Suspeitos de envolvimento na morte de Nery ganham R$ 2 milhões na Justiça após acordo com filhas da vítima

O advogado suspeito de envolvimento no assassinato do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), Renato Nery, ganhou R$ 2 milhões na Justiça após um acordo celebrado com as filhas do advogado assassinado.

Um contrato de arrendamento de terras em Novo São Joaquim firmado entre Renato Nery e Luis Carlos Salesse com Rafael Scarton Strohschein tinha cerca de R$ 8 milhões depositados em juízo. Este valor estava em uma conta judicial desde que Wilma Terezinha Destro Fernandes entrou com uma ação questionando a propriedade de Renato Nery e Luis Carlos nesse processo.

Wilma é representada neste e em outros processos pelo advogado Antônio João de Carvalho Júnior, que é suspeito de envolvimento no assassinato de Nery e foi alvo da Operação Office Crime.

Antônio João e Wilma firmaram acordo com as filhas de Renato Nery, o que garantiu que a cliente do suspeito passasse a receber o valor do arrendamento, uma vez que o espólio de Nery desistiu do processo.

Na terça-feira (03.06), o juiz Gilberto Lopes Bussiki proferiu uma decisão liberando para Wilma uma parte dos cerca de R$ 8 milhões depositados, por conta do acordo.

“A exclusão do Espólio de Renato Gomes Nery do polo ativo acarreta a possibilidade de levantamento pela requerida da parcela depositada inerente à sua participação proporcional na pretensão deduzida”, diz trecho da decisão do juiz Gilberto Lopes Bussiki.

O magistrado afirmou, no entanto, que deve ser levantado apenas 46% do valor por entender que Luiz Carlos Salesse, para quem Nery advogava, também alega ter direito aos valores do contrato de arrendamento. E, apesar da desistência das herdeiras, Luiz Carlos ainda pleiteia os valores e a propriedade arrendada, uma vez que os acordos com os suspeitos foram feitos sem a participação de Salesse.

Estes acordos foram firmados pelos herdeiros de Nery com advogados e empresários investigados na Operação Office Crime. Os tratados foram assinados nos dias 20 e 30 de setembro de 2024, pouco mais de dois meses após o crime.

As herdeiras firmaram dois acordos: um com o casal Julinere Goulart Bentos e César Jorge Sechi, que foram alvos da operação, e outro com Wilma Terezinha Destro Fernandes, viúva do fazendeiro Manoel Cruz Fernandes, representada pelo advogado Antônio João de Carvalho Júnior, suspeito de envolvimento no caso.

Em uma representação encaminhada à Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT), 10 dias antes de ser assassinado, Renato afirmou que Antônio João fazia parte de um “escritório do crime” e que ele e seus comparsas atuavam para vencer disputas de terras com uso de violência, ameaças e compra de sentenças.