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Artigo

O lado bom da inveja profissional

27 de Fevereiro de 2023 as 10h 29min

Esta moça de vez em quando vinha conversar comigo. Trazia uma queixa que se repetia em todas as conversas: “As pessoas que começaram nesta empresa junto comigo já foram promovidas e eu ainda não fui.” Emaranhada nessas palavras está uma emoção muito humana e muito dolorosa: a inveja.

 

Você já sentiu inveja de colegas de trabalho

É difícil admitir a inveja porque ela vem com uma carga cultural negativa, imagens da madrasta invejosa de Branca de Neve, as irmãs invejosas de Cinderela, e assim por diante. Em nossa cultura, sentir inveja é errado. Mas só que todo mundo sente, inclusive no trabalho. E agora?

Em seu artigo sobre o lado bom da inveja para o Harvard Business Review, Nihar Chhaya enfrenta o monstro da inveja de frente. Chhaya recomenda várias estratégias para interromper a agonia da comparação e tirar algo de bom da inveja. Nos meus mais recentes encontros com a inveja profissional, usei duas delas: trocar a comparação pela curiosidade, e aproximar-se – ao invés de afastar-se – das pessoas que você inveja.

 

Decidi que a inveja é uma porta para o auto-conhecimento

Com curiosidade, fui buscar ouvir as mensagens que a inveja estava me trazendo. Por que estou sentindo inveja? O que essa pessoa conseguiu profissionalmente que eu também gostaria de conseguir? Como ela conseguiu isso? Posso aprender com ela? Para aguentar essa difícil reflexão, precisei também de humildade e coragem para olhar para as minhas próprias emoções. A humildade foi para reconhecer que pode haver algo em meu comportamento que possa estar funcionando como um empecilho aos meus objetivos profissionais. A coragem foi para não criar desculpas esfarrapadas ou culpar os outros pelas minhas insatisfações.

 

Depois de ouvir, abraçar

Descobri que a essência da inveja é a admiração. E que se eu admiro alguém, quero estar perto dessa pessoa, celebrar seu sucesso com sinceridade, aprender com ela, permitir que ela seja uma inspiração para mim. A aproximação ajuda a combater a inveja de muitas formas. Ao conhecer melhor uma pessoa, a gente dissipa algumas das fantasias que tínhamos a respeito dela e começamos a enxergar mais claramente a sua humanidade, o que traz à tona a nossa empatia.

 

Liberte-se da inveja

Na filosofia budista, que me encanta, a inveja é uma emoção humana normal, mas é também um estado aflitivo, ligado à competição e à comparação, e exacerbado com a adição do desprezo. Não se iluda. A inveja pode lhe ser nociva. Em seu lindíssimo livro Emotional Awareness (Sabedoria Emocional), o Dalai Lama e Paul Ekman, pesquisador da Universidade de Stanford, conversam sobre a importância de fortalecer as emoções positivas para diminuir as distrações e distorções causadas pela raiva, inveja, etc. Estas emoções atrapalham a qualidade das nossas interpretações da realidade e das nossas decisões. Já pensou como isso pode afetar sua saúde mental e sua carreira? O antídoto para a inveja é o reconhecimento do êxito da pessoa que invejamos e as suas virtudes, e a alegria pelo que ela está alcançando e pelo bem que está fazendo.

 

O método do pavão

Fechando com um pensamento inspirador. Na arte e iconografia budista, a habilidade que tem o pavão de consumir plantas venenosas e transformar o veneno em penas das cores mais exuberantes, simboliza a transformação das emoções negativas tais como a raiva, a inveja e a ignorância em emoções positivas tais como a compaixão e a sabedoria. Ao ouvir e digerir a nossa inveja, podemos criar um arco-íris de autoconhecimento e crescimento profissional e espiritual.

Quer aprender mais sobre emoções? Recomendo os livros de Brené Brown, começando por A Coragem de Ser Você Mesmo, e Atlas of the Heart (ainda sem tradução para o Português).

Sucesso e muitas cores lindas para você!

 

*Beatriz Coningham é doutora em Desenvolvimento de Recursos Humanos pela George Washington University em Washington, D.C., e presidente da empresa de consultoria HabilisGlobal.

Beatriz Coningham

Liderança e carreira

*Beatriz Coningham é doutora em Desenvolvimento de Recursos Humanos pela George Washington University em Washington, D.C., e presidente da empresa de consultoria Habilis Global.