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Artigo

Um inclusivo autismo

11 de Abril de 2023 as 10h 47min

Um anjo pergunta à Deus:

- O que é um autista?

E Deus lhe responde:

- É um de vocês que permito descer à Terra! (Lu Lena).

 

O dia 2 de abril é voltado para a Conscientização Sobre o Autismo. Esta data foi estabelecida em 2.007 pela Organização das Nações Unidas (ONU). A data tem por objetivo difundir informações para a população sobre o autismo e assim reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno. Segundo informações publicadas pelo Controle de Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, 1 em cada 36 crianças estadunidenses tem autismo. Em 1960 era 1 para cada 2,5 mil crianças. Atualmente, mesmo com políticas públicas voltadas para o tema, muitas pessoas têm dificuldades de lidar com os comportamentos apresentados pelas pessoas que padecem do Transtorno.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo, realizadas de forma repetitiva (paho.org). Foi descrito pela primeira vez pelo médico Leo Kanner em 1943. No trabalho de Kanner, foram estudados 11 casos de pessoas que apresentavam uma incapacidade de relacionar-se e ele chamou esse problema de “distúrbios autísticos do contato afetivo” (brasilescola.uol.com.br). No começo do século XX, o médico Eugen Breuler, influenciado por Emil Kraepelin publica sua monografia intitulada "Demência precoce” que posteriormente nortearia o estudo dessa “psicose” e seria o patrono do neologismo Esquizofrenia. Em seus escritos, Bleuler utilizou o termo “autismo” pela primeira vez em 1911 para descrever um sintoma de esquizofrenia definido como “desligamento da realidade combinado com a predominância relativa ou absoluta da vida interior” (BLEULER, 2005 apud DURVAL, 2011).

O Autismo é uma doença multi sinais e sintomática, com diferentes níveis de complicações. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5), podem ser apresentados déficits na reciprocidade sócio emocional com dificuldade para estabelecer uma conversa normal ou redução de interesses, emoções e afeto, deficiência em comunicação não verbal, ausência de expressões faciais, dificuldade de manter ou compreender relacionamentos, fazer amigos, padrões restritos e repetitivos de comportamentos, movimentos e falas estereotipadas e reatividade alterada para estímulos sensoriais.

Uma pessoa autista irá requerer um redobrado apoio familiar e multiprofissional, com limitação para as atividades cotidianas. Da parte da família, um importante investimento em tempo com as idas frequentes a profissionais com objetivo de otimizar o tratamento, educação inclusiva. Podem requerer da família, um deslocamento de capital financeiro para poder conceder estrutura capaz de oferecer as condições necessárias para a melhor adaptação social e ambiental do individuo que padece do transtorno.

O Autismo não pode ser banalizado e nem tampouco discriminado. Claro que ao se incluir na sociedade uma pessoa que tenha o TEA, que se reconheçam as limitações porém, não isolando com a preocupação de riscos absurdos. Por outro lado, um indivíduo que receba o diagnóstico de autismo deve obter a possibilidade de ser avaliado por profissionais capacitados, críticos, baseados em ciência e, com critérios muito bem estabelecidos na atualidade, uma vez que o tratamento deverá ser individualizado para cada pessoa.

Todo preconceito deve ser vencido com a abertura de rodas de conversa, quer seja nos bares, escolas, rodas de amigos e ambientes de partilha e encontros em geral, pois mais que negligenciar é, inserir. A propósito, vale a sugestão: mais concessão a uma pessoa autista. A vaga separada no mercado para um autista é uma conquista fruto de lutas incessantes. Deixá-la reservada buscando outras disponíveis próximas caracteriza bom senso. Não satirizar uma mãe que trabalha calma e pacientemente o cuidado para um filho em crise caracteriza respeito. Nos estabelecimentos públicos, onde o ruído e agitação é frenética, pode ser algo tóxico para um autista e propor politicas públicas para a inclusão deste grupo, sinaliza maturidade profissional. Antes de julgar, estudar sobre, pois informação abunda atualmente.

Precisamos de dias melhores com empatia, cordialidade e amabilidade. Seria possível um novo rumo? Seria pedir muito um inclusivo autismo?

 

*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico de Família e Comunidade pela SMS- Sinop/MT. Professor de medicina de pela UFMT campus Sinop. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica. Medico residente de Psiquiatria HMCL - SMS - São Paulo. Titular da cadeira número 35 da Academia Sinopense de Ciências e Letras cujo patrono e o médico e escritor Moacyr Scliar. Contato: Email: juliocasemed@gmail.com

Júlio Casé

Artigo

*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico psiquiatra pelo Hospital Municipal do Campo Limpo - SMS - São Paulo- SP. Médico de Família e Comunidade pela SMS- Sinop - MT. Professor de medicina pela UFMT campus Sinop - MT. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica.  Titular da cadeira número 35 da Academia Sinopense de Ciências e Letras cujo o patrono é o médico e escritor Moacyr Scliar. Contato: email: juliocasemed@gmail.com.