez a curadoria das peças que estão no memorial foi o jornalista Jamerson Miléski.

Em relação a estrutura de Saúde, em 2010 foi implantada a primeira UPA 24h (Unidade de Pronto Atendimento), no eixo da Avenida André Maggi. O Hospital Municipal, inaugurado em dezembro de 2008, não havia sido aberto até então. Passados mais de 2 anos de intensa articulação política, o município transmitiu a estrutura para o Governo do Estado, em abril de 2011. O então secretário de Saúde de Mato Grosso, Pedro Henry, havia desenhado um modelo de gestão terceirizada dos hospitais regionais através de OSS (Organizações Sociais de Saúde). O recebimento do Hospital de Sinop por parte do Estado foi para que a unidade fosse operada no novo sistema de gestão.

No aeroporto da cidade, a aquisição de um AP-2 (Caminhão de Combate a Incêndios), permite ampliar o número de voos. Com isso, em 2011, a Passaredo começa operar em Sinop, conectando o município a capital federal, Brasília. Para lidar com a expansão da população, a alta valorização dos imóveis e o déficit habitacional, a gestão municipal busca recursos junto ao Governo Federal, através do Programa Minha Casa Minha Vida, para implantar conjuntos habitacionais populares na cidade. É nesse período que surgem o Residencial Daury Riva, o Residencial Sebastião de Matos e o Residencial Sabrina.

O ano de 2012 foi gigante para Sinop. No dia 5 de junho, o Ministério da Educação assinou a autorização para a implantação do curso de Medicina no campus da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso). Com 60 vagas, a formação superior iniciou 2 anos depois, coroando Sinop como o grande centro acadêmico e educacional do Norte do Estado. Cerca de 70% dos estudantes da primeira turma vieram de outras cidades.

Um mês e um dia depois, em 6 de julho, foi inaugurado o Centro de Pesquisas da Embrapa Agrossilvipastoril. A sede própria da Empresa Brasileira contava com 8,5 mil metros quadrados de área construída, além de um amplo espaço de campo para o desenvolvimento de pesquisas e ampliações. Boa parte da estrutura foi erguida com madeiras nobres, apreendidas em operações ambientais. A matéria prima que nasceu na ilegalidade terminou alicerçando a pesquisa para o campo. Na entrada da unidade, correntões utilizados em desmates de áreas de floresta foram usados como ornamentação, lembrando das práticas de uma história recente que precisavam ser reformuladas, para que um novo modelo produtivo mais sadio tivesse espaço para crescer. Na inauguração estava prevista a presença da então presidente da República Dilma Roussef, que acabou mudando a agenda na última hora. A autoridade do Governo Federal na solenidade foi o Ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho.

Decorrido mais um mês, em agosto de 2012, Ibama e Sema emitem a Licença Prévia para construção da Usina Hidrelétrica de Sinop. O documento oficializa a viabilidade da construção do empreendimento energético no Rio Teles Pires com capacidade para gerar 402 MW, decorrentes de um investimento estimado em R$ 2 bilhões. A cidade que demorou 20 anos para ter uma linha de energia elétrica, sendo iluminada na base do diesel, recebia a notícia de que teria uma geração limpa em seu quintal.

Na semana que Sinop completou 38 anos de fundação, em setembro de 2012, foi assinado o contrato com a Fundação de Saúde Comunitária Santo Antônio, para a gestão do Hospital Regional. No mesmo dia a entidade assumiu o antigo P.A (Pronto Atendimento), com a missão de fazer as reformas necessárias na estrutura e colocar em funcionamento a unidade hospital com capacidade para 64 leitos de internação e 10 UTI’s. Como a Fundação nasceu em Sinop com o propósito de atender o SUS, as expectativas eram que o Santo da casa faria milagres na condução de um Hospital Regional, custeado pelo Estado. Spoiler: não fez...

