Mesmo ameaçado, Nery não acreditava que seria morto após repercussão do caso Zampieri

A informação foi repassada pelos delegados Caio Albuquerque e Bruno Abreu na manhã desta segunda-feira (12)

O advogado Renato Nery estava sendo ameaçado de morte antes de ser assassinato, mas não acreditava que de fato fariam algo contra ele, tendo em vista a repercussão do homicídio de seu colega de profissão, Roberto Zampieri. A informação foi repassada pelos delegados Caio Albuquerque e Bruno Abreu na manhã desta segunda-feira (12).

“O Nery não contava para ninguém que estava sendo ameaçado, até porque ele acreditava que, com a morte do Zampieri, não teriam coragem de matar outro advogado. Ele contou uma ameaça específica para uma pessoa. Uma testemunha informou que ele contou dias antes de morrer que estava sendo ameaçado”, revelou Bruno Abreu, responsável pelo caso.

Nery foi assassinado em julho do ano passado. Ele foi assassinato a tiros em frente ao seu escritório, localizado na avenida Fernando Correa da Costa, em Cuiabá, quando chegava para trabalhar. O jurista chegou a ser socorrido com vida e encaminhado a um hospital particular, mas morreu após não resistir a uma cirurgia.

O crime ocorreu sete meses depois da morte do também advogado Roberto Zampieri, que foi morto com 10 tiros, em frente ao seu escritório no bairro Bosque da Saúde, na Capital. A morte do jurista, assim como de Nery, se deu por conta de uma disputa judicial de terras.

No entanto, no caso de Zampieri, o homicídio ainda trouxe à tona um esquema de corrupção de venda de sentença envolvendo desembargadores do judiciário de Mato Grosso e outros estados.

RELEMBRE O CASO

Renato Gomes Nery foi alvo de pelo menos 10 disparos de arma de fogo na manhã do dia 5 de julho de 2024, uma sexta-feira, no momento em que chegava em seu escritório, no bairro do Areão, em Cuiabá.

Segundo a Polícia Civil, o atirador, que segundo as investigações era Alex Roberto de Queiroz Silva, caseiro de uma chácara do sargento Heron Teixeira, já no local à espera do advogado e, após atirar, fugiu do local em uma moto Honda Titan de cor vermelha, que foi apreendida parcialmente desmontada em uma oficina de Barão de Melgaço (104 km de Cuiabá).

Uma câmera de segurança gravou o momento em que o advogado caminha até a porta do escritório, é atingida pelos disparos e cai no chão. No atentado, um dos tiros atingiu a cabeça do jurista, que foi socorrido e encaminhado ao hospital, onde passou por uma cirurgia de urgência. No entanto, não resistiu às complicações e morreu na manhã do dia 6 de julho.

OUTROS PRESOS

Em novembro de 2024, durante a primeira fase da Operação Office Crimes, além de César e Julinere, também foram alvos da primeira fase da operação os advogados Antonio João de Carvalho Junior, Agnaldo Bezerra Bonfim e Gaylussac Dantas de Araujo.

Posteriormente, em abril deste ano, o casal acabou sendo novamente alvos em uma nova fase da operação, em Abril deste ano.

CASAL MANDANTE

O casal Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Basto foi preso pela Polícia Civil na sexta-feira (9.5). Eles são apontados como mandantes do assassinato do advogado Renato Nery. Além dos dois mandados de prisão, também foram expedidos mandados de busca e apreensão pelo juízo do Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá (NIPO). Os envolvidos respondem por homicídio qualificado.

As ordens judiciais foram cumpridas em Primavera do Leste, no condomínio onde o casal reside, no mesmo local alvo de buscas e prisões anteriores, e também em uma segunda casa que fica em outro endereço na cidade.

A Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa de Cuiabá teve acesso a informações e fatos relevantes, que confirmaram outras provas sobre a identificação dos autores da execução, dos intermediários e dos mandantes.