Artigo
Dorner não deu brecha
16 de Fevereiro de 2024 as 15h 49min
Fonte: Jamerson Miléski
O prefeito de Sinop, Roberto Dorner, poderia estar preparando as malas para uma semana em Miami, nos Estados Unidos, mas decidiu ficar no sol de Mato Grosso. O gestor participaria da 26ª Conferência Interamericana de Prefeitos e Autoridades Locais, junto com uma comitiva de lideranças locais. Mas acabou desistindo.
Durante a semana Dorner chegou a chamar uma sessão extraordinária da Câmara de vereadores para aprovar a sua licença. Faz parte da norma quando um prefeito deixa o território brasileiro. A sessão foi realizada e o legislativo aprovou a licença entre 17 e 25 de fevereiro.
Mas na tarde de ontem, quinta-feira (15), a assessoria de comunicação informou que Dorner não viajaria e em seu lugar o secretário de Desenvolvimento Econômico, Klayton Gonçalvez, representaria a cidade. O que fez o prefeito recuar não foi o medo do inglês, mas do italiano.
Assim que a Câmara aprovou a licença, o vice-prefeito, Dalton Martini, já apareceu fazendo reunião com os profissionais da educação que pedem a homologação de um concurso realizado em 2020 – que já virou, até, assunto do poder judiciário.
Dorner não fez nenhum comentário relacionando a causa com a consequência. O fato é que, ao longo dessa sexta-feira, aliados políticos que defendem o projeto de reeleição do prefeito comemoraram o ‘Noshow’. Dalton, que foi seu aliado político no último pleito, há mais de dois anos se posiciona como adversário político da gestão. A “Missão Miami” daria a cadeira de prefeito para quem pretende tirá-la de Dorner. Quem está com o homem do chapéu comemorou o Fico.
Por fim, resta a efemeridade das promessas de amor feitas em período eleitoral. Em 2020, Dorner e Dalton passeavam dentro de uma camionete pelas ruas da cidade discutindo o que fariam juntos por Sinop. Era uma época que se falava em mandato compartilhado, em um mandato único sem reeleição, no estilo eu governo agora e depois você dá sequência.
Hoje, 4 anos depois, ao invés de “uma dupla de prefeitos”, a realidade nos brinda com um prefeito que não pode se ausentar porque não tem um vice em quem confia para assumir.
E o Dalton?
O vice não pode aproveitar sua semana de rei, mas não perdeu o recuo. Ainda na sexta-feira disparou uma nota para os veículos de comunicação falando sobre o cancelamento repentino da viagem. “Estou sempre pronto para trabalhar em prol da população do nosso município”, diz ele na nota.
Dalton disse que nesse curto intervalo entre a aprovação da Câmara (na quarta) e a desistência de Dorner (na quinta), foi procurado por alguns setores da sociedade para “solucionar demandas”. O concurso da educação estava na lista. Outro assunto singular foi o pagamento dos profissionais da saúde do ISSRV, instituto que fazia a gestão terceirizadas nas unidades antes de ser trocado por Dorner, ainda em maio de 2022.
O resto foram demanda genéricas, relacionadas a creches, segurança pública e trânsito. Terminou dizendo que tem vontade de ser prefeito de Sinop e evocando um bordão muito sonoro entre o eleitorado local.
Dalton desistiu em 2020 para compor. Não foi a primeira vez em sua longa carreira política na cidade. Agora, está dentro de um partido que já não o vê como única opção para disputar a cadeira de prefeito. Talvez, em 2024, Dalton sequer tenha a opção de desistir.
Jamerson Miléski
O Observador