Artigo
Qual a medida da sua dor?
11 de Fevereiro de 2023 as 11h 50min
“A dor é uma semente de um pé de fruto chamado corpo.
É uma flecha que crava a certeza de que é para doer.” (Julio Casé)
O mês de fevereiro traz grandes reflexões onde algumas doenças são lembradas. Entre elas, a Fibromialgia, cujo sintoma predominante é a dor. As pessoas que padecem de dor, carregam uma memória traumática catastrófica, a ponto de perderem grandes momentos de suas vidas, como estarem com seus filhos, aproveitar uma tarde de domingo ou ter prazer em trabalhar. Além da dor funcional, associada a Fibromialgia, existem outros tipos de dores que também podem fazer o indivíduo sofrer.
A dor funcional também é um tipo de dor associada ao intestino e geralmente associada a funcionalidade deste órgão. Quando o indivíduo apresenta uma cólica intestinal ou uma dor com uma sensação dolorosa intensa, provavelmente pode estar vivendo um processo de dor funcional.
As dores nociceptivas e as dores inflamatórias, por sua vez, relacionam-se às respostas dolorosas de músculos e nervos voluntários, localizados principalmente nos braços e pernas. São os tipos de dores mais comuns associadas a dores físicas onde é possível citar como exemplo as dores lombares, cervicais, a dores nos joelhos, ombros, bem como artrite,a gota entre outros.
As dores de origem psicogênicas são sensações dolorosas vividas pelo individuo sem uma origem definida. Um detalhe é que podem estar associadas ou mesmo ser confundidas com as dores funcionais. Geralmente podem ser experimentadas mas, não tem uma localização específica. A mente com a suas capacidades, é capaz de gerar essa dor como um possível mecanismo de defesa. Uma dúvida que sempre gerou questionamentos na humanidade há anos é, por que sentimos dor? A explicação é por que temos distribuídos em nosso corpo, os chamados receptores da dor. São estruturas celulares com atividades independentes que acionam as conexões direcionadas ao cérebro fazendo-o assumir o papel de decidir sobre o que causou a dor. Por exemplo: se uma pessoa coloca a mão em uma chapa quente, rapidamente essa informação é coletada pelos receptores de dor que anunciam ao cérebro onde, quase instantaneamente, manda a informação para que seja retirada a mão do fogo. Isso é um grande mecanismo de defesa. Pessoas que não tem esses receptores funcionando, correm o risco de queimar gravemente a mão exposta.
Outro tipo de dor também vivido, adota um caráter filosófico, espiritual e cultural. A chamada dor “sentida”, “do coração” ou mesmo “da alma”. Quem nunca sentiu a dor de ter sido abandonado, de ter recebido a notícia de uma traição e até mesmo a dor de uma pessoa muito amada que partiu deixando saudades? Esta dor não tem tradução fisica mas, quem a sente, consegue descrever a verdadeira intensidade.
As dores ensinam. Por que não? Mostram- se mestras em revelar o verdadeiro sentido da vida para quem as padece. Conseguem fazer até mesmo os mais corajosos dobrarem-se diante de sua percepção algica (de dor). Quando elas se ausentam, também são perceptíveis. É só perguntar para uma pessoa que acabou de perder parte de um membro por que que não teve percepção de dor. As dores causam reflexões. Os analgésicos podem achar que as amenizam. Na verdade não. Apenas as calam, seja momentaneamente ou, definitivamente, porém, a memória álgica eterniza. Que as nossas dores diárias, sejam elas, vividas ou sentidas, possam ser convertidas em aprendizados eternos.
*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico de Família e Comunidade pela SMS- Sinop/MT. Professor de medicina de pela UFMT campus Sinop. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica. Medico residente de Psiquiatria HMCL - SMS - São Paulo. Contato: email: juliocasemed@gmail.com
Júlio Casé
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*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico psiquiatra pelo Hospital Municipal do Campo Limpo - SMS - São Paulo- SP. Médico de Família e Comunidade pela SMS- Sinop - MT. Professor de medicina pela UFMT campus Sinop - MT. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica. Titular da cadeira número 35 da Academia Sinopense de Ciências e Letras cujo o patrono é o médico e escritor Moacyr Scliar. Contato: email: juliocasemed@gmail.com.