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Artigo

O fura trato

07 de Junho de 2022 as 18h 13min

As coisas costumam ter regra para não virar bagunça. Na Câmara de Sinop, tem uma regra sobre a ordem de fala no pequeno e grande expediente. Cada vereador deve fazer a sua inscrição, em livro próprio, e a ordem dos inscritos dita o uso da tribuna.

Mas a atual legislatura fez um “acordo de cavalheiros” para evitar o acotovelamento e garantir um revezamento. Isso porque, para os estrategistas desse xadrez verbal, o trunfo é falar por último, pois o vereador teria a vantagem de repisar os discursos que o antecederam e não teria oportunidade de ser questionado pelos seus pares. É como ter a última palavra numa discussão.

Nesse “acordo de cavalheiros”, um sorteio foi feito, definindo uma ordem dos vereadores a usar a tribuna. A cada sessão, a fila anda um passo. O vereador que falou primeiro na sessão de hoje será o último a usar a tribuna na sessão seguinte. E assim por diante. Dessa forma, depois de 15 sessões, todos os vereadores puderam falar pelo menos uma vez por último. Claro, isso se a ordem fosse respeitada.

O ditado diz que “o combinado não sai caro”, mas o presidente da Câmara de Sinop, Élbio Volkweis não tá nem ai para o troco. Na sessão de ontem, segunda-feira (6), em mais uma atitude autoritária, Élbio mudou a ordem das falas no pequeno expediente porque sim. O presidente nem se explicou. Furou o trato e pronto.

No tal “acordo de cavalheiros”, Élbio seria o 13º vereador a falar. Na sequencia viria Adenilson Rocha e Ademir Bortoli fecharia o expediente. Quando chegou sua hora, Élbio pulou a vez. Então, depois que Bortoli discursou, o presidente passou a tribuna para si mesmo, discursou, voltou para cadeira mais alta da Câmara e encerrou o pequeno expediente. Tudo isso com aquela cara de brabo, para impor respeito.

Élbio não violou nenhuma lei, já que o regimento diz que a ordem deve ser a do livro. Élbio só não cumpriu o acordo de cavalheiros – do qual se presume necessário ser cavalheiro para honrar. Nesses casos, quem poderia intervir para garantir o combinado entre os colegas do legislativo é o presidente. Mas Élbio parece não ter achado necessário intervir para corrigir a sua própria falha de postura. Talvez seja costume.

Foi furando com o combinado que Élbio se tornou presidente. Quando se discutia a eleição da mesa diretora, Élbio estava no grupo que fez um “acordo de cavalheiros” para eleger Dilmair Callegaro como presidente. Cumpriu tanto com o combinado, que pegou o PSDB com a calça na mão no dia da eleição.

Faltando pouco mais de 6 meses para a presidência de Élbio terminar, o PSDB disse que não se ilude mais. Por conta da furada na fila do discurso, o partido vai pedir para que o uso do pequeno expediente volte a ser como manda o regimento: no caderninho. Será o fim do só do “acordo de cavalheiros” – porque o cavalheirismo já acabou faz tempo.

O orgulho é ser bruto, rústico e sistemático.

Jamerson Miléski

O Observador