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Diagnóstico em jogo
Patologista chama atenção para sintomas sutis de câncer de ovário
08 de Maio de 2025 as 11h 32min
Barriga inchada, sensação de estufamento, perda de apetite e alterações no intestino. Esses sintomas, que podem ser comuns no dia a dia, costumam ser tratados como algo passageiro — mas podem ser os primeiros sinais do câncer de ovário, uma das doenças ginecológicas mais perigosas e silenciosas. O alerta é feito pelo médico patologista, Carlos Aburad, ao comentar o Dia Mundial do Câncer de Ovário, celebrado no dia 8 de maio. A doença atinge principalmente mulheres a partir dos 60 anos. Em 2025, o Brasil deve registrar mais de 7 mil novos casos, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer).
O câncer de ovário é o segundo tipo de câncer ginecológico mais comum entre brasileiras, ficando atrás apenas do câncer do colo do útero. Em cerca de 80% dos casos, o diagnóstico só acontece em estágio avançado e as chances de cura caem, de acordo com o médico. “O câncer de ovário não começa com alarde. Quando a mulher percebe, muitas vezes, o tumor já avançou”, diz Aburad.
A evolução desse tipo de câncer costuma ser silenciosa. No início, os sinais são sutis e facilmente confundidos com problemas digestivos ou hormonais. Os sintomas são: inchaço abdominal persistente, dor na pelve ou no abdômen, sensação de saciedade precoce, alterações intestinais como constipação e diarreia, perda de peso e de apetite sem causa aparente, sangramento vaginal anormal, fadiga e dores nas costas ou nas pernas e alterações urinárias.
“A mulher precisa ser protagonista da própria saúde. Se um sintoma persiste por semanas, é preciso procurar um ginecologista com urgência”, reforça o patologista. Segundo ele, a doença afeta, principalmente, mulheres acima dos 60 anos. Mas há fatores de risco que aumentam a chance de desenvolver o tumor, como: histórico familiar de câncer de ovário, mama ou colorretal (especialmente em parentes de primeiro grau); mutações genéticas hereditárias, menstruação precoce antes dos 12 anos e menopausa tardia após os 52; mulheres que nunca engravidaram; obesidade e sedentarismo, além de reposição hormonal prolongada. Por outro lado, afirma Aburad, o uso prolongado de anticoncepcionais e o tempo de amamentação são fatores associados a menor risco da doença.
Rotina ginecológica
Não existe um exame de rotina capaz de detectar precocemente o câncer de ovário. Por isso, o acompanhamento ginecológico regular, principalmente a partir dos 50 anos, é essencial para detectar o câncer de ovário, de acordo com o patologista.
O tratamento varia conforme o estágio da doença e pode envolver cirurgia e quimioterapia. Aburad explica que quando esse câncer é diagnosticado precocemente, as chances de cura podem ultrapassar 90%.
Segundo o relatório Globocan 2020, o número de diagnósticos deve aumentar 42% até 2040 no mundo. “A principal prevenção ainda é a conscientização. Conhecer os sintomas, os fatores de risco e manter o cuidado ginecológico em dia pode salvar vidas. Silenciar sintomas é abrir espaço para que o câncer avance”, finaliza Aburad.
Carlos Aburad
Opinião
*Carlos Aburad é médico patologista do CPC Aburad Diagnóstico.