Surfando em uma onda de progresso, com diversas obras municipais em curso e um mandato que performou acima do esperado, o prefeito Juarez Costa teve uma reeleição fácil no pleito de outubro de 2012. Embora a oposição tenha usado seus trunfos, lançando o ex-deputado estadual Dilceu Dal’Bosco como prefeito e a ex-primeira dama Renata Leitão como vice, Juarez venceu com 61% dos votos válidos, se permitindo a faltar aos debates. A vice-prefeita eleita foi a empresária Rosana Martinelli.

No ano de 2013, com a fusão da Trip, a Azul Linhas Aéreas começou a operar no Aeroporto de Sinop. No mesmo ano é lançado o maior projeto habitacional popular da história do município, o Residencial Nico Baracat, que previa a construção de prédios de 4 andares em uma área na MT-140, abrindo 1.440 apartamentos para moradia dos mais necessitados. O projeto foi financiado pelo Programa Minha Casa Minha Vida.

Até esse momento, Sinop já havia recebido mais de R$ 1 bilhão em investimentos do Governo Federal. O agronegócio vivia um período de franco crescimento e o programa de armazenagem do Ministério da Agricultura viabilizou a construção de muitos silos e armazéns na região. Independente da atenção dedicada, quando eclodiram as manifestações nas capitais do movimento “Vem Pra Rua”, a população de Sinop realizou protestos. Com faixas e cartazes, trajando a camisa da Seleção Brasileira e seguindo um carro de som, cerca de 5 mil sinopenses marcharam pela Avenida Júlio Campos – a principal de Sinop – externando sua indignação com a política vigente. Uma quantidade significativa (talvez a maioria) dos presentes eram pessoas avessas ao petismo e aproveitaram a ocasião de um movimento ainda indefinido. Outra parte, formada majoritariamente por acadêmicos das universidades locais, buscou traçar uma pauta que norteassem os gritos. No afã de lutar pela defesa do patrimônio histórico cultural – mimetizando os protestos nacionais – os jovens encamparam como bandeira o resgate do Restaurante O Colonial: o único prédio da cidade considerado histórico que ainda estava em pé e em processo de tombamento.

A minoria ruidosa, já abandonada pela massa do primeiro protesto, ocupou duas sessões da Câmara de Vereadores, pedindo providências quanto ao prédio histórico. O Colonial foi construído na década de 80, pela Colonizadora Sinop, com o propósito de receber chefes de Estado. O espaço abrigou celebrações de casamento, formaturas e eventos sociais. Durante um intervalo de tempo, foi o ponto de encontro da juventude, funcionando como uma espécie de bar danceteria. Nos seus últimos anos de uso voltou a ser restaurante, operado pela empresa Kilograma, que alugava o prédio. Desde 2007, quando o restaurante fechou, o imóvel foi cercado e ficou sem uso. Nos protestos de 2013, esse grupo mais acalorado pichou os tapumes que cercavam o imóvel, com frases que reivindicavam o bem como “Patrimônio Histórico e Cultural”. No dia 15 de novembro de 2013, feriado da Proclamação da República, os acadêmicos marcaram um ato de protesto em frente ao Colonial. Meia hora antes do encontro, a estrutura veio abaixo, com seu telhado caindo e destruindo pouco mais de um quarto do prédio histórico.

Em fevereiro de 2014, Sinop volta a receber um presidente da República, o 4º na história. Depois de João Batista Figueiredo, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso foi Dilma Roussef quem chegou no aeroporto do município. Ao invés de uma multidão e declarações de apoio, a chefe de Estado foi recepcionado por uma minúscula comitiva de lideranças políticas, que a cumprimentaram assim que desceu do avião. Dilma nem chegou ao terminal. A presidente embarcou em um helicóptero da FAB que a levou até Lucas do Rio Verde, onde participou do lançamento da colheita da soja.

