Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Bom dia, Quarta Feira 30 de Abril de 2025

Menu

Artigo

Marcas do que se foi

27 de Dezembro de 2023 as 14h 37min

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena. (Fernando Pessoa)

 

Todos os anos, com a chegada do novo ano, as reflexões são persistentes e desmotivantes. O passado ronda a mente mostrando-se traidor e faz questão de apresentar o que ficou para trás, trazendo um sentimento de culpa sobre o que não foi bem sucedido. Os objetivos não alcançados geram um desconforto sem medidas e os sonhos não realizados são estimulados a serem descartados.

          Entre as marcas do que se foi está a saúde da qual não se deu o devido cuidado. O colesterol que alterou, a glicemia que está beirando o Diabetes. O fígado e o pâncreas falam todos os dias que não vão dar conta da missão. A pressão vem se alterando a cada dia e, as articulações se comunicam com os músculos dizendo que a “graxa” acabou.   Faz tempo que a rigidez clama sem parar por mudanças. O velho corpo já não é o mesmo flexível e sarado  de antigamente.  Na proposta, tinha um plano  de treinos com  prazo para início  há doze meses atrás. Infelizmente não deu certo. 

A pergunta soa na mente como um sinete. Por que os planos não deram  certo? Em casa, na porta da geladeira, contas que ao final não foram quitadas, perambulam pelos dias sendo vencidos e tratam de serem lembradas pelos respectivos cobradores. A ideia de investir para acumular foi vencida pelo consumismo de coisas que nem se soube a verdadeira necessidade de compra. Muitos objetos hoje, são cacarecos esquecidos nas estantes e no quarto de bugigangas.

Afinal, por que não chorar pelas marcas do que se foi? Confesso que depois de muitos anos refletindo  sobre o assunto  ainda trato  de aprender a não  sofrer por elas. Certa vez, ouvindo uma palestra, aprendi  o seguinte ditado: “leite derramado não volta para a chaleira”.  O fato é que esta expressão  tem  tanto  sentido que, de fato, não seremos os mesmos encontrados há doze meses atrás.  Nem em número de células, tampouco em ideias ou ideais antigos. Mesmo tarefas não feitas, serão renovadas e revistas para ver se realmente valem  a pena serem  realizadas.  Doze meses é um fragmento de história de um pouco de tempo que se pode construir, porém, que passa tão rápido, que em  um  estalar de dedos vem  mais uma vez, vem um outro final de ano e mais cicatrizes de marcas do que se foi e não voltará, a não  ser em memórias. Não  valem  o cansaço  ruminante.

Ouse sonhar dentro das possibilidades dos “sonhos que vamos ter” e, muitos virão. Nem que seja para apostar novamente. Claro que com metas e planejamentos. É a oportunidade de perdoar e perdoar-se. Construir e por que não, reconstruir-se. Refazer-se a partir de um objetivo que deve  ser exteriorizado da mente. Hoje, existem  uma série de ferramentas para anotar as metas e projetos para não  serem  esquecidos.  Sejam como blocos de notas em papéis, lousas físicas e digitais, anotações virtuais em celulares e computadores e, até mesmo pedaços de madeiras para serem esculpidos à moda antiga. Valem a criatividade. Tudo para não se esquecer. Deixar tudo escrito e visível  para que as propostas sejam  solucionadas à medida em que forem  sendo realizadas.  

Se desejares ser,  é preciso ter porém,  ousar fazer. Buscar com as forças renovadas mesmo  que a renovação  não  chegue. Um ano acaba e começa o outro.  É um marco  de misticismo que se intensifica de acordo com  quem o vê. Eis a grande proposta. Uma nova chance de recomeçar. Sem arrependimentos ou  ruminações.

Ao final, se mesmo assim ficarem pendências para o próximo ano,  reflita se tudo  valeu  a pena e então reanime-se e, mais uma vez, desafie-se.

A você e os seus. Feliz Ano novo com “sonhos que vamos ter!”

Júlio Casé

Artigo

*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico psiquiatra pelo Hospital Municipal do Campo Limpo - SMS - São Paulo- SP. Médico de Família e Comunidade pela SMS- Sinop - MT. Professor de medicina pela UFMT campus Sinop - MT. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica.  Titular da cadeira número 35 da Academia Sinopense de Ciências e Letras cujo o patrono é o médico e escritor Moacyr Scliar. Contato: email: juliocasemed@gmail.com.