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Artigo

Terras férteis

28 de Julho de 2025 as 13h 44min
Fonte: Luciano Vacari

O Presidente americano Donald Trump está dando uma verdadeira chacoalhada no tabuleiro geopolítico mundial, não é mesmo? Oras, em pouco mais de 6 meses seus feitos são dignos de uma série da netflix, com direito a vários episódios, e quem sabe até temporadas. De largada ameaçou de invasão o vizinho Canadá, fez coro de tomar na mão grande o canal do Panamá, teve uma ideia genial de montar resorts de luxo na faixa de Gaza, chantageou o mundo todo com tarifas nas importações, entre outras pérolas.

Mas entre poucos avanços, e muitos recuos, nas últimas semanas Trump resolveu mirar seus canhões para o Brasil, dá para acreditar? Justo o Brasil, que sempre foi tão ordeiro, gente boa, aquele que nunca arrumou confusão com ninguém. Pois é, entramos na mira dos americanos, ou melhor, do presidente norte americano. E caso ele não recue, a partir de 1º de agosto, produtos brasileiros terão que pagar um pedágio de 50% de taxa, ou seja, inviabilizou totalmente o comércio que já existe a 200 anos.

Mas qual o motivo de toda essa ira?

Alguns dizem que o problema é político, ou seja, que a justiça brasileira vem perseguindo politicamente alguns de seus aliados. Outros dizem que o problema é comercial, que os produtos brasileiros como café, laranja, carne bovina, aço e aviões por exemplo, competem injustamente com os produzidos pelos Estados Unidos. Outra turma já acha que o problema é o tratamento que o Brasil vem dando as bigtechs, as gigantes da tecnologia, como a meta, amazon e apple. Ainda há quem diga que o problema é o Brics, que este alinhamento entre seus membros estaria incomodando o Tio San. Ainda temos o pix, e por último as terras raras.

Afinal, por que os gringos estão tão incomodados? Motivos, segundo eles, são vários.

Mas a grande pergunta é, os motivos são legítimos?

Legítimos ou não, o fato é que de uma maneira ou de outra isso vai mexer profundamente com a economia brasileira. Milhares de empregos serão perdidos, e bilhões de reais passarão de receita para prejuízo. É a hora de negociar.

E fica uma grande lição, que o Brasil não pode mais ser o simpático da mesa. O Brasil precisa estar preparado técnica e politicamente para estes embates, afinal, defender o interesse e a soberania de seu povo é crucial.

E sim, incomodamos muito. Além de terras raras, temos aqui terras férteis, que fizeram do Brasil o maior produtor de alimentos, fibras e energia do planeta, e isso incomoda muito. Somos grandes produtores de petróleo, e o que dizer do nosso etanol?

Talvez, esse seja o motivo de tanta raiva dos americanos, nosso potencial produtivo. Compramos muito da China, e vendemos muito para a China.

Compramos e vendemos muito para a Índia, para a União Europeia, e mesmo assim mantemos ótimas relações diplomáticas com todos.

Chegou a hora de endurecer o discurso e a estratégia, por que vamos continuar produzindo e incomodando cada vez mais. Já tivemos guerra santa, guerra do petróleo, guerra por tomada de território. Alguém aí acha que não vai acontecer uma guerra por conta de comida?

 

*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria.

Luciano Vacari

*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria.