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Artigo

Quem está certo???

20 de Abril de 2020 as 14h 51min

Ano de 1904, na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, o governo do presidente Rodrigues Alves junto com a administração do prefeito do então Distrito Federal local, decidem modernizar a cidade e controlar as epidemias que assolavam o país. Oswaldo Cruz é nomeado Diretor Geral da Saúde Pública e institui a vacinação obrigatória a toda a população brasileira. Muita revolta é gerada. O povo indignado e contrariado inicia uma série de conflitos e manifestações que se estendem por aproximadamente uma semana. Embora a vacinação obrigatória fosse o estopim da revolta, logo os protestos passaram a se dirigir aos serviços públicos em geral e aos representantes do governo, em especial contra as forças repressivas.

No Ano de 1918, era recém terminada a Primeira Guerra Mundial. A apreensão ligeiramente havia dado trégua. Um terrível inimigo teria uma reação avassaladora maior do que a guerra fez com a população mundial. Tratava-se da Gripe Espanhola que matou mais que o dobro da quantidade de pessoas na guerra. Naquele momento, as orientações eram a de evitar os contatos, lavar as mãos e não formar aglomerações. Muitas dúvidas e rebeldias foram assumidas por parte do povo Um dado importante chama a atenção para a época da qual foi a ocultação das informações reais e os dados, levou a população a um estado de tranquilidade que custariam várias vidas a prêmio pela moléstia, inclusive a do próprio presidente recém eleito e que não pôde tomar posse.

As autoridades brasileiras ouviram com descaso as notícias vindas de Portugal sobre os sofrimentos provocados pela pandemia de gripe na Europa. Acreditava-se que o oceano

impediria a chegada do mal ao país. Mas, essa aposta se revelou rapidamente um engano.

O desfecho do vírus foi em fases. Foram três ondas de contaminação do vírus H1N1 ( doze anos depois descoberto e isolado em laboratório) que vitimou muitas pessoas pelo mundo. A segunda foi a mais letal de todas. Estima-se uma mortalidade de aproximadamente 50 milhões de pessoas, incluindo a população brasileira.

Naquele momento, muitas ações foram feitas para conter a transmissibilidade. Evitar aglomerações, lavagem das mãos e o uso de máscaras. Houve alguma rebeldia em não assumir as medidas mas a maioria da população, depois que começou a observar a agressividade viral e as mortes que iam acontecendo, optaram mesmo duvidando, seguir as recomendações.

Toda medida que insinua ou “invada” o direito de liberdade do ser humano, colocando decisões impostas via autoridades-povo, é tomado como repressão por muitos dos que a recebem. Geralmente, a decisões apesar de impostas, são acertadas por ter um fundo de aval científico e,com o passar dos dias conclui-se o benefício delas.

Hoje com a Pandemia de Coronavírus no mundo onde também a população brasileira é afetada em seu território, mais uma vez o tema gera discordância por parte da população e autoridades gerais. Seria a Covid-19 uma armação? Somente tem o poder da afetar pessoas consideradas de risco e, em países onde existe essa maioria absoluta? É uma doença de temperatura fria? É uma doença de pessoas classe média e alta de poder aquisitivo? Afetaria cidades de menor número de habitantes onde distanciamento social é mais fácil ser cumprido? Cuidar da saúde ou da economia? Ao final da Pandemia, haveriam mais falidos que finados ou vice e versa? Muito se especula e se vê. Muitas dúvidas surgem. Poucas respostas. Há pessoas que acreditam que se não se cuidarem, o risco de adoecimento pode ser consequente. Outras afirmam que a Pandemia nada mais é que ações políticas e de mídia com fins auto benéficos.

É certo que até mesmo líderes políticos divergem em suas convicções e, que consequentemente resultam em ações que refletem positiva ou negativamente nas pessoas. Com medidas de isolamento, é possível diminuir a velocidade de contaminação popular porém, necessidades básicas como alimentação, pedem socorro, uma vez que não é possível trabalhar. Por outro lado, líderes que permitiram que a vida em suas jurisdições seguissem normalmente, amargam em suas decisões, arrependendo-se por ver muitos adoecidos e até mesmo mortos por causa da Pandemia.

Enfrenta-se uma grande encruzilhada, com vários possíveis caminhos porém, finais felizes no seu trajeto. Levará algum tempo para chegar a conclusão de quem estará certo ou, no final da pandemia, quem estava certo. A ciência, as autoridades políticas ou o povo. Alguém estava certo e outro possivelmente pagará a conta.

 

*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico de Familia e Comunidade pela SMS- Sinop/MT. Professor de medicina de pela UFMT campus Sinop. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica.

Júlio Casé

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*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico psiquiatra pelo Hospital Municipal do Campo Limpo - SMS - São Paulo- SP. Médico de Família e Comunidade pela SMS- Sinop - MT. Professor de medicina pela UFMT campus Sinop - MT. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica.  Titular da cadeira número 35 da Academia Sinopense de Ciências e Letras cujo o patrono é o médico e escritor Moacyr Scliar. Contato: email: juliocasemed@gmail.com.