Nesse mesmo período o Governo Federal promoveu a privatização da BR-163, de Sinop até Itiquira, na divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul. O contrato, vencido pela Construtora Odebrecht, foi percebido como um avanço na região que clamava por melhorias nas condições de tráfego da rodovia.

Ainda em 2014, iniciou-se as obras da barragem da Usina Hidrelétrica de Sinop. No mesmo ano foi realizada uma cerimônia de lançamento da Pedra Fundamental da implantação do Batalhão do Exército Nacional no município – obra que não se concretizou. Em 2020 a área destinada para a implantação foi dedicada para outro plano, a construção de uma nova sede para o 9º BEC (Batalhão de Engenharia e Construção), que iria transferir a sua unidade de Cuiabá para Sinop – o que também não foi efetivado até a presente data.

Para o Norte da rodovia, a pavimentação avançava, mas os planos não eram mais chegar até Santarém (PA). Estruturas de transbordo de grãos começaram a ser implantadas em Miritituba (PA), na margem direita do Rio Tapajós, se apresentando como solução logística para o escoamento da safra estando 100 km mais perto. No ano de 2014, um novo Estradeiro foi realizado no trecho. Dos 976 km entre Sinop e Miritituba, apenas 126 km não estavam pavimentados.

Em dezembro de 2014, nos dias finais do mandato do Governador Silval Barbosa, foi enfim inaugurado o Hospital Regional de Sinop. Não sob a gestão da Fundação Santo Antônio, como se esperava. Passados mais de dois anos da contratação da entidade sem que o Hospital abrisse as portas, Silval decretou intervenção na unidade, nomeando o servidor de carreira Manoelito Rodrigues como interventor. Em 19 dias de intervenção o Hospital começa a atender os pacientes da rede pública.

É também no final de 2014 que o prefeito Juarez Costa assina o contrato de concessão dos serviços de água e esgoto do município, passando a gestão para a Companhia Aegea/Águas de Sinop, pelo período de 30 anos. É apenas através do modelo terceirizado que a cidade consegue implantar um sistema de coleta e tratamento de esgoto.

O ano de 2015 começa com a implementação de um novo Código Tributário em Sinop, que entre as alterações mexeu significativamente no valor do IPTU. No ano anterior, 21 entidades da cidade se mobilizaram para discutir a legislação, afim de minimizar os impactos da carga tributária local. Quando os boletos de 2015 foram lançados, evidenciando os altos valores, o grupo da sociedade civil organizada voltou a se reunir em embate com a gestão municipal. O confronto foi a pedra angular sob a qual foi alicerçada a Unesin (União das Entidades de Sinop), uma nova associação cujas cadeiras de diretoria são ocupadas por um membro de cada agremiação que forma a liga. Nos anos seguintes a Unesin teve papel determinante na discussão dos grandes assuntos de Sinop, sendo especialmente ativa no processo de regularização do Aeroporto Municipal, na reforma do Código de Obras e Postura e no desenvolvimento do Plano Diretor da cidade.

Na parte urbana, Juarez Costa deu início em 2015 ao seu projeto de reestruturar as avenidas da cidade, tendo como marcos a Avenida dos Tarumãs, na parte central, e a Avenida das Itaúbas, no Jardim Celeste. O gestor também implanta um novo distrito industrial, o LIC Sul, com 208 lotes partilhados com 100 empresas. Tanto o LIC Norte, de 2010, quanto o LIC Sul, se tornaram problemas jurídicos, em razão da doação de terrenos, que ainda carecem de solução.

Outro acontecimento emblemático do ano de 2015 foi a implantação do campus avançado do IFMT (Instituto Federal de Mato Grosso), em Sinop. A prefeitura arcou (e arca até hoje), com o aluguel do imóvel para a implantação da escola técnica. A sede própria do IFMT começou a ser construída em 2022, ainda em obras.

No ano de 2015 Sinop tem um intenso movimento na construção civil. Vários loteamentos são abertos na cidade, condomínios fechados, edifícios e programas habitacionais empurram a metragem dos alvarás de construção emitidos. Entre as autorizações expedidas no ano está o alvará para construção do Shopping Sinop, que iniciaria suas obras no ano seguinte, edificando um complexo comercial com 40,5 mil metros quadrados.

Em 2016 um novo líder religioso assumiu a diocese de Sinop. Dom Canísio Klaus assume o posto do bispo Dom Gentil de Lazari. No último ano do seu mandato, Juarez Costa cria a Taxa do Lixo, outra medida impopular, mas que põe fim ao Lixão Municipal, implantado em 1990. Desde 2016 Sinop faz a destinação dos seus resíduos domiciliares em um aterro sanitário devidamente licenciado. Em dezembro entra em operação a ETE Curupy (Estação de Tratamento de Esgoto), atendendo pela primeira vez a cidade, ainda que parcialmente, com a coleta e tratamento de esgoto. Para regular os serviços públicos transmitidos para iniciativa privada através de concessão, o prefeito implanta no mesmo ano a AGER (Agência Reguladora de Sinop), que passa a regular os contratos para saneamento básico e transporte coletivo.

Na eleição municipal de 2016, a vice-prefeita de Juarez acaba sendo a candidata preferida do eleitorado. Em uma disputa apertada de votos, Rosana Martinelli é eleita prefeita de Sinop, sendo a primeira mulher na função.

Ao assumir em 2017, a sucessora conserva boa parte da equipe da gestão anterior. E também herda várias obras recém construídas, como creches e postos de saúde, que precisam ser preenchidos e colocados em funcionamento. Rosana também assume a conta das medidas impopulares, emitindo no seu primeiro ano de mandato a cobrança taxa do lixo e lidando com os precatórios, na casa de R$ 56 milhões, oriundos de processos judiciais das gestões anteriores, que esvaziavam os cofres públicos para investimentos. Amparada pela iniciativa privada, ela encampa a luta para resolver a situação do Aeroporto de Sinop, que atravessava um momento em que vários voos eram cancelados em razão das condições climáticas e falta de instrumentos.

Enquanto a prefeitura atravessava um período “regenerativo”, a Acrinorte (Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso), realiza a sua 33ª e última edição da Exponop. A feira agropecuária, com tom de festa popular, marcou a história local com seus shows, rodeios e bingos. Mudanças sociais, econômicas e culturais acabaram aposentando esse formato de evento. A “festança” da Exponop morre para em seu lugar nascer a Norte Show, uma feira agroindustrial mais técnica, focada em negócios e difusão tecnológica. Na ausência de uma data para promover uma festa para cidade, Rosana implementa em 2017 o Celebra Sinop, repaginando as comemorações do aniversário do município com shows e atrações.

É também em 2017 que o Hospital Regional de Sinop vive um episódio novelesco. Após a intervenção do Governo do Estado, no final de 2014, quando a unidade finalmente abriu, houve a troca de gestão. Pedro Taques, que assumiu o governo de Mato Grosso em janeiro de 2015, manteve a intervenção, trocando apenas o interventor. Somente em 2016 Taques reestabeleceu a gestão da unidade para a Fundação Santo Antônio, contratada em 2012.

Durante todo esse tempo, as compras e pagamentos do Hospital foram feitas como CNPJ da Fundação, sob a caneta do interventor. Cerca de um ano após retomar o controle da operação, a entidade reclamava uma dívida de R$ 18 milhões – de valores devidos pelo Estado. A situação chegou ao cúmulo em outubro de 2017 quando, com a ajuda da prefeita Rosana, foi realizada uma manifestação bloqueando a BR-163, para tentar cobrar os repasses do Estado. Em novembro de 2017 a Fundação Santo Antônio desiste do contrato, devolvendo a gestão do Hospital Regional de Sinop para o Governo de Mato Grosso. Em dezembro, o governador Pedro Taques contrata uma nova OSS para a função, o Instituto Gerir.

