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Vacinar para prevenir comportamentos

06 de Março de 2023 as 11h 06min

“As descobertas de Peryassú deram ainda mais força à campanha movida pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz para eliminação do mosquito, que foi controlado na década de 1920 no Rio de Janeiro e considerado erradicado do Brasil…” (https://www.ioc.fiocruz.br/dengue/textos/longatraje.html)

 

Parece que um século depois, estamos a ponto de realmente nos despedir da Dengue. Com o avanço da Ciência e das tecnologias a passos largos, a aprovação pela Anvisa da vacina de prevenção contra a Dengue de uso amplo pela população, trará a tranquilidade de se ter as portas e janelas escancaradas e sem receio, nas temporadas de verão nacional. Na atualidade, a dificuldade de financeiramente aclimatar os ambientes das casas e, realmente padecer de calor, confronta com o medo e adoecer gravemente. Os entardeceres mais quentes propiciam passeios famintos das fêmeas do mosquito Aedes que saem para fazer a troca de um pouco de sangue humano por alguns poucos punhados de vírus da Dengue.

A história da Dengue no mundo não é nova e, a transmissão pelo Aedes aegypti está documentada a partir do Egito, na África, espalhando pelo mundo a partir das grandes navegações. Chega às Américas no período colonial através dos navios que traficavam escravos. Segundo a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), a primeira epidemia de dengue no continente americano ocorreu no Peru, no início do século 19, com surtos no Caribe, Estados Unidos, Colômbia e Venezuela.

No Brasil, segundo relatórios da Fiocruz, os primeiros relatos de dengue datam do final do século XIX, em Curitiba (PR), e do início do século XX, em Niterói (RJ). Em 1955, o Brasil erradicou o Aedes aegypti como resultado de medidas para controle da febre amarela. No final da década de 1960, ocorre a reintrodução do vetor em território nacional e atualmente, o mosquito é encontrado em todos os Estados brasileiros. No caso do vírus, a documentação clínica e laboratorial ocorreu em 1981-1982 em Boa Vista (RR), onde se isolaram os subtipos DENV-1 e DENV-4. Em 1986, ocorreram as epidemias no Rio de Janeiro além de algumas capitais do Nordeste. Desde então, os casos jamais deixaram de aparecer.

Por ser um problema comportamental, eliminar o mosquito parece não ser a solução, uma vez que extinguir pequeníssimos reservatórios de água que muitas vezes passam despercebidos torna-se missão quase impossível para as autoridades no tema. Mudar os comportamentos humanos enraizados nas gerações leva tempo e não mostra efetividade. As campanhas publicitárias, ações de saúde e outras formas de ações repressivas, têm demonstrado ineficácia ano após ano. As pessoas seguem acumulando água parada e se contaminando depois das picadas de mosquitos adultos fêmeas recém oriundas dos micro acumuladores de água parada das zonas urbanas, berço de seus nascimentos.

A Dengue ainda mata. Em suas apresentações hemorrágicas, por exemplo, pode tirar a vida em questão de dias e levar uma equipe médica a assistir frustrada a morte de seu paciente que fracassa na luta pela vida. Atualmente, não existe tratamento de cura para a Dengue, a não ser o de suporte e esperar que o indivíduo em sua fase de convalescença responda positivamente com seu sistema imunológico as artimanhas do vírus agressor. A solução talvez seja realmente a introdução de uma vacina com a promessa de prevenção, ou seja, evitar que as pessoas adoeçam por Dengue. Tudo indica que será breve. A vacina Qdenga da empresa Takeda Pharma Ltda, composta por quatro diferentes sorotipos do vírus, surge com proposta de uma ampla proteção contra a enfermidade.

Os estudiosos têm feito a parte deles. As autoridades de saúde também. Cada vez mais surgem medicamentos que mudam o desfecho das doenças com um final feliz. Os exemplos são a Covid 19 e a Dengue que aparentemente estarão com os dias contados. A expectativa, mesmo que sendo utópica, é que os estudiosos consigam também fabricar vacinas que modifiquem os comportamentos dos seres humanos. Enquanto isso não acontece, vale acompanhar de camarote as peripécias da maioria que insiste em não mudar as condutas e as“enfiadas de pé na jaca” frutos de suas puerilidades.

 

*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico de Família e Comunidade pela SMS- Sinop/MT. Professor de medicina de pela UFMT campus Sinop. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica. Medico residente de Psiquiatria HMCL - SMS - São Paulo. Titular da cadeira número 35 da Academia Sinopense de Ciências e Letras cujo o patrono e o médico e escritor Moacyr Scliar. Contato: email: juliocasemed@gmail.com

Júlio Casé

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*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico psiquiatra pelo Hospital Municipal do Campo Limpo - SMS - São Paulo- SP. Médico de Família e Comunidade pela SMS- Sinop - MT. Professor de medicina pela UFMT campus Sinop - MT. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica.  Titular da cadeira número 35 da Academia Sinopense de Ciências e Letras cujo o patrono é o médico e escritor Moacyr Scliar. Contato: email: juliocasemed@gmail.com.