Artigo
Juros
Se os juros forem a favor, eles serão bem-vindos!
27 de Outubro de 2025 as 10h 08min
Fonte: Francisney Liberato
O que são juros? Tanto se fala sobre esse assunto, mas o que realmente ele representa em nossa vida na prática? Independentemente de permitirmos, ou não, a presença dos juros na nossa vida é uma realidade incontestável.
Juros significam o rendimento que se obtém quando se empresta dinheiro por um determinado período. Os juros são para o credor (Pessoa Física, instituição financeira, Pessoa Jurídica, isto é, aquele que tem algo a receber) uma compensação pelo tempo que ficará sem utilizar o dinheiro emprestado, o qual o devedor (aquele que deve, que também pode ser Pessoa Jurídica ou Pessoa Física), tem a obrigação de pagar em data acordada.
Juros ou taxa de juros são o preço do “aluguel” do dinheiro por um determinado prazo, conforme pactuado entre as partes. É o percentual calculado pela divisão dos juros que foram contratados pelo capital emprestado/poupado.
A taxa de juros pode ser calculada ao dia, ao mês, ao ano e assim sucessivamente. O mais comum é encontrar a porcentagem em ano. Se você tem a taxa mensal, por exemplo, de 5%, para saber em ano, basta multiplicar por 12 meses; então, teremos o percentual de 60% ao ano. O inverso também é verdadeiro: se a taxa anual é de 24%, para se saber ao mês, basta dividir por 12, que resulta em 2% ao mês.
Pode surgir ainda a seguinte dúvida: os juros são simples ou compostos? Vamos explicar. Juros simples se configuram em uma taxa previamente definida e que incide somente sobre o valor inicial (capital inicial). Por exemplo: se você emprestar R$ 1.000,00 com uma taxa de 5% ao mês, num tempo de dois meses, com base nos juros simples, tem-se a seguinte situação: a taxa incidirá sobre o valor de R$ 1.000, ao final desse período, o valor total a ser recebido será de R$ 1.100,00, com um total de juros de R$ 100,00. Detalhando um pouco mais o cálculo, temos: 1.000 x 5% = 50,00 para o primeiro mês; no segundo mês o cálculo é o mesmo: 1.000 x 5% = 50,00; total de juros R$ 100,00 (R$ 50,00 + R$ 50,00).
Já os juros compostos são uma prática de “juros sobre juros”. Você pode encontrá-lo com frequência no sistema financeiro, em quase todos os negócios, pois apresentam uma rentabilidade maior ao se comparar com os juros simples.
Exemplo: se você emprestar R$ 1.000,00 para um amigo para lhe pagar em dois meses, e combinar juros de 5% ao mês, no final dessa data, o seu amigo devolverá o valor total de R$ 1.102,50. Em síntese: no cálculo envolve-se o capital x tempo x juros. Detalhando um pouco mais o cálculo, tem-se: 1.000 x 5% = 50,00 para o primeiro mês; no segundo mês o cálculo já vem com o acréscimo do valor do primeiro mês 1.050 x 5% = 52,50; total de juros R$ 102,50 (R$ 50,00 + R$ 52,50).
Se você for investir o capital no Tesouro Direto ou em cotas de fundos de investimento, por exemplo, os juros se multiplicam de acordo com o volume de recursos que é acumulado na conta do investidor, ou seja, os juros compostos são ótimos se você for o credor.
Porém, a mesma lógica acontece com as faturas de cartão de crédito que não são pagas em dia. A cada mês sem pagar, os juros incidem sobre o montante (dívida + juros) e não somente sobre o valor (capital) inicial, isto é, a dívida vira uma “bola de neve”. Se você for o devedor nessa situação, saiba que estará bem encrencado.
A diferença básica se encontra na base de cálculo da taxa. Enquanto no caso dos juros simples eles são cobrados sobre o valor inicial (juros de R$ 100,00), nos compostos a taxa incide sobre o valor acumulado (montante, que é o capital + juros), que no nosso exemplo resultou em R$ 102,50 de juros. Em suma: R$ 2,50 a mais do que no sistema de juros simples.
O dinheiro nunca fica parado! Trata-se de uma verdade, por isso que quando se empresta, aplica ou faz outro tipo de operação financeira, saiba que haverá aumento do valor do capital, uma vez que nele incidirão juros.
Já que estamos tratando de juros, vamos calibrar o foco para os juros em relação aos investimentos, ou seja, os juros que alimentam a sua renda passiva.
A Selic é a taxa básica de juros da economia no Brasil. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. A taxa Selic de 23/5/2022 foi de 12,75% (juros).
Regra geral para economia: os juros altos não são bons, em razão de tudo ficar mais caro, como fazer um empréstimo, comprar um veículo e uma casa financiada etc. Para o governo, o custo do capital aumenta e esse valor ele terá que pagar para os seus investidores. Para as empresas, também não é bom, já que aumenta o custo de oportunidade, os empréstimos e financiamentos para injetar na empresa ficam mais caros, com isso as empresas deixam de investir, comprar e contratar funcionários. Para os investidores, até certo ponto é bom, pois a sua rentabilidade será maior, só que o dinheiro fica paralisado, pois o consumo diminui e recua a inflação. Ainda, já que haverá economia das despesas, somada a uma rentabilidade maior dos títulos, fica mais fácil chegarmos aos nossos objetivos materiais.
Porém, os juros devem ser avaliados juntamente com a taxa de inflação, pois se a taxa de juros é alta e, ao mesmo tempo, o percentual da inflação também, consequentemente, o valor do rendimento do capital será corroído pela inflação. Exemplo: se a taxa de juros é de 12,75% e a inflação de 2021 do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) foi de 10,06%, em linhas gerais, a valorização efetiva do capital foi positiva em 2,69%.
O IPCA é o termômetro oficial da inflação no Brasil. Esse índice é elaborado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É preciso acompanhar e entender esse índice de inflação, sobretudo para o grande investidor.
Com os juros mais altos, o indivíduo deixa de comprar e investir seus recursos para obter maior rentabilidade. O investidor deve gerenciar os seus recursos considerando a sua utilização em curto, médio e longo prazo. Vale mais detalhes: se os recursos são para utilização a curto prazo, é indispensável que a aplicação seja com baixo risco e maior liquidez. E ainda, como meta, devemos nos organizar para ter uma sobra ou percentual mensal do nosso salário para ser investido.
Enfim, que possamos ter faro para buscar novos conhecimentos, principalmente para saber lidar melhor com o universo dos investimentos. É possível ter bom retorno? Claro que sim, desde que seja com conhecimento, tempo e sabedoria, para que seja de forma assertiva, com juros e considerando a inflação que te satisfaça.
*Francisney Liberato é Auditor do Tribunal de Contas de Mato Grosso. Escritor. Palestrante e Professor há mais de 25 anos. Coach e Mentor. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa. Graduado em Administração, Ciências Contábeis (CRC-MT), Direito (OAB-MT) e Economia. Membro da Academia Mundial de Letras. https://francisneyliberato.my.canva.site/.
Francisney Liberato
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*Francisney Liberato é Auditor do Tribunal de Contas. Escritor, Palestrante, Professor, Coach e Mentor. Mestre em Educação pela University of Florida. Doutor em Filosofia Universal Ph.I. Honoris Causa. Bacharel em Administração, Bacharel em Ciências Contábeis (CRC-MT) e Bacharel em Direito (OAB-MT). Vice-presidente da Associação Brasileira dos Profissionais da Contabilidade – ABRAPCON. Membro da Academia Mundial de Letras. francisney@hotmail.com