Em meio a toda essa confusão, em novembro de 2017, Rosana anuncia que será construída em Sinop uma usina para produção de etanol combustível utilizando como matéria prima o milho. A indústria atraída pela prefeita era a Inpasa S/A, uma companhia paraguaia em ascensão, mas já testada na atividade. O projeto previa um investimento de R$ 500 milhões em uma planta industrial com capacidade de produzir 1,4 milhão litros de álcool por dia, moendo 3 mil toneladas de milho diariamente - quase 1 milhão de toneladas ao ano. A Inpasa de fato se estabelece em Sinop, conferindo a cidade uma grande indústria cujo faturamento correspondeu a metade do PIB do município no seu primeiro ano de operação (2019/2020), mudando significativamente o mercado do milho e da biomassa na região. As pilhas de pó de serra e restos de madeira das serrarias foram consumidas pelas caldeiras da Inpasa.

A primeira Norte Show, realizada em junho de 2018, contou com 200 expositores e mais de 10 mil pessoas passaram pela feira. A Igreja Santo Antônio inaugurou seu novo e atual templo – sendo a terceira edificação desta que foi a primeira igreja de Sinop. Na gestão municipal, pela primeira vez os alunos da rede pública de todas as idades recebem um kit completo de uniforme, com camiseta, calção, calça, tênis e mochila.

No final de 2018, o governo federal presidido por Michel Temer, chega próximo de concluir a pavimentação da BR-163 entre Sinop e Miritituba, restando um trecho de 51 quilômetros cujas obras estavam sendo executadas pelo Exército Nacional.

No Estado de Mato Grosso quem vence as eleições de 2018 é Mauro Mendes. Ele assume em janeiro e com 16 dias de governo decreta a intervenção no Hospital Regional de Sinop. O interventor nomeado foi o servidor de carreira Jean Carlos Alencar da Silva. Um novo modelo de gestão é implantado no governo, terceirizando compras e serviços em blocos, não mais em um pacote fechado. Jean continua no posto de diretor do Hospital de Sinop até 2024.

A Unesin é oficialmente formalizada como entidade em 2019. O trabalho das lideranças permitiu a regularização da situação documental do aeroporto de Sinop, a elaboração de um plano diretor do aeródromo e a aquisição de instrumentos auxiliares de pouso e decolagem. No mesmo ano a Gol Linha Aéreas iniciou a operação do voo Sinop-Guarulhos (SP), conectando o Nortão com o principal terminal do país. No mesmo ano o Aeroporto passa a ser gerido pela AOA (Centro-Oeste Airports), através de uma concessão pública do Governo Federal.

No Rio Teles Pires a Usina Hidrelétrica Sinop está pronta e começa a formar seu lago no começo de 2019. Ainda na fase de enchimento da barragem, um desequilíbrio provocou a mortandade de inúmeros peixes. As autoridades ambientais contabilizaram 13 toneladas de peixes mortos em decorrência da operação. No mesmo ano a usina começou a geração comercial de energia elétrica, abastecendo o sistema nacional. No outro lado da cidade, a Inpasa destilava seu primeiro etanol.

No centro, o gigante do varejo Assaí declarava sua intenção de se instalar em Sinop. A rede faz uma oferta pelo imóvel onde está o Estádio Gigante do Norte, que seria demolido para construir um supermercado. A empresa se comprometia em construir uma nova arena esportiva. A proposta foi levado a sério, sendo assunto na Câmara dos vereadores, com a adesão da prefeita. No fim, as lideranças conseguiram conter o negócio e um novo espaço urbano foi destinado para a loja do Assaí.

Ainda em 2019 é inaugurada em Sinop a Fastech, uma Faculdade de Tecnologia, que inova ao trazer o curso de Ciências Aeronáuticas. Idealizada pelo médico Jonhy Ratmann, a instituição de ensino superior é a segunda a ser fundada em Sinop. A primeira foi a Fasipe.

O ano termina com uma inconveniente e preocupante notícia, vinda do outro lado do globo terrestre. Um vírus com alta taxa de letalidade foi registrado na China, em dezembro de 2019. Quatro meses depois esse mesmo vírus fazia a primeira vítima em Sinop. No dia 25 de abril de 2020 morreu de Covid-19 Wircylei Fonseca, de 45 anos, que era subsecretário adjunto de Saúde de Sinop.

As festividades do aniversário de Sinop foram suspensas em razão da pandemia. Quatro dias após a data de fundação, no dia 18 de setembro, Sinop recebia a visita do 5º presidente da República. Jair Messias Bolsonaro chegou pelo aeroporto municipal, onde foi recebido por uma multidão. Na recepção calorosa abraçou pessoas, pegou crianças no colo e até um cachorro. Seu compromisso oficial foi a inauguração da usina de etanol da Inpasa, obra da iniciativa privada, que estava em funcionamento há mais de um ano.

No mesmo ano Bolsonarro inaugurou os 51 quilômetros restantes da pavimentação da BR-163, estabelecendo uma nova rota, melhor logisticamente, para a produção agrícola de Mato Grosso. Em 2022 seguinte, a rodovia, de Sinop à Miritituba, passou pelo processo de privatização.

No pleito municipal de 2020, Rosana abre mão da reeleição para apoiar a candidatura do empresário Roberto Dorner. Nessa eleição, o ex-prefeito Juarez Costa voltou para disputa da cadeira do executivo, mas acabou sendo derrotado por uma ampla aliança soldada por Dorner, seu vice Dalton Martini e a então prefeita. A pandemia não impediu a realização de passeatas, comícios e campanhas corpo a corpo.

A posse de Dorner, em janeiro de 2021, foi sem a presença de público. O poder Judiciário nessa época operava apenas de forma remota, utilizando de aplicações via internet. O mesmo acontecia com escolas e faculdades. Em janeiro de 2021 chega a primeira remessa de vacinas em Sinop. A primeira a ser imunizada foi a vacinadora Margarida Mattos, de 56 anos de idade. Com a ampliação da campanha, a cidade foi recobrando a normalidade. Ainda com a população vestida de máscaras e com álcool em gel sendo um item de uso cotidiano, é inaugurado em outubro de 2021 o Shopping Sinop – o único grande centro varejista do país a iniciar suas atividades em plena pandemia.

Mesmo sendo um período de incerteza econômica, no ano de 2021 vários projetos para abertura de novos loteamentos foram registrados no departamento de engenharia da prefeitura. O setor da construção civil teve um grande crescimento em 2021, com 256 alvarás emitidos no mês de março – o maior da série histórica.

No ano de 2022, o censo do IBGE aponta uma população de 196.312 habitantes em Sinop. No mesmo ano é inaugurada a Agência Fluvial da Marinha do Brasil no município. Com a ameaça da pandemia se diluindo após o sucesso da campanha de vacinação, investimentos voltam a acontecer na cidade. A Latam Airlines passa a operar voos em Sinop. Com a expansão, o Aeroporto de Sinop registra seu movimento recorde em janeiro de 2023, contabilizando o embarque e desembarque de 36.865 em um único mês – média de 1,1 mil passageiros por dia, e duas vezes mais que o mesmo período do ano anterior.

Construtoras renomadas do Sul do país anunciam a edificação de torres residenciais e comerciais em Sinop. Empresas locais também apostam no segmento. Um “boom vertical” é registrado no primeiro quadrimestre de 2022, momento em que haviam 14 empreendimentos verticais em curso, que colocariam no mercado 1.600 apartamentos, movimentando mais de R$ 1,6 bilhão em investimentos. Na construção horizontal, novos condomínios fechados, cada vez mais luxuosos são lançados. A frota municipal alcança a marca de 153 mil veículos.

Na gestão municipal, Dorner encampa um projeto para viabilizar novas escolas através do sistema de construção modular, mais rápido que o convencional. Com isso consegue implantar em um curto espaço de tempo 7 unidades escolares.

Entre os anos de 2010 e 2020, a pavimentação na área urbana de Sinop avançou consideravelmente, praticamente universalizando o asfalto. Em sua gestão, Dorner estica esse asfalto para as zonas limítrofes a perímetro urbano. Com isso, em 2022 iniciam importantes obras de pavimentação nas estradas vicinais, que aos poucos estão se tornando vias urbanas, como a Nanci, Angela, Adalgiza, Silvana e Brígida.

O Festival de Praia, nas margens do Rio Teles Pires, que parou de ser realizado em 2007, é recuperado pela prefeitura em 2023, reestabelecendo o evento no calendário festivo do aniversário de Sinop. Ainda em 2023 é inaugurado a unidade do Hospital do Amor no município – estrutura especializada no diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer, vinculada ao antigo Hospital do Câncer de Barretos. Na rede pública, a prefeitura lança em dezembro de 2023 a construção de um Hospital Municipal, na região do grande São Cristóvão. A estrutura de 4,2 mil metros quadrados de área construída contará com 40 leitos de internação, que serão geridos pelo município em sistema de PPP (Parceria Público Privada).

O atual prefeito também anunciou a construção de uma nova sede para o Paço Municipal, afim de substituir o atual, construído em 1982. Dorner escolheu um terreno da Avenida Bruno Martini e com um financiamento de R$ 80 milhões tomando junto ao Banco do Brasil pretende erguer o novo Paço Municipal.

O ano de 2023 termina com Sinop sendo destaque no noticiário nacional. O município foi apontado pela Revista Exame como o 4º melhor lugar para fazer negócios no comércio. A cidade já havia aparecido no ranking da revista nos anos anteriores, mas essa foi a melhor colocação da história. Na medição, que elaborada pela consultoria Urban Systems, Sinop contabilizou 3,634 pontos no Índice de Qualidade Mercadológica, ficando atrás apenas de São Paulo (SP), Barueri (SP), e Itajaí (SC). O estudo avalia quais municípios oferecem melhores condições para as empresas, com base em dados de população, de fluxo de comércio, características urbanas e infraestrutura. Na categoria comércio, são analisados 10 indicadores: empregos no setor com média e alta remuneração, renda do trabalhador do comércio varejista, renda do trabalhador do comércio atacadista, estabelecimento comerciais varejistas, estabelecimentos comerciais atacadistas, empregos no comércio varejista, empregos no comércio atacadista, crescimento populacional, densidade de banda larga e renda do trabalhador formal.

No ainda inacabado ano de 2024, Sinop já anota em seu acervo de feitos históricos a inauguração do novo terminal aeroportuário, com uma área construída de 6 mil metros quadrados. O Residencial Nico Baracat, com 1.440 apartamentos populares, lançado em 2013, foi inaugurado em janeiro de 2023. No mesmo ano foi lançada a construção do maior edifício da cidade, com 42 andares, que será erguido pela Construtora São Benedito. Em junho foi inaugurado o segundo parque da cidade, o Jardim Botânico, conferindo uso público para uma reserva dentro da área urbana de Sinop demarcada desde 1977. Na saúde a prefeitura inicia a construção de um novo Centro de Especialidades Médicas, com um investimento na casa dos R$ 5,2 milhões.

Nessa sexta-feira (12), há dois dias do aniversário de 51 anos de Sinop, foi inaugurada a segunda usina de etanol de milho, da Evermat – construída através da associação de produtores e empresários locais.

Seja quem chegou a 50 anos ou a 50 dias, Sinop é o saldo de uma cooperação coletiva que cresce ao permitir que cada um ocupe seu lugar.

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